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A Introdução à Filosofia Espírita

Por:   •  16/6/2024  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.351 Palavras (10 Páginas)  •  58 Visualizações

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Curso: IEEF – 1º ano 5ª (quinta-feira) – 9h (2024)

O Espiritismo e os Filósofos (2024)

Aluna: Ana Carolina Lima Braga

Questionário: 1ª Aula  - Introdução à Filosofia Espírita

  1. O que desperta no homem o gosto pela filosofia?

        Na filosofia tradicional e acadêmica, o interesse humano pela filosofia pode ser fundamentado em uma variedade de motivadores intrínsecos e extrínsecos. Em primeiro lugar, a filosofia é frequentemente percebida como um campo do conhecimento que busca responder às perguntas fundamentais sobre a natureza da realidade, a existência humana, a moralidade, a epistemologia, etc. Essa busca por compreensão e significado pode ser intrinsecamente estimulante para indivíduos que demonstram curiosidade intelectual e um desejo de explorar questões metafísicas e éticas.

        Além disso, a tradição acadêmica da filosofia, com suas raízes históricas profundas e seu papel central na construção do pensamento ocidental, muitas vezes influencia a apreciação pela disciplina. O estudo da filosofia é considerado essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico, da argumentação lógica e da análise conceitual, habilidades valorizadas não apenas no âmbito acadêmico, mas também em diversas áreas profissionais.

        A figura de Pitágoras, um dos grandes pensadores da antiguidade, apresentou ao mundo uma das definições mais clássicas de filosofia, afirmando que a filosofia é o amor pela sabedoria. Segundo Pitágoras: “A sabedoria pertence aos Deuses, mas os homens podem desejá-la, tornando-se filósofos”. Ou seja, o que movimenta o filósofo é o desejo de observar, julgar, contemplar e avaliar pelo desejo de saber. Essa visão ressalta não apenas a importância do conhecimento em si, mas também a atitude de humildade intelectual e o anseio pela busca contínua de compreensão.

        Em suma, o gosto pela filosofia na tradição acadêmica é frequentemente motivado pela busca de conhecimento profundo, pelo estímulo intelectual e pela valorização do pensamento crítico e analítico, fundamentos que ressoam tanto nas origens clássicas da filosofia quanto nas práticas contemporâneas de investigação filosófica.

        Para a Filosofia Espírita, o interesse do homem pela filosofia é despertado principalmente pela busca do conhecimento e pela compreensão mais profunda dos aspectos metafísicos, éticos e morais das interexistências[1]. A partir da perspectiva espírita, a filosofia é um meio de reflexão e questionamento que auxilia no desenvolvimento espiritual e na compreensão do mundo e do ser humano, possibilitando uma visão mais ampla e elevada da realidade. Além disso, o estudo da filosofia pode contribuir para a evolução moral e intelectual do indivíduo, estimulando-o a refletir sobre questões fundamentais da vida e a buscar um maior entendimento sobre si mesmo e o universo que o cerca.

        Na ótica espírita, a busca pela filosofia e pela sabedoria é considerada inerente à essência espiritual e inteligente, isto é, ao espírito, à essência universal criado por Deus. Segundo esta visão, Deus, ao criar o espírito, dotou-o de atributos que incluem o desejo de buscar a sabedoria ao longo de sua jornada evolutiva. Desta forma, o espírito, como a essência inteligente da criação, progressivamente desenvolve suas potencialidades ao longo de múltiplas existências, buscando se aproximar das verdades universais. Portanto, o exercício filosófico de buscar a verdade é algo intrínseco ao espírito interexistencial, que se encontra em sua essência desde o momento de sua criação e que, ao longo de seu processo evolutivo, transforma o potencial de busca da verdade em ação, desenvolvendo todas as suas capacidades.

        Assim, a prática filosófica de buscar a verdade é essencial para o desenvolvimento espiritual e intelectual do ser humano, permitindo uma compreensão mais elevada da realidade e auxiliando na evolução moral e intelectual, em consonância com a essência do próprio espírito. Além disso, o fazer filosófico, a busca pelas verdades universais, está sempre a serviço do grande objetivo do ser espiritual, ou seja, do espírito, que é atingir sua evolução máxima em busca da felicidade moral. Como destaca o filósofo José Herculano Pires, a Filosofia Espírita em seu êxtase existencial,

[...] ilumina os problemas obscuros do Existencialismo. A facticidade misteriosa se explica pelo fazer anterior do Ser, através do desenvolvimento do princípio inteligente e sua projeção na existência como ser humano. Atravessando a existência, como um projétil (o projeto existencial) o homem completa na morte não o seu próprio Ser, mas o ser do corpo que chegou aos limites de suas possibilidades, nem a sua  própria essência, mas apenas a essência de uma existência, através da vivência das experiências necessárias ao seu atualizar progressivo. (PIRES, José Herculano. Introdução à Filosofia Espírita. 1. ed. São Paulo: Paideia, 1983. Versão digitalizada. 2011. p. 37).

  1. Em que Ciência e Filosofia diferem-se e em que se complementam?

        A distinção entre Ciência e Filosofia reside em suas abordagens epistemológicas e metodológicas, embora ambas compartilhem o objetivo fundamental de compreender o mundo e a natureza da realidade. A Ciência é geralmente definida como um empreendimento sistemático baseado em observação, experimentação e análise quantitativa, que visa explicar fenômenos naturais por meio de hipóteses testáveis e verificáveis. Ela busca descobrir leis e regularidades empíricas que governam o Universo físico, frequentemente recorrendo a métodos como a observação, a experimentação controlada e a formulação de teorias baseadas em evidências objetivas.

        Por outro lado, a Filosofia é um campo intelectual que se caracteriza por perguntas fundamentais e reflexões críticas sobre questões metafísicas, éticas, epistemológicas e ontológicas que transcendem o escopo da investigação científica tradicional. A Filosofia procura compreender questões mais abstratas e conceituais, como a natureza da realidade, a ética, a natureza do conhecimento e a existência, muitas vezes por meio da razão, da argumentação lógica e da análise conceitual.

        Pode-se inferir que a Filosofia e a Ciência partem de um objeto de estudo em comum, a Natureza (o Universo), mas enquanto a Ciência busca explorar os aspectos físicos e materiais do Universo, empregando o método experimental, a Filosofia, por sua vez, investiga a Natureza a partir de meios intelectivos, com o uso da razão e da intuição, e busca a reflexão da face oculta do Universo, buscando as verdades universais em sua essência, em sua metafísica e ontologia. Enquanto a Ciência se concentra nos aspectos observáveis e mensuráveis do mundo natural, a Filosofia se debruça sobre questões mais abrangentes e conceituais, buscando desvendar as camadas mais profundas da realidade e do pensamento humano.

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