INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA PROFESSORA
Por: july queiroz • 14/12/2021 • Trabalho acadêmico • 1.341 Palavras (6 Páginas) • 184 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
PROFESSORA: Francisco José Dias de Moraes
ALUNO (A) (E): July Queiroz dos Santos
MATRÍCULA: 20210018472
Questão 1: Um conceito fundamental da metafísica aristotélica é, sem dúvida, o conceito de substância (οὐσία). Aristóteles entende este conceito como algo mais do que um simples conceito entre outros. A noção de substância está para Aristóteles assim como a noção de ideia está para Platão. Há no mundo, para ele, entidades substanciais que podem ser determinadas separadamente de seus predicados acidentais e que podem ser definidas em sua essência. Na obra As categorias, Aristóteles menciona a substância como categoria primeira, e estabelece uma importante distinção entre substância primeira e substância segunda, a qual será abandonada por ele mais tarde. Explique o que Aristóteles entende por substância primeira n’As categorias e evidencie de que maneira a posição metafísica assumida pelo Estagirita pode representar uma certa “inversão do platonismo”. (5,0 pontos)
Aristóteles, na obra Categorias (MATA, 2018), no prefácio Wolff afirma que Aristóteles “ para impedir que tudo seja um e o mesmo, não há a menor necessidade "de introduzir o não ser no ser", basta distinguir os diversos sentidos do "ser", que são, ao mesmo tempo, diversos gêneros de seres e diversos modos de ser - as categorias”.
Diante disso, na sua obra Categorias, Aristóteles define por substância, “aquilo que é em si e por si e não em outra coisa”, desse modo, é a base ou essência pelo qual a matéria se constitui em algo seguindo uma forma. É por meio dessa substância que atuam os postulados Aristotélicos das quatro causas, a saber: primeira - aquilo que é o início de todos os seres e que possibilita conhecê-lo; segunda - as causas formal, material, eficiente ou motora e final de todas as coisas; terceira - o substrato, ou sujeito, que se pode dizer alguma coisa (qualidades, quantidades, lugares e tempos); quarta - a essência daquilo que existe, isto é, sua natureza, sem a qual a coisa não seria o que é.
Ademais, Aristóteles afirma que essa substância pode ser dividida em duas partes (substância primeira e segunda): enquanto a primeira tem relação com os seres particulares, individuais, que realmente existem, ou seja, a referência imediata, podemos tomar por exemplo a banana que é substância, pois existe por si mesmo, contudo o amarelo é acidente, pois não existe em si mesmo, uma vez que, é preciso de uma outra substância para existir, ou seja, banana amarela, ou banana verde. Nessa substância estão contidas tanto a essência quanto os acidentes (o ser que não existe por si mesmo, ou seja, existe em outro ser); já a segunda substância: refere-se aos universais entendidos ou retirados dos indivíduos (por isso são referências mediadas pelo pensamento, pelo raciocínio). Sua existência tem dependência direta dos indivíduos, que são classificados em gêneros e espécies. A substância é sempre sujeito, isto é, aquilo do que se fala, do que se atribui.
Diante do exposto, podemos supor que a posição assumida por Aristóteles pode ser considerada uma inversão do platonismo, uma vez que, Platão considera que a substância mesmo não é a matéria, é a própria forma que subsiste além da matéria e que está no mundo das ideias, ou seja, opera metafisicamente em modo inverso , pois ele afirmar ser a ideia, o ser separado do sensível, ele o faz a partir de sua obra Fédon em que utiliza os casos de igualdade( que aspiram o igual em si e nunca alcança. ), desse modo, o que é em si separado para Platão é a ideia, o inteligível, que não se pode acessar sensivelmente. Ademais, podemos chamar de inversão do platonismo em Aristóteles a noção de substância primeira, que neste caso é o indivíduo, a noção de ideia em Platão pode ser entendida em Aristóteles, como o individual. Como também, a substância para o Aristóteles é uma junção entre a matéria e a forma.
Questão 2: No livro IV de sua Metafísica, obra que chegou até nós por meio de uma compilação de escritos organizada por Andrônico de Rodes (séc. I a.C), Aristóteles enuncia o assim chamado “mais seguro de todos os princípios”, aquele a respeito do qual seria impossível estar em erro: o princípio de não-contradição (PNC). Mesmo considerando impossível demonstrar este princípio, Aristóteles realiza um procedimento demonstrativo que chama demonstração elênctica” ou “demonstração por refutação”, por meio do qual pretende evidenciar a impossibilidade em que nos encontraríamos de não admiti-lo. Identifique alguns dos argumentos utilizados por Aristóteles para provar o caráter absolutamente seguro do PNC e comente a afirmação do lógico polonês Jean y, segundo a qual “a lei de contradição é com toda a certeza falsa. Ela poderia ser verdadeira, e, então, estaria formalmente demonstrada, apenas se a palavra “objeto” designasse unicamente objetos sem contradição. ”
...