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ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO ANTROPOLÓGICOS DO CONSTRUTIVISMO PÓS PIAGETIANO II

Por:   •  18/10/2017  •  Seminário  •  3.471 Palavras (14 Páginas)  •  530 Visualizações

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Titulo: ASPECTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-ANTROPOLÓGICOS DO CONSTRUTIVISMO PÓS-PIAGETIANO - II

Disciplina: Psicologia da educação

Professor: Ricardo Perin

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moral na criança ao nascer. A construção da moralidade resulta de um processo de conscientização, da Inserção da criança num mundo social.

Acho que estes pressupostos psicológicos são Importantes porque existem escolas que negam Isto. Existem escolas que partem do pressupostos da maldade Inata, da bondade Inata ou da tábula rasa, que são todos pressupostos que não são defendidos por essa escola que esta em discussão aqui. Isso é Importante. Eu não estou trazendo um Julgamento definitivo se Isto está certo ou errado, se Isto é a verdade maior ou menor. Isto, para o Construtivismo, também está em discussão. A grande vantagem do Construtivismo e que ele permite a argumentação crítico-reflexiva sobre sua própria teoria, permitindo com Isto sua reformulação, sua reconstrução, sua reorientação.

Eu acredito que a presença literalmente maciça, neste ginásio, de sete mil professores significa esta disponibilidade de repensarmos, de reconstruirmos, de construirmos uma teoria e uma prática suscetíveis de revisão, suscetíveis de critica, suscetíveis de melhoramento para a grande maioria e para cada um de nós.

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Penso que esta é uma oportunidade absolutamente única de ter a chance de conversar com vocês sobre um assunto da maior Importância, como é a questão da aprendizagem. Sobretudo com vocês numa multidão, que não é uma multidão amorfa. É uma multidão que tem a sua individualidade, apresentada na pessoa de cada um e cada uma de vocês aqui presentes.

Aceitei falar sobre o Construtivismo e tratarei de alguns conceitos, porque, no fundo, o Construtivismo não é nada mais do que a pergunta: O que nós somos capazes de fazer com os nossos conceitos? Esse é o grande problema. O que queremos dizer quando falamos em conhecimento? E o que queremos dizer quando falamos em apreender, em adquirir conhecimentos?

O grande enigma, o grande mistério, o grande elemento oculto atrás das Investigações do Construtivismo é a questão (e uso agora uma expressão que vocês poderão guardar e depois investigar melhor): O que fazemos quando praticamos uma operação epistemológica? Esta é a expressão.

Existiam antes as teorias filosóficas para explicar a operação epistemológica. Isto é, o ato que somos obrigados a realizar complexamente para podermos conhecer e comunicar o que conhecemos. Essas teorias foram apresentadas por diversas correntes filosóficas, e no século vinte todas essas teorias tiveram que passar por uma revisão profunda. Como, entretanto, somos muito vagarosos em acompanhar a mudança das teorias, muitos professores nos ensinam

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teorias passadas. Muitos de nós praticam e defendem teorias totalmente ultrapassadas. Isso não seria serio em outras áreas das atividades humanas. Mas é profundamente serio quando se trata de ensinar outros a conhecerem, ou de levar outros ao conhecimento, porque ai uma falsa teoria arrebenta com vidas Inteiras. Por Isso, a questão da aprendizagem e uma questão maior, e me espanta a coragem daqueles que se arriscam a ser professores. Porque eles necessariamente arriscam aí onde aparentemente encontram os "serezinhos" mais Indefesos, mais desprotegidos, e dizem a eles: “Vamos apreender a conhecer". Quando dizem Isso, porque, em geral, "Eu vou ensinar a vocês" é a única expressão que se utiliza.

Há muita dificuldade em mudar de teoria, em assimilar teorias novas: cm perceber o que, em cada momento, é importante saber de novo, para que o nosso trabalho seja guiado pelo melhor do Conhecimento produzido. O Construtivismo é o melhor do conhecimento produzido para trabalhar com a aprendizagem. Evidentemente, a ele Já se acrescentou (esse é o caráter aberto do Construtivismo) uma série de elementos novos que, necessariamente, nos fazem falar num Construtivismo Pós-Piagetiano. Mas não precisávamos necessariamente falar em pós-piagetiano. Nós poderíamos falar apenas em Construtivismo, porque ele já implica, em si mesmo, um processo progressivo de reflexão sobre si mesmo, de correção constante. Este é o grande desafio que o Construtivismo apresenta. A simpatia e o fascínio do Construtivismo devem-se ao fato de ele ter, em si mesmo, a capacidade plástica de auto renovação. Ele não é uma bandeira, não é uma arma que se tem pronta, não é um instrumento de que se dispõe acabado. O Construtivismo se liga ao próprio processo que ele pretende desenvolver, que é o processo de aprendizagem. Ele não deixa de apreender nunca, ele mesmo está sob constante processo de revisão.

Dito Isto como introdução, queria falar um pouco das teorias que, na história da Filosofia, chegaram até hoje e, agora no século vinte (mil novecentos e oitenta), são colocadas como teorias com relação à única coisa que nos Interessa no Construtivismo e na aprendizagem: a pessoa, a personalidade, se quiserem, o sujeito, o indivíduo. Estas são expressões que, às vezes, usamos como idênticas, mas elas não dizem a mesma coisa. Cada vez que usamos um termo desses devemos saber o seu conteúdo.

Há, portanto, a necessidade de percebermos que isso, ao qual chegamos hoje, é nada mais do que a tentativa de fazer com que Indivíduos que povoam o mundo, indivíduos que nos cercam, indivíduos pequenos, indivíduos adultos, devem ser pensados na sua capacidade de sobreviverem felizes, de sobreviverem num mundo em que o viver bem seja a regra geral. Ora, se aprendemos, não aprendemos para conhecer apenas. Aprendemos, fundamentalmente, para podermos viver bem, para podermos (traduzindo na expressão dos antigos) ser felizes.

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Se enumerássemos as teorias que, hoje, silo os paradigmas dos quais nos vêm novidades sobre os fundamentos do Construtivismo, poderíamos falar em três maneiras de pensar a subjetividade. Havia uma maneira de pensar a subjetividade cm que se dizia: O sujeito é o fundamento do conhecimento; não há conhecimento que se possa pensar sem um sujeito. Isso era geral, Isso era vago, Isso era abstrato e realmente assim passou para nós. Mas nós poderíamos dizer que, ainda que essa ideia de sujeito subsista, Já havia, embutido na palavra sujeito, um outro elemento que se repetiu multo, mas que só no século vinte efetivamente tomou uma nova dimensão: a palavrinha eu. O eu não tomou uma verdadeira carga de Importância a não ser a partir de certas teorias filosóficas no século vinte. Mas o eu é ainda abstrato. Por exemplo, há poucos anos atrás (dez ou quinze anos), a teoria predominante na Psicologia era a Ideia da comunicação. Era a Ideia de que os Indivíduos são, no fundo, pequenas máquinas que, através do núcleo do seu eu, se comunicam com os outros, emitem mensagens e recebem mensagens. Pensava-se como uma grande conquista na Psicologia. Ainda hoje muitos pensam Isso na Educação como uma grande conquista. Não tão grande assim porque tem o elemento abstrato, tem o elemento ainda não concretamente definido. Porque a nossa mente não é puramente um núcleo que contém um eu que se comunica com um outro eu. Nós não olhamos para aquilo que se põe entre os dois eus, nem olhamos o lugar em que cada um desses eus está situado. Este é, digamos, o defeito desse segundo paradigma, ao lado do sujeito: o paradigma do eu.

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