A Realidade da relação Deus-homem se faz bastante conflituosa
Por: alissonjea • 22/2/2018 • Resenha • 826 Palavras (4 Páginas) • 237 Visualizações
SEMINÁRIO PROVINCIAL SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Faculdade de Teologia
Antropologia – 2011/1º semestre
Professora: Pe. Newton Barroso
Aluno: Álisson Alves de Almeida
Data: 10/06/2011
Deus e o homem relacionando na graça e na liberdade[1]
A realidade da relação Deus-homem se faz bastante conflituosa. Há a necessidade de um diálogo interpessoal entre ambos. O que conflita ambas as realidades é o aspecto da liberdade, uma vez que Deus é o ser supramente livre e o homem possui a liberdade, visto que foi criado à imagem de Deus, livre para dispor-se de si na intenção do encontro com o tu que lhe sai ao encontro.
Entram, contudo, dois extremos nesta reflexão que acabam por suprimir uma ou outra realidade. Na afirmação única e exclusiva do homem, nega-se o Deus. Nietzsche ilustra esta posição com a figura do louco que sai proclamando a “morte de Deus” e instaura o pensamento da incredulidade na divindade para se afirmar o homem. As ciências, aproveitando disso, buscam, de todas as formas, investigar, estruturar e enunciar suas leis para regerem a humanidade. Mas esta negação de Deus parece ser efetivada de maneira mais incisiva pela “afirmação do homem”. O divino é “imagem-desejo” do homem.
Nega-se, igualmente, nesta extremidade, aquilo que torna-se fato culminante da história moderna e contemporânea: a graça de Deus. O homem é livre e pode fazer-se homem por si. Entra em questão a dialética liberdade-graça. A liberdade do homem, negando a graça de Deus, acaba negando o próprio Cristo (pelagianismo); e é Agostinho, principalmente, quem defende a Igreja desta heresia (século IV). Negar a Cristo é voltar à posição farisaica de basear a fé nas obras da lei, ou seja, “negociação da salvação”. Para o santo filósofo, o homem, uma vez solidário no pecado de Adão, não pode evitar sozinho a transgressão das leis de Deus, precisa da graça para efetivar sua força de vontade.
O outro extremo está na afirmação de que só a graça salva; Lutero nega qualquer influência humana no processo de salvação: só a fé, só a graça, só Cristo, só Deus. O pecado de Adão feriu o homem de tal maneira que ele não pode, de forma alguma, livrar-se dela por si só. “Depois do pecado, o livre-arbítrio é mero rótulo”.
Enfim, como reflexão sintetizadora destes extremos, a Igreja coloca o homem como sujeito responsável diante de Deus. Ou seja, a liberdade concedida ao homem na criação o faz maior que os outros seres porque o dota de responsabilidade; este caráter livre não esgota com o pecado, mas designa o homem como ser completamente voltado para Deus, do qual depende na busca da salvação. Porém, seu caráter de sujeito, faz com que ele tenha uma posição ativa na realidade salvífica. Para a Igreja, o pecado adâmico não corrompe irreversivelmente a criação de Deus, e nem mesmo Deus aniquila a personalidade que criou no homem.
A graça surge, portanto, como condescendência de Deus para com o homem, e transcendência do homem para Deus. Esta permeabilidade do humano na divindade mostra a gratuidade de Deus em querer salvar, ou seja, é um processo que se dá por amor, como dom. Deus se dá por meio de seu Filho, Jesus Cristo, que se doa por nós tornando-nos participantes de sua vida divina, esta doação é mediada pela efusão do Espírito que nos permite chamar a Deus de Pai. Este é o dom de Deus transforma o homem “real e interiormente” que, com este novo modo de ser, é capaz de agir segundo o divino presente nele.
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