DOCUMENTÁRIO “CRISE” E “O QUE É JUSTIÇA?” POR MARINA VELASCO
Por: joao_vmc21 • 20/12/2018 • Trabalho acadêmico • 1.430 Palavras (6 Páginas) • 185 Visualizações
UNIVERSIDADE XXXXXXXXXXXX
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DOCUMENTÁRIO “CRISE” E “O QUE É JUSTIÇA?” POR MARINA VELASCO
UBERLÂNDIA
2017
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DOCUMENTÁRIO “CRISE” E “O QUE É JUSTIÇA?” POR MARINA VELASCO
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UBERLÂNDIA
2017
Robert Drew, cineasta norte-americano, descreve em seu documentário “Crise” um conflito racial na Universidade do Alabama, no qual, ao contrário do processo de integração étnica que acontecia no estado, o governador George Wallace tentava impedir a entrada de dois estudantes negros na instituição de ensino. Por outro lado, o irmão do então presidente John Kennedy, o Secretário de Estado Robert Kennedy, coloca-se contra a segregação racial no país ao impetrar uma ordem judicial em prol dos estudantes.
Em consonância com a leitura do segundo capitulo; do livro “O que é justiça“ de Marina Velasco, podemos fazer uma critica aos princípios jurídicos da segregação racial uma vez positivados nos Estados Unidos.
No documentário feito em 1964 é relatado um caso em que dois estudantes negros, James Hood e Vivian Malone, são impedidos de se matricularem na universidade pelo então governador George Wallace. Nessa época, o governo de John Kennedy tornava a segregação racial nas universidades um ato inconstitucional, mesmo em um estado considerado conservador como Alabama, onde a população não apoiava tal princípio e ainda apoiava-se na velha máxima racista “separados, mas iguais”, frase que fazia parte dos enunciados de emedas propondo a segregação como algo legal.
A situação revela um povo embrutecido e insensibilizado por um pensamento conservador e por um passado escravista, um povo que inferiorizava e segregava com base apenas em um simples fator fenotípico. Esse estado de impiedade foi desvendado por Hannah Arendt a partir do estudo de uma situação análoga em que percebeu-se a “banalidade do mal”. Este conceito refere-se ao quadro de massificação da população, em que o indivíduo dissolve-se e torna-se acrítico a ideias impostas pelo ideário e pelas tradições coletivos.
À medida que a segregação racial foi sendo entendida como algo preconceituoso e injusto abriu-se a possiblidade de novos debates sobre as injustiças cometidas através das separações éticas e violações dos direitos dos negros. O documentário entra em concordância com o livro de Marina Velasco, uma vez que considera as práticas segregacionistas injustas, fazendo com que os direitos tidos como fundamentais a todos os seres humanos sejam banalizados.
O debate sobre a igualdade como distribuição igual coloca em pauta a vontade individual em detrimento da fortuna, ou seja, as contingências que impedem as próprias escolhas, e respalda-se em uma igualdade de bens primários disponíveis a todos.
Entende-se, portanto, que se não existe a possibilidade que os bens primários sejam distribuídos a todos com igualdade, presume-se que não existe justiça. Concerne aqui o pensamento defendido pelo filósofo grego Aristóteles, que devido às injustiças do destino e aos infortúnios da sorte recomendava “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”.
O caso dos jovens negros impedidos de estudarem em uma universidade apenas por serem negros, mostra-nos que a sociedade está marcada com a intolerância racial e pouco provável serão respeitados os direitos fundamentais e a liberdade. Em regime de segregação racial, onde há forte repressão, os negros são perseguidos não apenas pela cor de sua pele, mas também por sua condição financeira, já que, na sua maioria, um está relacionado ao outro.
Já no que se trata de desigualdade de recursos, podemos citar Dworkin, que fala em suas obras a respeito de igualdade distributiva de bens privados. Esta, comumente, é retratada distante da igualdade politica, o que se faz incoerente, pois é somente por meio de uma igualdade política, mesmo mínima, que poderia existir uma igualdade na distribuição dos bens privados.
Dworkin também conceitua a responsabilidade que cada indivíduo tem com sua vida financeira, logo que por meio de cada escolha individual define-se se uma pessoa será bem ou mal sucedida. Portanto, é impossível falar de meritocracia em uma sociedade segregada, na qual a educação não é igual para todos e a política em relação aos deveres e diretos não é equivalente. O fato é que a segregação impede a obtenção de uma “vida bem sucedida” como no caso concreto dos negros barrados ao tentar entrar na universidade.
Assim prova-se a necessidade das políticas sociais e ações afirmativas serem efetivadas, fazendo com que sejam ampliadas as liberdades dos grupos existentes contidos na sociedade e haja, assim, igualdade de direitos.
Em alguns casos, a concepção de justiça, era somente aquela vinculada ao seu caráter formal de promoção de igualdade a todos, mas que não passa de uma folha de papel, por não se concretizar na realidade.
Essa construção formal não desenvolvia uma igualdade afetiva, mas alavancava uma crescente desigualdade ao tratar o corpo social como um todo, sem levar em consideração as desigualdades intrínsecas à sociedade, portanto sem beneficiar os menos privilegiados.
Dessa forma, faz-se necessário alcançar uma justiça em sentido substancial baseada na “igualdade de status”, ou posição, entre as pessoas, pautada em relações sociais de reconhecimento mútuo. De acordo com essa corrente, o ideal de igualdade que deveria ser alcançado, aponta essencialmente para as relações entre os indivíduos e não apenas para uma questão distributiva de certos bens. Uma sociedade justa e igualitária seria aquela que conseguisse superar as desigualdades, opressões e hierarquias de um grupo perante outros.
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