Aspectos da Filosofia de Mestre Eckhart
Por: freirenildo • 7/12/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 2.077 Palavras (9 Páginas) • 319 Visualizações
INSTITUTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DE GOIAS
CURSO/PERIODO: Filosofia 2º período
DISCIPLINA: Seminário II
PROFESSOR: Dr. Marcos Aurélio Fernandes
ACADÊMICO: Renildo Belarmino Silva.
DATA: 27/11/2015
1 - Determine as relações entre escolástica e mística (Valor 2, 5 pontos).
A Escolástica teve seu ápice se dá no período de 1200 a 1340, é a forma mais amadurecida do pensamento medieval no mundo latino, sendo ligadas as “septem artes liberales”, herdadas do antigo sistema de ensino que formam o trivium os três primeiros caminhos da educação medieval e o quatrivium os quatro outros caminhos da formação fundamental da idade média. Teve um forte caráter teocêntrico moldando este período que é marcado também pela criação das primeiras universidades, isto é, a escolástica é uma filosofia que aborda as questões da fé a “luz da razão" sendo que a Filosofia é o instrumento que auxilia o trabalho da teologia.
Na escolástica e mística latina convergem as riquezas das outras tradições, contribuições filosóficas estas advindas da cristã-síria e da cristã-árabe, além da filosofia árabe e judaica medieval, utilizadas e absorvidas pelos escolásticos, segundo suas metodologias próprias caracterizando pela atitude de acolhimento e da aceitação da realidade como é oferecido em sua diversidade do mundo, da natureza, da fé no Deus revelado nunca colocando tudo a serviço do homem ao seu senhorio como percebemos hoje.
Via-se neste período grande riqueza e criatividade neste pensamento onde confluíam todas as contribuições dos filósofos árabes e judeus abrindo novos horizontes que não se encontrava em nenhum dos lados, dando um desenvolvimento de uma mística própria, não, porém uma mística especulativa, no sofismo e na cabala.
Percebe-se o caráter determinante do pensamento escolástico para o destino do pensamento moderno, desde o pensamento árabe de Averróis e a influência dos pensadores escolásticos na gênese do pensamento moderno dos séculos XVII e XVIII de Descartes a Kant.
Além do mais como lembrado anteriormente fazia-se uma relação entre fé e razão, desejo, pensamento e probabilidade da existência de Deus, Pressupostos eram as crenças básicas em que o mundo então se fundamentava nas Ideias de Deus uno e trino, criação do mundo, imortalidade pessoal, homem à imagem e semelhança de Deus.
A mesma utilizava-se das verdades da fé com a razão humana na difusão de valores e costumes colocados pela doutrina da Igreja, procurava na intima relação da religião, pela teologia demonstrar Filosofia racional e religiosa - Razão x Fé, através do revigoramento da religiosidade pelos argumentos intelectuais, Obediência aos princípios cristãos, Conteúdo filosófico na obra dos doutores da Igreja e dos escolásticos e místicos.
Ela se desenvolve em dois elementos a Auctoritas: que eram citações da Bíblia, dos Padres da Igreja, dos Concílios, mas, sobretudo, de Platão e Aristóteles que muito influenciaram e criaram uma forte dependência destes filósofos e sua filosofia antiga, que a doutrina de ambos chegou aos latinos pela intermediação das escolas helenísticas, sobretudo pelos neoplatônicos e estóicos e dos comentários e interpretações dos árabes e judeus. E da Ratio: Análises conceituais; o sentido das doutrinas recebidas; o valor e, sendo possível, conciliá-las.
Neste período criou-se uma concepção de método onde não somente é um método de ensino e de exposição do saber conquistado como também um método de investigação e de conquista do saber, como uma dialética. Trata-se do método do sim e do não (sic et non), de origem platônica, este método recorria as questões, articulando argumentos negativos e positivos com bases em sentenças que expressavam o parecer de autoridades da tradição filosófica e do saber cristão em referência a determinadas teses em vista de alcançar as respostas que, como sínteses superassem as contradições entre os pareceres, isto possibilitou uma tratamento mais racional da fé que Abelardo chamou de Teologia que expandiu para outros saberes.
Com a reelaboração no sec. XIII a partir da perspectiva Aristotélica houve um acréscimo a forma de pensamento escolástico dando rigor lógico-demonstrativo, com o exercício operativo da razão ao modo do pensamento aristotélico, a filosofia se tornou elemento unificador e articulador de todos os saberes cultivados na universidade inclusive da teologia, criando uma teologia especulativa.
Isto tudo se unia nas Ideias religiosas que provocavam especulações tipicamente metafísicas ou filosóficas o que ficou conhecido como mística especulativa. Assim sendo, vemos a unidade da mística e da escolástica como disse A. Harnack há uma continuidade entre o cristianismo patrístico e o medieval e ambos o saber e a mística estão intimamente ligados, sendo ambas no fundo um único e mesmo fenômeno onde, este conhecimento decorre de tal modo que a compreensão penetrante no relacionamento de mundo e Deus
Já pela mística representam um novo incremento do pensamento filosófico, especialmente graças aos chamados dialéticos. Os dialéticos, como os místicos e como todos os filósofos escolásticos até Santo Tomás, partem agostinianamente da Fé, da Revelação; fazem largo uso da razão para penetrar racionalmente os mistérios (credo ut intelligam).
2 – Em que sentido, considerando-se a vida e a obra de Eckhart, ele pode ser considerado “mestre de leitura” e “mestre de vida”? (Valor 2,5 pontos).
Mestre Eckhart foi considerado, ao mesmo tempo, “teólogo” e “místico”, “Lebemeister” (Mestre de vida) e “Lesemeister” (Mestre de leitura). Foi Lesemeister (Mestre de leitura) enquanto se dedicou ao oficio de ensinar na Schola (Universidade), ao modo de um “magister” da escolástica, desempenhou este oficio por períodos intercalados com outros serviços na Ordem dos Pregadores, sua atividade de docência se deu na Universidade de Paris, onde foi mestre regente titular da cátedra dos dominicanos estrangeirostrês eram as atividades do teólogo enquanto doutor escolástico: leitura, disputa e pregação. Neste oficio de ensinar Eckarht propõe teses, discute questões e estabelece interpretações, com os recursos do método escolástico. Deste seu oficio surge as obras latinas “Opus Tripartitum” em três volumes e a que ficou incompleta “Prologus generalis in opus tripartitum”.
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