Filosofia para o esclarecimento
Por: Alexandre Lunardi Testa • 10/10/2017 • Resenha • 1.124 Palavras (5 Páginas) • 342 Visualizações
Filosofia para o esclarecimento[1]
Alexandre Lunardi Testa[2]
ALVES, Dalton José. Filosofia no ensino médio. Campinas: Autores Associados, p.109 – 128, 2002. [Capítulo três: Por que filosofia no currículo do novo ensino médio?].
Danton José Alves possui graduação em filosofia e doutorado em Educação. Atualmente, é professor adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Atua na área de Filosofia e História da Educação e também computa pesquisas sobre trabalho e educação. Entre seus principais trabalhos encontra-se: O ensino de filosofia na educação escolar brasileira: conquistas e novos desafios; Trabalho, educação e emancipação humana sob a lógica do capital: emancipar de quê?; e por fim, o livro Filosofia no ensino médio, que terá seu terceiro capítulo analisado no decorrer do texto.
Na primeira parte do texto, Alves (2002) aborda a noção atual que permeia a educação básica brasileira, indicando alguns de seus problemas frente a má formação dos estudantes, que são responsabilizados totalmente pelo seu déficit de aprendizado, mediante a perspectiva construtivista utilizada: ‘[...] ele [o aluno] apenas estará colhendo o que plantou [...] por não ter desempenhado bem o seu papel de sujeito da própria formação; ”(Alves, p.113).
O autor apresenta na sequência uma concepção estritamente marxista do ambiente escolar, definindo uma atuação em prol de “assegurar uma hegemonia da nova ordem mundial”, isto é, o autor relata que a escola trabalha para a formação de alunos trabalhadores, coordenados pela demanda do mercado capitalista. Esta discussão acaba levando a duas concepções diferentes da escola, uma que ela pode ser uma instituição redentora da sociedade, enquanto a outra apresenta a noção de que nada pode vir dela, pois é uma instituição falida.
Uma saída para isso, segundo o autor, é de que a escola não deveria talhar o aluno com uma finalidade objetiva, neste caso, tecnicista. O professor deve possibilitar que o aluno fundamente sua noção de aprendizado e conceba que é necessário “aprender a aprender”, e não mais aprender técnicas definidas, que não comportam mais uma boa educação em um ambiente em constante mudança. Há, aqui, uma defesa da concepção cognitivista do professor em relação aos alunos. Quando se nega a escola como possível transformadora do ambiente social comete-se um equívoco, afirma Alves. O problema da escola é o trabalho político feito por ela em relação a manutenção de um sistema capitalista. O que se deve fazer tange a noção de que o estudante deve “aprender a aprender”, tomar uma consciência de si, o aprendizado deve se fazer de forma “crítica e coerente”, não de forma “servil e passiva”.
Na segunda parte do texto, explica a necessidade da filosofia no ensino médio, diante das afirmações de emancipação do conhecimento justificadas na primeira parte do texto. Segundo Alves (2002), a Filosofia pode contribuir para que os estudantes desenvolvam um pensamento criativo, reflexivo e intencional. Isto porque a filosofia vai às raízes das questões, não focando em temáticas tão utilitaristas e superficiais e, mesmo que as outras disciplinas sejam capazes de fazer isso, se justifica no currículo como uma disciplina de mediação: “[...] o acesso aos conhecimentos filosóficos e o domínio da metodologia de análise e crítica da realidade que a filosofia proporciona são motivos que justificam a sua introdução no currículo [...]”.
Para o autor, a Filosofia possibilita o contato do estudante com a produção intelectual produzida ao longo da humanidade, levando, assim a uma percepção e construção crítica do pensamento. A inclusão da filosofia no currículo vem para possibilitar que o aluno exerça sua função crítica a concepção de mundo que lhe é transmitida. A disciplina também tem uma função de mediar a capacitação do estudante com relação ao mundo, de forma que possam observar e atuar diante da sua realidade. Em outros termos, a Filosofia deve ser ensinada ─ no seu âmbito clássico com sua devida transposição de conteúdo em relação ao ensino médio ─ para que sirva de exemplo de exercício crítico. A base teórica da filosofia em nada diverge da base teórica das demais disciplinas do currículo, tendo, também, conteúdo teórico para ser apresentado aos estudantes.
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