Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade
Seminário: Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 26/9/2013 • Seminário • 1.341 Palavras (6 Páginas) • 901 Visualizações
Contraposição ao conhecimento filosófico da sociedade: A filosofia possui um método dedutivo de conhecimento, que parte da tentativa de explicar a sociedade a partir do conhecimento da natureza humana. Ou seja, para os filósofos o conhecimento da sociedade pode ser feito a partir de dentro, do conhecimento da natureza do indivíduo. Como a sociedade é formada pelos indivíduos, a filosofia tem a prática de explicar a sociedade (e os fatos sociais) como uma expressão comum destes indivíduos. De outro lado, se existe uma natureza individual que se expressa coletivamente na organização social, então pode-se dizer que a história da humanidade tem um sentido, que deve ser a contínua busca de expressão desta natureza humana. Para Adam Smith, por exemplo, dado que o homem é, por natureza, egoísta, motivado por fatores econômicos e propenso às trocas, a sociedade de livre mercado seria a plena realização desta natureza. Para Hegel, a história da humanidade tendia a crescentemente afirmar o espírito humano da individuação e da liberdade. Para Marx, a história da sociedade era a história da dominação e da luta de classes, e a tendência seria a afirmação histórica, por meio de sucessivas revoluções, da liberdade humana e da igualdade, por meio do socialismo.
Para Durkheim, estas concepções eram insuportáveis, pois eram deduções e não tinham validade científica, eram crenças fundamentadas em concepções a respeito da natureza humana. Durkheim acreditava que o conhecimento dos fatos sociológicos deve vir de fora, da observação empírica dos fatos.
2) Os fenômenos sociais são exteriores aos indivíduos: a sociedade não seria simplesmente a realização da natureza humana, mas, ao contrário, aquilo que é considerado natureza humana é, na verdade, produto da própria sociedade. Os fenômenos sociais são considerados por Durkheim como exteriores aos indivíduos, e devem ser conhecidos não por meio psicológico, pela busca das razões internas aos indivíduos, mas sim externamente a ele na própria sociedade e na interação dos fatos sociais. Fazendo uma analogia com a biologia, a vida, para Durkheim, seria uma síntese, um todo maior do que a soma das partes, da mesma forma que a sociedade é uma síntese de indivíduos que produz fenômenos diferentes dos que ocorrem nas consciências individuais (isto justificaria a diferença entre a sociologia e a psicologia).
3) Os fatos sociais são uma realidade objetiva: ou seja, para Durkheim, os fatos sociais possuem uma realidade objetiva e, portanto, são passíveis de observação externa. Devem, desta forma, ser tratados como "coisas".
4) O grupo (e a consciência do grupo) exerce pressão (coerção) sobre o indivíduo: Durkheim inverte a visão filosófica de que a sociedade é a realização de consciências individuais. Para ele, as consciências individuais são formadas pela sociedade por meio da coerção. A formação do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas, princípios morais, religiosos, éticos, de comportamento, etc. que balizam a conduta do indivíduo na sociedade. Portanto, o homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela.
que é um "fato social"?
Nas palavras do próprio Durkheim
"É fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda a maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais".
Ou ainda
"O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e afeta o grupo de alguma forma”.
Os fatos sociais, para Durkheim, existem fora e antes dos indivíduos (fora das consciências individuais) e exercem uma força coercitiva sobre eles (ex. as crenças, as maneiras de agir e de pensar existem antes dos indivíduos e condicionam coercitivamente o seu comportamento).
Durkheim argumenta, contrariando boa parte do pensamento filosófico, que "somos vítimas da ilusão que nos faz crer que elaboramos, nós mesmos, o que se impõe a nós de fora". E, respondendo àqueles que não crêem nesta coerção social que sofrem os indivíduos porquê não se pode senti-la, argumenta que "o ar não deixa de ser pesado embora não sintamos seu peso". Para Durkheim, o fato social é um resultado da vida comum, e ele propõe isolá-los para estudá-los. Desta forma, a sociologia deveria preocupar-se essencialmente com o estudo dos fatos sociais, de forma objetiva e científica.
