A casa de meu pai - Kwane Appiah
Por: Rubitah Palazon • 15/5/2016 • Resenha • 677 Palavras (3 Páginas) • 1.681 Visualizações
Na obra intitulada "Na casa de meu pai", o autor nos apresenta uma análise crítica e reflexiva
acerca da ideia de "África" e sua unificação, recorrente do pensamento panafricanista surgido na
Europa e Estados Unidos no final do século XIX.
No prefácio, Appiah utiliza elementos de sua experiência pessoal de ser filho de "dois mundos"
(africano e europeu), o contato com diversas culturas, como os muçulmanos e a forte influência de
seu pai, advogado, um panafricanista ao qual o autor afirma enfaticamente que ele poderia ser
considerado um aracista por apresentar a possibilidade de o sêlo sem racismo e seu apego às suas
diversas identidades.
Logo no primeiro capítulo Appiah disserta sobre o problema da unificação da África em
detrimento de sua multiculturalidade, uma ideia datada no pósSegunda Guerra. O discurso de
Alexander Crummell, baseado em conceito de "raça", é usado para exemplificar o pensamento
panafricanista do afroamericano/afroeuropeu e sua busca pela "volta à terramãe".
A questão da linguística e o pensamento de Crummell sobre o domínio da língua inglesa se
sobrepondo aos dialetos e o cristianismo dominante em detrimento das práticas ritualistas africanas
aparece de forma incisiva em seu discurso. Segundo a visão do pastor, o que constituía a unidade
da África era "ser a pátria dos negros, assim como a Inglaterra era a pátria dos anglosaxões, ou a
Alemanha, a dos teutões". (p. 22). Appiah não considera Crummell e seus sucessores como
racistas, e sim resultado das influências europeias de sua época em busca de uma identidade para
os africanos, baseado em ideias positivistas.
O filósofo aborda a rasa penetração dos costumes, religião e língua dos europeus em suas colônias
africanas, na tentativa de centralizar as diferentes etnias, sem sucesso. Nos países póscolonizados
em que a língua oficial é de origem europeia, uma parcela ínfima se apropria dela para a
comunicação entre os seus cidadãos. Por décadas as escolas coloniais se propuseram a "ensinar" o
que achavam o ideal europeu em prol da sobreposição da "barbárie e paganismo", mas não
obtiveram êxito.
A Segunda Guerra Mundial ficou marcada pela aplicação do conceito de "raça", nesse caso entre
brancos, causando inúmeras mortes entre judeus. A visão dos europeus perante os negros, que os
viam como africanos independente de sua origem contribuíram para a ideia desses de uma
independência política. Esses fatores colaboraram para a ideia de que existia o conceito de "raças"
e que faziam parte de uma única identidade, a raça negra africana.
Para o filósofo, antes de analisar se Crummell era racista, devese analisar as très doutrinas cruciais
existentes em sua opinião: racialismo, racismo intrínseco e extrínseco. A primeira é a "visão"
baseada
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