AS MUDANÇAS NA CONCEPÇÃO DE ARTE E A CRISE ARTÍSTICA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
Por: felypecardozo • 31/3/2019 • Trabalho acadêmico • 1.263 Palavras (6 Páginas) • 244 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Carlos Felipe do Nascimento Cardoso
AS MUDANÇAS NA CONCEPÇÃO DE ARTE E A CRISE ARTÍSTICA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
SÃO LUÍS – MA
2018
Carlos Felipe do Nascimento Cardoso
AS MUDANÇAS NA CONCEPÇÃO DE ARTE E A CRISE ARTÍSTICA SEGUNDO FERREIRA GULLAR
Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal do Maranhão, no componente curricular Estética ministrada pelo Prof° Dr. Luís Inácio Oliveira Costa, para reposição de 2ª nota.
SÃO LUÍS – MA
2018
Resumo
No presente trabalho pretende-se elucidar de que forma a concepção do que seria arte foi alterada ao longo do tempo e a crise que a arte contemporânea vem passando, tendo como base as ideias de Ferreira Gullar, presentes em sua obra Argumentação contra a morte da arte.
Palavras-chave: Desconstrução; Crise; Contemporanidade; Arte.
Abstract
In the present work we intend to elucidate how the conception of what would be art has changed over time and the crisis that contemporary art has been going through, based on the ideas of Ferreira Gullar present in his work Argumentation against the death of art.
Keywords: Deconstruction; Crisis; Contemporanity, Art.
Introdução
Ao pintar sua obra Les Demoiselles d’Avignon, Pablo Picasso (1881-1973) não imaginava que seria o precursor de uma revolução na história artística que teria repercussão até os dias de hoje. Com sua pintura, Picasso abriu caminho para o cubismo e para as pinturas abstratas, perpassa pelo neoplasticismo e desemboca no dadaísmo, o que ao longo do tempo tomou proporções gigantescas que resultou no que Ferreira Gullar (1930-2016) chamaria de “crise na arte”.
O escritor, crítico de arte e poeta, escreve sua obra Argumentação contra a morte da arte na qual pretende de tratar acerca das mudanças que a concepção do que é arte vem sofrendo, bem como sobre a crise que assola a arte contemporânea. O mesmo irá debater a respeito do término da essência da arte e até que ponto o contexto sócio cultural, no qual ocorreu a solidificação do capitalismo e a cultura de massa teve influencia na crise artística.
Assim como Walter Benjamin (1892-1940), em sua A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, afirma que as obras de arte sofreram drásticas mudanças em sua Aura, Ferreira Gullar declara que a arte sofrera uma alteração em sua essência, a concepção do que viria a ser arte alterou-se a tal ponto que expressão se confunde com arte, qualquer um se torna capaz de produzir arte, basta retirar um objeto de seu ambiente natural pôr em exposição dentro de um museu para que se tenha uma obra de arte.
Segundo o autor, este processo de desconstrução da ideia de arte é algo positivo, no ponto de vista visual e cultural, mas, no entanto é altamente nocivo para a concepção do que é arte, pois, se basta retirar um objeto de seu uso comum e expor como obra de arte para que o mesmo se torne arte, significa que todos podem fazer arte, sem de fato necessitar de um conceito ou noção daquilo que se propõe a fazer. Entra-se, então, no âmbito comercial da arte. A arte produzida apenas para exposição e aquisição de lucros.
O inicio da crise artística
Para Ferreira Gullar, a alteração na arte teve principio no nascimento do cubismo e da arte abstrata, o que acabou desembocando no dadaísmo e, por conseguinte, na arte contemporânea. Pablo Picasso e Georges Braque iniciaram a desconstrução da pintura, ao utilizar-se do cubismo e da colagem. A colagem se alia ao dadaísmo e termina de desconstruir por completo a arte, quando Marcel Duchamp expõe um mictório fora de seu contexto e cria, com isso, uma nova forma de enxergar a arte.
A mudança na concepção do que seria arte é um processo gradual, mas pode ser facilmente visualizada ao longo das criações artísticas. A noção de Expressão fundiu-se com o conceito de arte, não na forma do expressionismo como na obra O Grito de Edvard Munch (1893), mas no sentido que um artista em uma performance pode gritar dentro de um museu e aquilo será considerado arte. Gullar afirma que para um grito ser arte, é preciso fazer-se um poema sobre ele ou pintar uma obra plástica; a pura expressão se diferencia da obra artística no ponto em que a arte necessita de uma linguagem elaborada. Visto isso, o problema causador da crise artística é um problema de fragmentação da linguagem artística, de confusão nas concepções e conceitos do que seria arte.
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