Sobre a observação dos fatos sociais:
Para Durkheim, a ciência deveria explicar, não prescrever remédios. Este, para ele, era o problema da filosofia, ela tentava entender a natureza humana, pois aí, tudo o que estivesse de acordo com esta natureza era considerado bom, e tudo o que não estivesse era considerado ruim.
Para Durkheim, a observação dos fatos sociais deveria seguir algumas regras, tais como:
A. Os fatos sociais devem ser tratados como COISAS.
Para Durkheim, "é coisa tudo aquilo que é dado, e que se impõe à observação". Nem a existência da natureza humana nem o sentido de progresso no tempo, como admitia Comte por exemplo, fazia sentido, segundo Durkheim, dentro do método sociológico. Eles são uma concepção do espírito. Durkheim, neste sentido, é essencialmente objetivista, empirista e indutivista, ao contrário de Comte, o fundador da sociologia, que era considerado por ele como subjetivista e filosófico.
B. Uma segunda concepção importante no método sociológico de Durkheim, é de que, para ele, o sociólogo ao estudar os fatos sociais, deveria despir-se de todo o sentimento e toda a pré-noção em relação ao objeto.
C. Terceiro, o pesquisador deveria definir precisamente as coisas de que se trata o estudo a fim de que se saiba, e de que ele saiba, bem o que está em questão e o que ele deve explicar.
D. E quarto, a sensação, base do método indutivo e empirista, pode ser subjetiva. Por isto, deveria-se afastar todo o dado sensível que corra o risco de ser demasiado pessoal ao observador.
Sobre a construção de tipos sociais
Uma outra questão importante no método de Durkheim parte da necessidade de agrupar sociedades em tipos sociais, segundo a sua semelhança. Para o método sociológico, não interessava nem a perspectiva dos historiadores, que viam na história uma diversidade de sociedades muito grande, nem a filosófica, que agrupava toda a evolução histórica na idéia de humanidade, pela qual perpassava a realização da natureza humana. Segundo Durkheim, escapamos a esta alternativa tão logo se reconheça que, entre a multidão confusa das sociedades históricas (a infinidade de sociedades diferentes descrita pelos historiadores) e o conceito único, mas ideal, de humanidade (dos filósofos), existem intermediários que são as espécies sociais.
A constituição destes tipos sociais, de suma importância para a sociologia uma vez que Durkheim afirmava que a concepção de normal e patológico é relativa a cada tipo social, deveria seguir um método: (a) estudar cada sociedade individualmente; (b) constituir monografias exatas e detalhadas; (c) compará-las achando semelhanças e diferenças; (d) classificar os povos em grupos, segundo estas semelhanças e diferenças.
Este seria, para Durkheim, um método somente admissível para uma ciência da observação. O estudo e a representação destes tipos sociais foi descrita por ele como uma área específica da sociologia, denominada Morfologia Social, numa clara alusão aos estudos semelhantes na biologia.
Sobre a explicação dos fatos sociais
Durkheim afirmava que seus antecessores na sociologia (Comte e Spencer) explicavam os fatos sociais pela sua utilidade. Assim, para Comte, o progresso existe para melhorar a condição humana, ou para Spencer, para tornar o homem mais feliz. A família, para Spencer, se transformara pela necessidade de concilhar cada vez mais perfeitamente o interesse dos pais, dos filhos e da sociedade. Assim, os sociólogos tendiam a normalmente deduzirem o fato dos fins, ou seja, a explicação suprema da vida coletiva consistiria em mostrar como ela decorre da natureza humana em geral. Para Durkheim, porém, este método era errado. Segundo ele
"Mostrar como um fato é útil não explica como ele surgiu nem como ele é o que é" . "Para explicar um fenômeno social é preciso pesquisar separadamente a causa eficiente que ele produz e a função que ele cumpre" . Apesar disto, "para explicar um fato de ordem vital não basta explicar a causa da qual ele depende, é preciso também ao menos na maior parte dos casos, encontrar a parte que lhe cabe no
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