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CONTRA A PERFEIÇÃO Ética Na Era Da Engenharia Genética.

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Por:   •  31/10/2013  •  814 Palavras (4 Páginas)  •  1.195 Visualizações

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CONTRA A PERFEIÇÃO

Ética na era da engenharia genética.

Em princípio, verifica-se que quanto mais o atleta se apoia em drogas ou artimanhas genéticas, menos seu desempenho representa uma conquista própria, tendo em vista que o problema das drogas é fornecer um atalho, uma maneira de vencer sem se dedicar. No entanto, o crucial nos esportes não é a dedicação, mas a excelência, que por sua vez consiste na exibição de talentos e dons naturais que não são mérito do atleta que os possui.

Os talentos naturais, bem como a admiração que eles proporcionam, constrangem a fé e, diante disso, aumentamos a relevância moral do esforço e da dedicação e depreciamos o talento natural. É possível observar essa distorção, por exemplo, na cobertura das olimpíadas, que se concentra menos nos feitos dos atletas e mais nas histórias comoventes das dificuldades que eles superam, dos obstáculos que ultrapassaram e da luta que travaram para triunfar sobre uma lesão, ou uma infância difícil.

O verdadeiro problema dos atletas geneticamente modificados é que eles corrompem a competição esportiva enquanto atividade humana que honra o cultivo e a exibição de talentos naturais, de modo que tanto a ética do empenho quanto os recursos biotecnológicos que agora estão a nossa disposição, vão contra as pretensões ao talento natural.

Sabe-se que as inovações em equipamentos são uma espécie de melhoramento e assim estão constantemente sendo colocadas em dúvida: aperfeiçoam ou obscurecem as habilidades essenciais para a competição? Os defensores do melhoramento argumentam que as drogas e intervenções genéticas não são diferentes de outros modos que os atletas empregam para modificar o corpo, tais como dietas especiais, complexos vitamínicos, suplementos e até mesmo cirurgias.

Ocorre que, mesmo melhoramentos que são seguros e acessíveis para todos podem ameaçar a integridade do esporte, de modo que se os regulamentos permitissem toda sorte de drogas, suplementos, equipamentos e métodos de treinamento, usá-los não seria trapacear, entretanto, trapacear não é o único jeito de corromper um esporte. Honrar a integridade de um esporte é mais do que jogar conforme as regras, mas, sobretudo, significa fazer as regras de um modo que honrem as excelências cruciais para aquele esporte e recompensem as habilidades dos melhores jogadores.

Alguns modos de jogar, e de se preparar para a competição, correm o risco de transformar o jogo em outra coisa, algo menos parecido com um esporte e mais parecido com um espetáculo. A diferença entre esporte e espetáculo é a mesma diferença entre o verdadeiro basquete e o “basquete de trampolim”, em que os jogadores se projetam bem acima da tabela para fazer a cesta.

É claro que nem todas as inovações em matéria de treino e equipamentos corrompem o espírito esportivo., sendo que algumas delas, até melhoram, como é o caso das luvas de beisebol e as raquetes de tênis de grafite. Desta forma, a degeneração do esporte em espetáculo não é exclusiva da era da engenharia genética, mas ilustra como as tecnologias de melhoramento do desempenho, genéticas ou não, podem desgastar aquela parte do desempenho atlético e artístico que enaltece os talentos e dons naturais.

Além disso, é evidente que a ética do talento, que nos

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