Inquietações Acerca Dos Tempos Modernos

Já nem temor ou esperança aguardam o fim do animal agonizante que é o homem, outrora

tido como racional entre as demais espécies, agora assiste ao seu próprio fim.

Nem mesmo os milênios de existência outorgaram ao homo sapiens o sábio e impreterível

exercício da coexistência. Os verbos consumir, desmatar e matar acompanhados de tantos

outros, trouxeram à alma humana nos últimos tempos, inquietações tão profundas que até

mesmo os mais importantes valores foram e são deturpados a cada dia.

Vivemos tão rápido os dias de hoje, que sequer temos tempo para desfrutarmos toda a

tecnologia e conforto que certas coisas podem nos ofertar. Os aromas e os sabores da vida

agora são outros. Nossos sentidos estão sendo adequados para o efêmero dos tempos

modernos, já não nos olhamos mais nos olhos, tornamo-nos impassíveis frente à violência, a

morte, a fome, a insensibilidade e desamor para com o próximo. Agora somos muito rápidos,

porém infinitamente mais superficiais.

Estreitamos laços graças aos fascinantes adventos das tecnologias da comunicação, podemos

atravessar continentes em um piscar de olhos, mas somos incapazes de cruzarmos e

enxergamos as fronteiras mais próximas; o outro é uma terra desconhecida, por isso precisa

ser respeitado.

O planeta caminha a cada dia para um destino que sabemos muito bem qual é, contudo, ainda

não aprendemos a manejar uma antiga e poderosa arma, os gregos diziam que ela é a

indeterminação da condição humana, a liberdade. Liberdade é fazer o que se quer com a sua

existência, porém é preciso lembrar-se que a identidade só existe a partir da alteridade, o eu

só existe a partir do outro, logo, estamos todos interligados, não importa a raça, crença,

nacionalidade ou espécie. Isso os homens modernos esqueceram-se por completo, somos

feitos de uma mesma matéria, diferimo-nos apenas por nossa essência, cada um, guarda em si

um tesouro único e inestimável, o de simplesmente ser quem é. Por isso seja você mesmo, só

não seja sempre o mesmo. Repense cada gesto, doe-se mais, seja educado e humano, lembre-

se de que o maior inimigo do homem é sua ignorância.



Igor Silva Fagundes

Belo Horizonte - MG