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BULLYING: VIOLÊNCIA SILENCIOSA QUE DESUMANIZA

Por:   •  19/8/2016  •  Artigo  •  5.708 Palavras (23 Páginas)  •  592 Visualizações

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BULLYING: VIOLÊNCIA SILENCIOSA QUE DESUMANIZA

Adelmo Flávio Borges Ferreira[1]

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar o fenômeno bullying e suas consequências no espaço escolar. À luz de alguns teóricos como Gabriel Chalita e Sônia Pereira apresenta-se definições sobre o termo, suas manifestações e apontam-se pistas que podem vir a ser combatedoras e sanadoras deste mal que retarda o desempenho dos indivíduos em vários aspectos. Propõe-se como fundamento de uma possível revolução afetiva a amizade, que pode libertar as pessoas e torná-las mais acessíveis. Estas atitudes perpassam as relações dialógicas, familiares, amistosas e escolares. Retrata-se também o quadro mais comum das vítimas e os locais, na escola, onde esta violência silenciosa torna-se mais gritante. Para a realização do trabalho foi eleita como metodologia: pesquisa bibliográfica e de campo, fazendo uma ligação entre os achados teóricos e experiências concretas do cotidiano de alguns alunos e alunas de escola pública, com a aplicação de um questionário que visa detectar possíveis vítimas deste fenômeno.

Palavras-chave: Bullying. Agressão. Escola. Afetividade. Amizade.

BULLYING: SILENT VIOLENCE DEHUMANIZING 


ABSTRACT
This article aims to analyze the phenomenon of bullying and its consequences in school. In light of some theorists like Gabriel Chalita and Sonia Pereira presents definitions of the term, its manifestations and point to clues that may be combatedoras sanadoras this evil and slowing the performance of individuals in several respects. It is proposed as the basis for a possible revolution affective friendship, which can free people and make them more accessible. These attitudes permeate the dialogical relations, family friendly and school. It also portrays the most common framework of the victims and the local school, where this silent violence becomes more acute. The completion of the work was chosen as a methodology: literature review and field, making a connection between the theoretical findings and practical experiences of everyday life for some pupils from public schools, with a questionnaire designed to identify possible victims of this phenomenon .

Keywords: Bullying. Aggression. School. Affectivity. Friendship.

1 Introdução

        Nos últimos tempos, têm vindo à tona, por meio da mídia, vários acontecimentos cruéis que assolam a humanidade, “afirmando”, cada vez mais, sua impotência frente à resolução de tais problemas. Isso não ocorre apenas nas ruas, mas também, dentro das próprias casas (o ambiente familiar), e na escola. A violência, pode-se dizer assim, mostra sua face opressora em todos os atos de vandalismo, agressões físicas e verbais, homicídios, genocídios e suicídios. Alguns desses atos são ocasionados pelo bullying, quando este não é detectado nem tratado na gênese de sua manifestação.

O bullying se configura como uma violência maquiada, lenta e gradual, capaz de intimidar, enfraquecer, inibir e revoltar as vítimas, o que pode acarretar consequências drásticas no futuro, incluindo o retardamento do processo de desenvolvimento humano, psíquico, afetivo e intelectual.

Este artigo propõe uma exposição do que seja este fenômeno e incita reflexões com o intuito de indicar possíveis pistas para o diagnóstico de tal problema. Tendo em vista que o estudo sistemático deste fenômeno atualiza nos seres humanos a preocupação com a vida e com o desenvolvimento integral de cada criança e jovem.

        Por este motivo é que esta pesquisa foi realizada, para aprimorar os conhecimentos pessoais e para que se possa, desde já, ensaiar uma cultura de não violência e mais inclusão nos espaços escolares, percebendo e fazendo perceber as consequências desta violência silenciosa e simbólica que desumaniza e acaba desconfigurando homens e mulheres, enquanto seres de possibilidades. Da mesma forma, enseja contribuir para o enriquecimento do leque de conhecimentos acadêmicos que visam à humanização dos indivíduos.

        Neste sentido, tentou-se mostrar, a princípio, as derivações do termo em estudo, suas manifestações e os personagens desta trama. Como ponto de partida para se entender melhor este fenômeno, é apresentado o princípio da afetividade como esperança, isto é, possibilidade de leitura e re-leitura do diálogo entre família e escola, tendo por pano de fundo a amizade como meio de libertação e integração sócio-educativa.

        Como instrumento de investigação foi realizada, na escola campo de estágio (realidade pública/estadual), uma pesquisa onde foram consultados 66 alunos e alunas concluintes do ensino fundamental, na faixa etária de 13 a 19 anos, sendo 22 do sexo masculino e 44 do sexo feminino. O que possibilitou  pertinentes reflexões acerca do tema abordado, ratificando outras pesquisas e achados de outros teóricos.

 2 O fenômeno Bullying: O que é e como se manifesta?[2]

        O termo bullying deriva do verbete inglês bully, adjetivo que significa valentão, brigão, tirano. Em toda sua gama de significado, quer dizer a maneira de utilizar a força física para intimidar, amedrontar, impor respeito, tiranizar e, não menos gravemente, humilhar outra pessoa, considerada ou estigmatizada como inferior. Por não haver, na língua portuguesa, um equivalente compatível com seu significado original, usa-se, no Brasil, o termo em inglês. Constitui-se, pois, de uma violência simbólica que está presente na escola e em todas as outras instituições, em todas as classes sociais, no mundo inteiro, não levando em conta sexo, gênero, raça, cor, religião. (CHALITA, 2008).

A fase mais crítica de ocorrência é o período da infância e adolescência, por conta de ser esse um momento bastante importante na estruturação física e psicológica do ser humano. É esse o momento de se sentir acolhido pela família e a sociedade, de cultivar a auto-estima e a autonomia, necessárias para construir bons e salutares relacionamentos na vida adulta. Assim, pode-se afirmar que é o ambiente escolar o lugar de maior incidência deste modo de violência, por conta de ser um espaço de primeira socialização com o mundo “extrafamíliar” e também porque é nos espaços de pouca fiscalização da escola por parte dos adultos que a compõem, tais como o pátio, os corredores, os banheiros, que acontece o bullying.

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