COLONIALIDADE DECOLONIALIDADE POR UMA NOVA EPISTEMOLOGIA DAS AMÉRICAS
Por: Hernane Guedes • 21/9/2020 • Resenha • 748 Palavras (3 Páginas) • 211 Visualizações
Colonialidade/Decolonialidade-Por uma nova epistemologia das américas
Nesse trabalho pretendo expor os principais argumentos e conceitos dos textos “Por uma razão decolonial: Desafios ético-político-epistemológicos à cosmovisão moderna “e Colonialidade do poder ; eurocentrismo ,e américa latina”. Começarei com o texto de Adélia Milikovic discutindo a diferença ,se realmente existe , entre decolonialidade e pós- colonialidade, evidenciando a questão da subalternidade das américas diante de uma epistemologia eurocêntrica. Em seguida apresentarei a ideia de raça para Aníbal Quijano como uma categoria mental da modernidade ,que cria estereótipos , hierarquiza povos e os acultura .No final apontarei aproximações entre os textos e algumas reflexões.
O conceito de decolonialidade tem a pretensão de denunciar a dependência do mundo subdesenvolvido diante da hegemonia eurocêntrica no campo ideológico , epistemológico e ontológico. Os pensadores e intelectuais que compõem essa corrente buscam encontrar epistemologias capazes de repensar e ressignificar as compreensões de mundo em múltiplos aspectos tendo como base as culturas que foram negligenciadas e silenciadas na América latina .Não creio que seja simplesmente um resgate das tradições ancestrais de um determinado povo e tão pouco um rompimento total com a epistemologia clássica europeia .Mas sim, uma afirmação da diversidade das alteridades, das particularidades ,que ainda , apesar das tentativas de aculturação , efetivadas tanto pelo eurocentrismo das colonizações, e pela dinamicidade da globalização e da própria tecnologia , resistem, reexistem, como identidades em construção e desconstrução de si mesmos.
A guinada ou o próprio giro decolonial é fruto de acúmulo das experiências do pós colonialismo . Sendo assim , é impossível conceituar a decolonialidade/descolonialidade sem atribuir ao pensamento pós colonial uma sólida aproximação . O pós -colonialismo emergiu junto a busca pela independência dos países africanos. A descolonização ocorreu de duas formas, pacificamente; onde não haviam produtos estratégicos como cobre , ouro, diamantes ou petróleo e através de lutas de libertação onde existiam interesses das grandes corporações como é o caso do petróleo da Argélia
e o cobre do Congo .Nesses lugares os colonialistas resistiram até as últimas conseqüências levando a guerras sangrentas de libertação.
Os movimentos nacionalistas levaram o questionamento direto do sistema colonial e, conseqüentemente, ao processo de descolonização.
Para Franz Fanon o conceito de descolonização tem o sentido de: "Libertação nacional, renascimento nacional, restituição da nação ao povo”. Entretanto, esse sentimento nacionalista tem raízes na construção de uma identidade africana ocidentalizada, provinda de um sistema colonial que pretende ser superado, mas que deixou marcas tão profundas, ao passo que a descolonização se tornou apenas um estagio para libertação.
Segundo Marc Ferro, a colonização, representando a ocidentalização do mundo africano, suprime as estruturas tradicionais locais e deixa um vazio cultural de difícil reversão. No qual, as características da sociedade tradicional na África, tais como a parentela e as suas funções, o clã , a linhagem, a exogamia, os princípios hierárquicos e o agrupamento doméstico são ultrapassados .
De acordo com Amin a missão “civilizatória” eurocentrica produzia o discurso da ideologia capitalista baseada em três idéias centrais: a visão trans-histórica e instrumental da racionalidade ocidental, a valorização da história européia, a única capaz de atingir o milagre do capitalismo, e a incapacidade dos outros povos de alcançar o desenvolvimento econômico devido a características que lhe são inerentes. A legitimação dessas idéias se completa pela imposição de verdades absolutas, representadas pelo cristianismo, pelo mito da origem grega e pela criação do Orientalismo.
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