INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Por: mirellafausttino • 22/5/2017 • Trabalho acadêmico • 3.529 Palavras (15 Páginas) • 261 Visualizações
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
PROFESSOR: ERMANO RODRIGUES
TURMA: MP4
MIRELLA FAUSTINO DO NASCIMENTO
ANÁLISE CRÍTICA DO LIVRO: O BANQUETE
RECIFE, 16 DE MARÇO DE 2017
Introdução
Com base no livro de Platão, O banquete, que pode ser considerado um diálogo ou uma narrativa, é um duelo de argumentos, no qual cada filósofo presente no banquete expressa o que conhece sobre o amor, em geral se dirigem ao amor como um deus e que sua existência se faz necessária para a vida humana, pois através do Eros se tem acesso as virtudes e os inspira a tomar atitudes benéficas. A partir desse contexto, é válido analisar os sete discursos dos sete filósofos, que são respectivamente: Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agáton, Sócrates e Alcibíades.
A visão do amor em 380 a.C, ano que o livro foi escrito, é bastante diferente dos dias atuais, pois, em sua maioria eles retratam o amor como algo puro, o que não se reflete ao todo nas relações modernas, pautadas no individualismo, durante a obra eles citam sacrifícios, doação, encontro de almas, etc. Mas, observa-se também que outros pontos são atuais, quando é retratado o tema da homossexualidade, ou do amor vulgar.
Os temas abordados pelos filósofos foram abordados por muitos outros pensadores e artistas no futuro, o que comprova que independente de cada um ter apresentado argumentos diferentes, baseados na sua visão de mundo, existe uma veracidade em cada discurso que tem como tema o amor, através disso, é possível abrir uma maior reflexão e fazer analogias com as ideias dessas grandes personalidades com influência no Brasil ou no mundo.
Desenvolvimento analítico-crítico
O livro o banquete, do filósofo grego Platão, relata uma narrativa feita por Apolodoro a um amigo, na qual é apresentado por ele o diálogo entre filósofos distintos que ocorreu um dia após uma festa em um banquete fornecido por Agáton, ele apresenta informações que diz ter recebido de Aristodemo, amigo e seguidor de Sócrates que esteve presente como um penetra, o assunto abordado por esses discursos é o amor, que no grego é retratado como o deus Eros. Para fazer essa análise, dividiremos, pois, a narrativa, em três partes.
- Os cinco discursos:
1.1 Discurso de Fedro
Sendo Fedro o primeiro a discursar, adota a ideia de que o amor é o mais velho e maior dos deuses, além de ser o mais admirado pelos homens. Diz que as ações desonestas estão ligadas a desonra e as boas ao Eros, e da um exemplo de como as relações amorosas afetam o homem mais do que as familiares ao relatar que se um homem comete uma ação desonrosa sofre muito mais com a reprovação da pessoa amada do que se viesse de qualquer outro indivíduo próximo, contudo, através disso, chega à conclusão de que em um estado formado por amantes e amados todos seriam estimulados para a prática de boas coisas, pois o amor inspira o bem e impede o mal. Logo após, concluindo assim o seu discurso, traz uma reflexão sobre os sacrifícios praticados pelos amantes, trazendo à tona alguns mitos nos quais os deuses recompensam quem ama, pois segundo ele, quem ama é mais divino do que o ser amado e por consequência possui em si divindade.
O que Fedro aborda em seu discurso, foi apontado também numa realidade distinta e em outra temporalidade, mas que se fosse analisado pelo filósofo poderia ser visto da mesma maneira. Na escola literária romântica brasileira, José de Alencar, no livro O guarani, retrata a história de Peri que é apaixonado por Ceci e que se sacrifica tomando veneno para proteger a amada de um ataque de uma tribo indígena a sua casa, mas no decorrer da trama, por amor a ela, ele abdica do seu ato heroico tomando um antidoto e no fim os dois ficam juntos. Baseado no discurso de Fedro pode-se observar que o amor inspira atitudes heroicas e grandes sacrifícios, merecedoras de um reconhecimento divino a ponto de mudar o percurso que a história segue para que os amantes sejam recompensados pelas atitudes tomadas.
1.2 Discurso de Pausânias
O segundo a discursar nega o discurso do anterior e afirma que existem dois tipos de Eros e que a apenas um deve-se dirigir as homenagens. Segundo ele, existe o amor vulgar e o celeste, relata que nem todo Eros é belo e traz coisas boas, mas se torna dotado de beleza quando encaminha para o que é belo e louvável. Diz que o amor vulgar se realiza por acaso e é o com ele que os homens inferiores amam, estes que por sua vez amam mais o corpo do que o espirito, apenas dirigidos pela concupiscência, portanto esse amor resulta efeitos que dependem do acaso, podendo ser bons e maus. Ao ver de Pausânias o amor celeste retrata o amor para a vida toda entre amantes com maturidade, pois assim impediria que gastassem tempo e esforço com algo incerto. A partir dessa análise ele afirma que os amantes vulgares tornaram o amor desonesto, fazendo com que seja considerado feio, por muitos, fazer favores aos amantes, essas pessoas se baseiam na imoralidade do amor vulgar, pois quando tem como característica a moral e é celestial não há nenhuma repreensão. Acredita, por fim, que a o amor não é simples, que as coisas não são boas nem más, depende de com que modo serão feitas e que é perfeitamente honroso entregar-se em nome da virtude.
No livro Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis aborda um amor que ao ver de Pausânias seria considerado como um amor vulgar ao retratar o relacionamento de Marcela com Brás, uma relação pautada no interesse, o livro apesar de ser do Romantismo, traz temas corriqueiros e tem traços realistas, Brás Cubas é a representação do burguês brasileiro, destituído de otimismo, o qual suas relações são dotadas de jogos de interesse, o que, de fato, é muito comum atualmente e que tem base no individualismo que está em ascensão no mundo moderno, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, que abrange no conceito de modernidade liquida, citando a volubilidade das relações modernas entre os indivíduos, relações essas que são priorizam o corpo ao invés da alma.
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