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Fichamento Do Livro O PECADO DO DESCRÉDITO AO APROFUNDAMENTO

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Por:   •  16/8/2014  •  2.289 Palavras (10 Páginas)  •  700 Visualizações

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CAPÍTULO II

O MAL: O PRIMEIRO DOS MISTÉRIOS

A pergunta sobre as raízes mais profundas do pecado nos faz deparar, em primeiro lugar, com o mistério do mal. Pois o mal não é um problema entre outros: ele rege todos os outros. Todos os pecados são uma manifestação de um mal, que ultrapassa a nossa compreensão.

O mal apresenta-se como um drama existencial. Por isso mesmo, teologicamente, parece preferível abordar o mal como mistério. O mistério não significa, porém, aquilo que é inacessível á inteligência humana. Por sua profundidade, o mistério é inesgotável. Por isso, o mal se constitui num dos maiores mistérios.

A teologia clássica divide o mal em três categorias: cósmico, físico, moral (pecado). Esta teologia se preocupa sobretudo em inocentar Deus de qualquer responsabilidade com referência a qualquer tipo de mal. Esta tentativa de racionalização da teologia clássica passa por vários caminhos. Um primeiro é constituído pelo esvaziamento da realidade do mal. Outro caminho é olhar a história humana na sua totalidade. Outro caminho é admitir que Deus não quer o mal, penas o permite. Finalmente, o caminho mais trilhado é o jogar a responsabilidade sobre o mau uso da liberdade humana.

Em consonância com a teologia clássica, Chardin vai afirmar que o mal moral não provém de Deus. Mas, é resultante de um acidente (o pecado original). Para ele, os males físicos e cósmicos fazem parte integrante de um mundo em vias de auto-realização na busca do ponto Ômega.

O mal estaria presente na dinâmica de um processo criador, não como armadilha fatal, mas como oportunidade de o ser humano participar ativamente na obra criadora, desvelando o cosmos escondido no caos e fazendo o bem emergir do próprio mal.

Pelo fato de ser criado, o mundo, quando comparado com Deus, só pode parecer imperfeito, quebrado. E é nesta imperfeição que a nossa razão e a nossa consciência localizam o mal.

O mal é de fato um mistério para o qual não encontraremos resposta racionalmente satisfatória. Mas uma coisa é clara: a dialética bem e mal só existe no ser humano e na história dele. Ela não existe em Deus, porque em Deus não há antítese; só há síntese. O ser humano sente o peso do mal na medida em que se afasta da perspectiva da síntese que existe na própria antítese, na medida em que não percebe a síntese da qual saiu e para a qual deve caminhar.

A maior preocupação do Catecismo consiste em articular o mal com a providência divina. Há no Catecismo mais uma profissão de fé do que uma preocupação de explicar o inexplicável.

CAPÍTULO III

O PECADO ORIGINAL: O REVERSO DA BOA NOTÍCIA

A história da teologia do pecado original é um encadeamento de confusão, equívocos e questões não resolvidas.

O que nos diz a Revelação sobre o pecado original? Começando pelo NT, sendo que este já se encontra de alguma forma no AT. Devemos ler o AT testamento a partir de Jesus Cristo. Ele é o núcleo central de toda Revelação. Só assim, o que se denomina de pecado original deixará de parecer uma pedra solta e aparecerá como componente de todo um edifício bem construído.

São Paulo é quem de modo mais incisivo detecta a força do pecado. E é sobretudo na Carta aos Romanos que ele, de modo mais claro, elabora a universalidade do pecado e a necessidade que todos têm da redenção em Jesus Cristo.

Para São Paulo o “mistério da iniqüidade” (2Ts 2, 7) só se explica à luz do “mistério da piedade” (1Tm 3, 16). “É preciso conhecer a Cristo como fonte da graça para conhecer Adão como fonte do pecado” (CIC, n.388). São Paulo na Carta aos Romanos quer estabelecer uma antítese perfeita entre Adão e Cristo [...] estabelece ainda um paralelo comparativo, apoiados na solidariedade (homoíôma) tanto no pecado com Adão, quanto na graça com o Cristo. À intenção primeira de São Paulo não é nem o pecado original, nem o pecado originário. É a redenção operada por Cristo Jesus. Pois, na sua raiz, o mal já foi vencido pelo Cristo.

O pecado original diz respeito à condição pecadora na qual todo ser humano nasce, o pecado originário diz respeito à entrada do pecado no mundo.

A propósito do pecado original, isto se verificou ao menos em três momentos cruciais, com seus naturais desdobramentos. O primeiro ameaça indiretamente a integridade da fé: é a questão dos “lapsi”. O segundo é diretamente vinculado ao pecado original que vai explodir com Pelágio e seus partidários. O terceiro é suscitado por Lutero que vai desembocar no Concílio de Trento.

No CIC encontra-se a última tomada de posição oficial em relação ao pecado original. O novo Catecismo insiste que não se pode entender o pecado original fora do horizonte da Revelação, sem o qual se é “tentado a explicá-lo unicamente como falta de crescimento” (n. 387).

Colocando-se numa perspectiva histórico-salvífica, nada se nega da doutrina do pecado original, mas, ao contrário, ressalta-se Cristo como o arquétipo de todos os seres. [...] Destarte, quando os seres humanos nascem, não nascem apenas na situação de pecado, mas também numa situação de redenção.

CAPÍTULO I

ENTRE O DESCRÉDITO E O APROFUNDAMENTO

O pecado nunca esteve tão desacreditado como em nossos dias. Já na década de 1940, o então Papa Pio XII proclamava: “o grande pecado de hoje consiste em os homens terem perdido o sentido do pecado.”

A escala de valores [...] já não responde aos anseios do mundo moderno. Estes são profundamente questionados e substituídos por outros.

Pecado é realidade íntima, estritamente pessoal, que pouco tem a ver com a realidade externa, muito menos com a social. Já uma antropologia mais orgânica vai permitir que se leia teologicamente o pecado como um processo de desumanização.

Embora o pecado independa propriamente de uma religião institucionalizada, pois ancora-se num nível ético, não há como negar que as religiões foram as grandes vinculadoras das diversas compreensões de pecado.

Uma concepção rigorista de Deus levará a uma concepção rigorista de pecado. E vice-versa. A nossa compreensão de pecado está intimamente associada á nossa compreensão de Deus.

Freud,

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