A Definição De Beleza Em Hegel
Dissertações: A Definição De Beleza Em Hegel. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: lucasilana • 24/10/2013 • 1.620 Palavras (7 Páginas) • 437 Visualizações
Para Hegel existe uma diferenciação fundamental entre o belo artístico e o belo natural. O belo da arte está diretamente relacionado com a pureza do espírito enquanto que o belo natural encontra-se diretamente submisso a realidade da natureza.
Nesta perspectiva o "belo artístico exclui o belo natural" uma vez que para o espírito é preciso desenvolver as suas potencialidades, enquanto que a natureza já possui todas as condições determinadas e suas leis são duras.
Assim, Hegel contraria a opinião corrente que considera "a beleza criada pela arte seria inferior a da natureza" sendo portanto contrario também a proximidade da beleza artística em relação a natureza, imitar não é a maiorvirtude de beleza artística.
Deste modo, "julgamos nós poder afirmar que o belo artístico é superior ao belo natural por ser um produto do espírito, que superior á natureza comunica esta superioridade aos seus produtos, e, por conseguinte, à arte" sendo superior ao belo natural o belo artístico.
Desta maneira a criação mais bela emanado espírito porque é nele que as coisas são puros objetos, realidade perfeitas e potencialmente organizadas sem condicionamento prévio ou limitação de beleza.
Na Antiguidade, o belo é tratado por Platão, Aristóteles e Plotino. O Hípias Maior é o diálogo que mais demoradamente se ocupa da definição do belo em si (auto to kalon), um traço que seja comum a todos os objetos supostamente belos. No Simpósio e no Fedro, o problema do belo concorre com o do amor. O Simpósio é em grande parte a procura de uma solução para a questão: "Eros é o amor do belo?"(204d).
O amor é sempre um delírio (mania) que nos conduz à visão do belo sensível ("Somente a Beleza tem a ventura de ser mais perceptível e cativante!", Fedro, 250d). Neste diálogo, Sócrates pergunta a Agatão: "Não achas que o belo é simultaneamente bom?" (201c).
O diálogo não chega a ser conclusivo. Aristóteles, na Metafísica, chama já a atenção para a diferença entre o belo e o bem: o bem implica sempre ação e o belo pode ser encontrado nas coisas imóveis. Aristóteles considera depois três formas superiores do belo: a ordem, a simetria e o limite, formas que a matemática demonstra especialmente.
Como a simetria diga respeito fundamentalmente às artes plásticas, Aristóteles não a menciona na Retórica, onde volta ao assunto. A ordem encontra-se na estrutura formal da tragédia; a limitação diz respeito à extensão da tragédia. Estes princípios filosóficos são aplicados à literatura na Poética: "o belo consiste na grandeza e na ordem, e, portanto, um organismo vivente pequeníssimo não poderia ser belo (&); e também não seria belo, grandíssimo." (1450b). Não se encontra em Aristóteles, contudo, uma especulação sistemática sobre o belo.
Em as Enéadas, Plotino também discorre brevemente sobre o assunto, pondo em causa a idéia de que o belo possa ser medido pela grandeza e pela ordem. Plotino segue ainda Platão e conclui que tais critérios apenas servem a beleza física, ignorando a beleza moral.
O conceito de belo entra na crítica da obra de arte de parceria com as noções de gosto, de equilíbrio, de harmonia, de perfeição - efeitos que se produzem no sujeito apreciador. Parece ser condição necessária ao despontar do sentimento do belo a sensação de prazer e/ou de simpatia. As duas principais conceituações clássicas do belo apresentam-no como "o que é agradável à vista e ao ouvido" (Platão, Hípias Maior, e S. Tomás de Aquino).
Hípias propôs a Sócrates que o belo fosse o útil. Mas sabemos que são coisas distintas, porque as coisas úteis não são necessariamente belas e vice versa. O útil está circunscrito a uma situação particular e relativa; o belo é independente de qualquer condição. O belo julga-se por si mesmo, ao passo que o útil deseja-se em função de um propósito. Como observou Kant, o belo "agrada sem conceito", porém só podemos dizer de algo que é útil quando o sujeitamos à experiência ou à ponderação.
O sublime não é apenas o belo elevado ao seu mais alto grau. Da mesma forma, por analogia, o bonito não é simplesmente o belo reduzido à sua expressão mais comum. O sublime exige a condição de ilimitado: é sublime o que se nos escapa no juízo imediato do belo. O sublime é aquilo que a imaginação não consegue deter; o belo é detível pela imaginação e encontra-se num objecto finito. O bonito (e todas as variantes de menoridade do belo como o gracioso, o lindo, o encantador) é o belo sem grandeza de espécie limitada.
A avaliação de um objeto em termos de sublime, belo ou bonito é a mais subjetiva das atividades judicativas do homem. Trazida tal avaliação para a literatura, não se aceita hoje que tais atributos possam ser determinados objetivamente para a leitura crítica do texto literário. A crítica impressionista que dominou o século XIX pode reclamar o contrário, mas todas as correntes críticas do século XX tendem a não considerar os juízos meramente subjetivas como aceitáveis na apreciação das obras de arte literária.
Não é possível dissociar o belo do seu antónimo: o feio. O adágio "Quem o feio ama bonito lhe parece." mostra que os juízos sobre o belo e o feio são potencialmente arbitrários. Se um objeto é considerado feio é porque não possui aquilo que se julga ser belo, mas como tal consideração é sempre subjetiva, o que é feio para uns pode ser até sublime para outros e vice versa. Nem o cômico pode servir de meio de apuramento do belo e do feio, porque tanto podemos rir de uma coisa bela como de uma feia, embora seja esta última, quando associada sobretudo ao ridículo, que provoca mais vezes o riso.
O belo só faz sentido para o homem, por isso tem que ser uma categoria que está presente no Ser do homem.
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