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Escola De Anales

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Por:   •  23/3/2014  •  9.603 Palavras (39 Páginas)  •  403 Visualizações

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_ Peter Burke – A Revolução Francesa da Historiografia 1

A REVOLUÇÃO FRANCESA DA HISTORIOGRAFIA: A ESCOLA DOS ANNALES (1929-1989)

Tradução Nilo Odália

2ª Edição

Editora UNESP

Fundação para o Desenvolvimento

Da UNESP São Paulo 1992

_ Peter Burke – A Revolução Francesa da Historiografia 2

Copyright © 1990 by Peter Burke

Título original em inglês: The French Historical Revolution: The Annales School 1929-1989.

Copyright © 1990 da tradução brasileira: Editora Unesp, da Fundação para o

Desenvolvimento da Universidade Estadual Paulista (FUNDUNESP) Av. Rio Branco, 1210 01206 – São Paulo – SP Fone/Fax: (011)223-9560

Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara brasileira rio Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

Burke, Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales 1929-1989 / Peter Burke; tradução Nilo Odália. – São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.

Bibliografia.

l. Annales (Revista) 2. França – história – Revolução Francesa – Historiografia 3. Historiadores – França l. Título.

91-04028 CDD -

-

944.04072 944.0072

2. Historiógrafos: História 944.0072

1. Escola dos Annales: Historiógrafos: França 944.00072 3. Historiografia: Revoluçào Francesa 944.04072 4. Historiógrafos: França: História 944.0072 5. Revolução Francesa: Historiografia 944.04072 ISBN 85-7139-0013-4

_ Peter Burke – A Revolução Francesa da Historiografia 3

Índice Apresentação Prefácio 1. O Antigo Regime na Historiografia e seus Críticos

2. Os Fundadores: Lucien Febvre e Marc Bloch

I – Os anos iniciais I – Estrasburgo I – A criação dos Annales IV- A Institucionalização dos Annales

3. A Era de Braudel I – O Mediterrâneo

I – O Braudel das últimas obras I – O nascimento da História Quantitativa

4. A Terceira Geração

I – Do porão ao sótão I – O “terceiro nível” da história serial I – Reações: Antropologia, Política, Narrativa

5. Os Annales numa perspectiva global

I – A acolhida aos Annales I – Um balanço final

Glossário: A linguagem dos Annales Bibliografia: As obras e os estudos principais dos Annales

_ Peter Burke – A Revolução Francesa da Historiografia 4

Apresentação

Em seu famoso livro sobre a história da historiografia, Fueter1 chama a atenção pára o fato de que toda nova abordagem histórica se origina de um acontecimento que determina o rumo da própria história. A insatisfação que os jovens Marc Bloch e Lucien Febvre demonstravam, nas décadas de 10 e 20, em relação à história política, sem dúvida estava vinculada à relativa pobreza de suas análises, em que situações históricas complexas se viam reduzidas a um simples jogo de poder entre grandes – homens ou países – ignorando que, aquém e além dele, se situavam campos de forças estruturais, coletivas e individuais que lhe conferiam densidade e profundidade incompatíveis com o que parecia ser a frivolidade dos eventos. Se a história, como sempre pretendeu Febvre, era filha de seu tempo, não seria possível continuar a fazer esse tipo de história convencional que nem correspondia aos anseios de uma humanidade que vivia, nessas décadas, momentos de convulsões e rupturas com o passado, nem conseguia responder satisfatoriamente às exigências do novo homem que daí surgia.

A necessidade de uma história mais abrangente e totalizante nascia do fato de que o homem se sentia como um ser cuja complexidade em sua maneira de sentir, pensar e agir, não podia reduzir-se a um pálido reflexo de jogos de poder, ou de maneiras de sentir, pensar e agir dos poderosos do momento. Fazer uma outra história, na expressão usada por Febvre, era portanto menos redescobrir o homem do que, enfim, descobri-lo na plenitude de suas virtualidades, que se inscreviam concretamente em suas realizações históricas. Abre-se, em conseqüência, o leque de possibilidades do fazer historiográfico, da mesma maneira que se impõe a esse fazer a necessidade de ir buscar junto a outras ciências do homem os conceitos e os instrumentos que permitiriam ao historiador ampliar sua visão do homem. Como em Michelet, não se desprezava o subjetivo, a individualidade, como em Marx ou em outros historiadores que assentavam suas análises no econômico e no social; não se esquecia de que as estruturas sempre têm algo a dizer a respeito do comportamento do homem; e como Burckhardt, afirmava-se que o homem não se confinava a um corpo a ser mantido, mas também um espírito que criava e sentia diferentemente, em situações diferençadas.

Talvez resida nessa intenção de diversificar o fazer historiográfico a maior contribuição de Bloch e Febvre, quando, além de produzirem uma obra pessoal significativa, fundaram a revista Annales, com o explícito objetivo de fazer dela um instrumento de enriquecimento da história, por sua aproximação com as ciências vizinhas e pelo incentivo à inovação temática.

1 Fueter, Ed. historia dela Historiografia moderna. Trad. Argentina. Buenos Aires, Editora Nova, 1953. 2 v.

_ Peter Burke – A Revolução Francesa da Historiografia 5

Duas personalidades, dois temperamentos, duas maneiras de abordagem do homem harmonizando-se numa combinação que possibilitou o franqueamento das fronteiras

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