A MENTE COMO OBJETO DE ESTUDO NA FILOSOFIA
Por: Marcelota • 13/3/2018 • Trabalho acadêmico • 4.310 Palavras (18 Páginas) • 288 Visualizações
MARCELO MAIA GOMES- 1091671
Graduação em Filosofia
A MENTE COMO OBJETO DE ESTUDO NA FILOSOFIA
Orientador:
Professor Antônio Soares Geraldo
Centro Universitário Claretiano
BELO HORIZONTE
2014
A MENTE COMO OBJETO DE ESTUDO NA FILOSOFIA
Introdução:
Este projeto propõe investigar o problema da mente na Filosofia, bem como sua transformação em objeto de estudo a partir do advento da ciência moderna. Quais são as confluências no estudo da mente entre filósofos, psicólogos, psiquiatras e neurologistas? Qual o diálogo possível de se estabelecer entre essas diversas abordagens sobre o mesmo objeto, qual seja, a mente?
A partir de uma pesquisa de revisão bibliográfica, busca-se identificar e analisar as várias concepções sobre a psiquê em distintos momentos do pensamento ocidental, discutindo as concepções de diversos pensadores sobre a mente. Tomando como ponto de partida as tradições antigas, sobretudo a grega, procura-se demonstrar as formas de interpretação da mente e seus desdobramentos em outros campos do saber que se configuraram ao longo da história ocidental, a exemplo da Mitologia, Religião, Filosofia, Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise e Neurologia.
Objetiva-se demonstrar como a mente é interpretada de diferentes formas e por difererentes campos do conhecimento até a época contemporânea, sobretudo a contribuição da Filosofia como precursora de toda a discussão existente até hoje sobre a psiquê humana.
Resumo:
Palavras-Chave: mente,alma, loucura, psicologia, psicanálise
Metodologia:
A MENTE E SEUS PROBLEMAS NA MITOLOGIA
A mente vem sendo um objeto de especulação desde os primórdios da humanidade. Muito antes do surgimento do raciocínio lógico na Grécia e do desenvolvimento do pensamento oriental, o homem já procurava explicar a questão mente-corpo, quer seja através de um senso comum bem superficial, quer seja através de crenças, muitas vezes surgidas devido a falta de conhecimento do homem sobre si mesmo e da natureza que o cerca.
Na antiguidade, duas mitologias se destacam, influenciando outros povos e, ainda hoje sendo objeto de estudo para vários ramos do conhecimento; a grega, expressa nos poemas épicos de Homero e de Hesíodo e, a indiana, apresentada em suas escrituras sagradas.
Da mesma forma em que tentava explicar o que era a mente, as mitologias desses dois povos (gregos e indianos) também se preocupavam em dar respostas para os problemas comportamentais dos homens.
Os Vedas, como são chamados os escritos sagrados indianos, há milhares de anos, identificavam a natureza humana como mente e corpo. De acordo com o pensamento indiano, o ser humano não tem conhecimento de sua própria natureza e se julga incompleto, o que causa uma série de desejos. O “eu”, que é a mente ignora que já é completo e fica em busca de peças para um quebra-cabeça que já está montado. E é essa busca que vai causar os problemas da mente. O ser humano começa a se sentir frustrado, confuso e irritado, pois procura completar o que já está completado. A partir daí, passa a criar um mundo além que possa lhe dar esse “complemento”. A criação mental desse mundo é a base do pensamento mitológico e religioso.
Na mitologia e na religião, o homem se encontra e passa a acreditar que só será completo através de sua servidão aos deuses e demais seres sobrenaturais. Um dos motivos do ser humano se sentir incompleto é o seu caráter especulativo. Por não encontrar respostas no mundo visível, ele as cria no mundo alegórico. A mente mitológica e religiosa soluciona todas as questões e preenche o “buraco” que o homem acredita existir em si.
O Mahabarata visto por alguns autores como o texto sagrado de maior importância no hinduísmo, ao contrário dos Vedas, fundamenta-se na mitologia para elucidar as questões humanas. O bem e o mal se personificam na forma de deuses e demônios, respectivamente. Nessa perspectiva, o louco é aquele que está completamente afastado dos seres benignos e dominado pelos seres malignos e, a cura está na servidão a Brahma (Criador) e na busca pela libertação de sua mente do mundo físico para o espiritual.
Na Grécia, Homero também possuía essa visão transcendental sobre mente e corpo. Após a morte, a alma se liberta do mundo físico para o mundo espiritual.
[...] mas a alma humana, uma vez escapada do encerro
dos dentes, não mais se deixa prender, sem podermos,
de novo, ganhá-la.” (Homero.Ilíada IX, 408-409)
Nos textos homéricos, na Grécia, os problemas mentais resultam da ira divina. O homem, por não aceitar seu destino é punido por Zeus ou por outras divindades subalternas. Para os gregos, neste período, a cultura e a sociedade eram definidas pelos deuses e todos aqueles que agiam de modo diferente dos costumes da maioria, eram considerados como loucos.
No período posterior, o dos poetas trágicos, a loucura deixa de ser um fenômeno mítico e ganha uma conotação mais humana, sendo a conseqüência de certas paixões extremas. Os problemas da mente são causados por conflitos: entre paixão e normas sociais; razão versus instinto; desejo versus vergonha; amores conflitantes versus ódio e afeto. A cura para os transtornos está na moderação, na prudência e na temperança.
Paralelamente a essa concepção dos trágicos, Hipócrates formula uma concepção natural dos problemas mentais. Para o “pai da medicina”, a loucura está relacionada a desequilíbrios da natureza e não do espírito. Ou seja, o problema está no cérebro e não na alma. A loucura começa a ser totalmente “desmitologizada”, dando lugar a uma perspectiva mais materialista e humana.
A MENTE APÓS O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
A partir do desenvolvimento do pensamento lógico na Grécia, as questões sobre a mente e seus problemas passam a serem tratadas de uma forma mais racional e menos alegórica e supersticiosa, pelos pré-socráticos, sofistas e pensadores do período clássico, entre os quais se destacam Sócrates, Platão e Aristóteles.
A alma ou a mente, para Platão,é uma substância independente do corpo, eterna e se une a ele acidental e temporariamente. Não é apenas o princípio da vida, mas também princípio do conhecimento. Em Fédon, um de seus dialógos, assim,o filósofo define a alma e expõe a diferença entre ela e o corpo.
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