Análise crítica - resenha do filme - Tempos Modernos
Por: soutangel • 21/11/2017 • Resenha • 1.268 Palavras (6 Páginas) • 1.379 Visualizações
Análise crítica / resenha do filme "Tempos Modernos"
É possível entender que a divisão do trabalho conduz o trabalhador à alienação, situação que dominava a indústria no período que se passou o filme. Tal situação, transformava o funcionário em apenas um operário fracionário, apenas executando as tarefas que lhe eram mandadas, conduzindo-os a limitar sua inteligência, pois não era exigido dos mesmos.
O cenário de trabalho apresentado no filme, demostra a precariedade do ambiente, como também o distanciamento do próprio empregado com o produto final fabricado. Na época em questão, não havia leis trabalhistas que bloqueasse a elevada exploração por parte dos patrões, sujeitando os operários a enormes jornadas de trabalho e com remuneração injusta. Logo no início do filme, isto fica claro, a exigência do dono de que os trabalhadores produzam mais e mais e em menor tempo. Além de demonstrar, nitidamente a divisão do trabalho, onde para produzir parte uma peça, era usado três pessoas, em funções diferentes. Outra situação a ser notada, foi a tentativa de encurtamento do tempo livre dos trabalhadores. O desejo do empresário, era que os mesmos não parassem de produzir mesmo no horário de almoço, tornando-o mais rápido e sem que o funcionário saísse do seu posto.
Mantendo a ótica de Marx, a divergência entre as principais classes da época, agravaram-se devido a fragmentação das camadas intermediarias da sociedade, que se submeteram aos grandes capitalistas. Dessa maneira, os trabalhadores intermediários foram desvalorizados, e os operários se tornaram ainda mais pobres com o avançar do capitalismo. Esse contexto de tanta contradição social, se fez intolerável e levou a grande massa de operários a se voltarem contra o sistema capitalista. A revolução ganhou força devido a imensa maioria da sociedade ao contrário dos grandes capitalistas, e também com os ideais socialistas. Com isso, os operários cresceram na questão organizacional através dos sindicatos, transformando-se em um grupo mais consciente em defesa dos próprios interesses. Gradualmente, esse movimento conseguiu conquistas legais com passar do tempo, reivindicando segurando contra acidentes no ambiente de trabalho, por exemplo.
Ao comparar com os acontecimentos do filme, o personagem principal após encontrar a fábrica que trabalhara fechada se envolve em uma manifestação dos operários desempregados, ficando evidente o início da conscientização dos trabalhadores perante o movimento explicado.
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Para as autoridades da época, esse movimento era considerado inaceitável, principalmente por considerarem os protestantes como comunistas. Ao prenderem o personagem principal por acusação de ser o líder da manifestação, deixa explicito todo o trabalho de repressão que era feito. Com o decorrer do filme, é possível mais reivindicações dos operários, como por exemplo quando a fábrica reabre e logo em seguida há uma greve devido as condições de trabalho dos funcionários. Trazendo enormes conhecimentos e conquistas para a sociedade atual.
As novas relações de trabalho, é assunto permanente entres os principais sociólogos da história. O mundo capitalista, foi influenciado pelo liberalismo econômico, desenvolvendo a individualidade da sociedade. Pensamento presente no contexto do filme, representado pela vontade do dono da fábrica em fazer seu negócio crescer ainda mais, não se importando com o que acontecia com seus funcionários.
Ao observar essa questão pela ótica de Durkheim, faltava uma moral dos profissionais suficientemente competente para que houvesse a devida disciplina nas formas de relações. Por causa da alta divisão de trabalho, a sociedade ficou muito individualizada e sem limites bem definidos, causando conflitos de interesse e choques, tornando-os inevitáveis entre os próprios funcionários. Ao confrontar essa ideia, com os ocorridos no filme, é perceptível tal necessidade, pois os personagens não estavam mais sabendo como se relacionar uns com os outros no âmbito profissional, chegando ao extremo. Para ele, haver toda a diferenciação do trabalho era necessária, para que houvesse dependência uns com os outros, não quebrando os laços na sociedade. Porém, não havia comunicação entre eles. Com isso, a sociedade da época poderia comer o suicídio anômico, estudado por Durkheim. No qual, por falta de normas, os indivíduos competem excessivamente uns com os outros, podendo sofrem com não realização das expectativas, como também a desaprovação.
Desde o período feudal, já existia a hierarquia, rígida e sem quase mobilidade, dificultando a ascensão dos camponeses. Já no capitalismo, a situação se torna diferente. Max Weber, ao estudar o capitalismo, depois de ver consolidado esse sistema, percebeu que se perdeu os valores de quando se iniciou, fomentando a competição entre os indivíduos pela riqueza. Além de racionalizar constantemente a civilização, ocasionando na organização social, que desencadeia a rotinização, a obediência as normas e a hierarquia de cargos, conduzindo a burocratização. Em sua visão, o homem capitalista, se sujeitava a burocratização de determinadas instituições por condições sociais, na tentativa de se encaixar na sociedade. Quando há a referência disso no filme, olha-se para como a fábrica funcionava. O dono detinha o poder sobre os segundos no comando, que os mesmos exerciam poder sobre os terceiros no comando e assim sucessivamente, e cada ordem era exigido mais dos trabalhadores.
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