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TRABALHO E COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES AO CONCEITO DIALECTIVO DA COMPETÊNCIA

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Por:   •  1/6/2014  •  Tese  •  7.277 Palavras (30 Páginas)  •  422 Visualizações

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Educação & Sociedade, ano XXIII, no 79, Agosto/2002 189

TRABALHO E COMUNICAÇÃO:

REFLEXÕES SOBRE UM CONCEITO

DIALÉTICO DE COMPETÊNCIA

WERNER MARKERT*

RESUMO: A discussão atual sobre o conceito de competência demonstra

ainda uma grande inconsistência sobre seus fundamentos teóricometodológicos.

Para evitar que o conceito fosse unicamente uma contribuição

tecnicista, que segue uma moda atual e tencione somente a conformação

da subjetividade dos trabalhadores à nova ideologia progressista

do capital, pretendemos desenvolver um conceito integral de competências,

que reflete as relações complexas entre o mundo do trabalho e o

mundo da vida, e se refere à discussão sobre o conceito de trabalho nas

visões teóricas de Antunes, Marx e Habermas e estudos empíricos de

Baethge, Rojas, Tanguy e Zarifian. O objetivo é mostrar, que nas perspectivas

universais de trabalho e de comunicação identificam-se com as raízes

do desenvolvimento universal da produção e da competência do sujeito.

Palavras-chave: Trabalho. Comunicação. Competência. Educação profissional.

WORK AND COMMUNICATION:

REFLECTIONS ON A DIALECTICAL CONCEPT OF COMPETENCE

ABSTRACT: The current discussion about the new concept of

competence demonstrates a great theoretical and methodological

incoherence. To avoid limiting this concept to a technical vision that

follows a fashion and only studies how the workers’ subjectivity conforms

to the new, progressive ideology of capital, we intend to develop an

integral concept of competence that reflects the complex relationships

between the universes of work and life. We thus refer both to the

discussion of the concept of work according to both Antunes, Marx

and Habermas’ theoretical standpoints and the empirical studies of

Baethge, Rojas, Tanguy and Zarifian. Our intention is to show that, in

the universal perspective of work and communication, they are linked

* Professor visitante do Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). E-mail: wmarkert@hotmail.com

190 Educação & Sociedade, ano XXIII, no 79, Agosto/2002

to the roots of universal development of production and of the subject

competence.

Key words: Work. Communication. Competence. Professional

education.

Introdução

discussão internacional sobre o conceito de competência surgiu

junto às mudanças do paradigma de produção nos anos oitenta.

Na França,1 p. ex., teve suas origens em um discurso empresarial

e foi ampliada, criticada, concretizada por economistas e sociólogos:

É uma noção bastante imprecisa e decorreu da necessidade de avaliar e classificar

novos conhecimentos e novas habilidades geradas a partir das novas exigências

de situações concretas de trabalho, associada, portanto, aos novos modelos

de produção e gerenciamento, e substitutiva da noção de qualificação ancorada

nos postos de trabalho e das classificações profissionais que lhes eram correspondentes.

(Hirata, 1994, p. 132)

As “competências” de um profissional são representadas no “poder

estruturante” que ele pode assumir no processo participativo das mudanças

nas organizações:

Se a noção de competência tem uma longa história nos diferentes registros da

língua, ela está há alguns anos muitas vezes associada à noção de “organização

do trabalho qualificante” (...). É esse uso que iremos privilegiar aqui para

submetê-lo à análise. (Tanguy, 1997, p. 168)

Pretendo, a partir deste entendimento, refletir sobre as mudanças

no mundo do trabalho, que fortaleceram, na discussão sociológica internacional,

a substituição das análises sobre qualificações em favor de um

novo conceito de competência (Manfredi, 1998).

As duas perspectivas admitem que os processos sociais de modernização

geram uma mudança de paradigma, ou até mesmo uma ampliação

do conhecimento no trabalho, que teve seu reflexo na sociedade “taylorizada“

com sua rígida divisão do planejamento e da execução do trabalho.

Assim, devemos substituir o conceito tradicional de conhecimentos e de

saberes pela visão de competência, que não deverá ter somente uma

conotação funcionalista em relação às mudanças sociais e laborais, mas,

por ser “essencialmente política”, orientar-se-á pela capacidade subjetiva

de poder intervir e transformar estruturas tradicionais no trabalho e na

vida social (Machado, 1998).

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