Introdução Ao Saber Filosófico
Artigo: Introdução Ao Saber Filosófico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: linecm • 29/10/2014 • 1.751 Palavras (8 Páginas) • 563 Visualizações
BREVE INTRODUÇÃO AO SABER FILOSÓFICO
CONCEITUAÇÃO
O termo filosofia é de origem grega e significa literalmente “amor à sabedoria” ou “amigo da sabedoria”. Em grego, φιλο (philo) = amor de amigo, amizade, e σοφία (sophia) = sabedoria. A palavra φιλο deriva do vocábulo φιλία (philia), que, em língua grega, traduz a expressão amor; na verdade, um dos sentidos da palavra amor, a amizade, o amor de amigo, amor fraterno. Segundo alguns autores, a palavra foi inventada por Pitágoras, pensador grego, que, certa vez, ouvindo alguém chamá-lo de sábio e considerando esse título muito elevado para si mesmo, pediu que o chamassem simplesmente de filósofo, φιλο (philo) = amigo e σοφός (sophos) = sabedoria, saber, sábio, isto é, amigo da sabedoria ou amante do saber.
Mas, o que é a sabedoria, a célebre sophia dos gregos?
A palavra sophia pode significar simplesmente a Verdade - aquilo que os gregos chamavam αλήθεια (alétheya). Outros entendem a sabedoria como a arte do bem viver. Enfim, a sabedoria como o sentido das coisas e de tudo, a razão existencial dos seres.
O filósofo Sócrates entendia a filosofia como a arte de bem viver, numa definição pragmática, eivada de moral, como todo o restante de sua doutrina, que está voltada para a realização plena do ser humano, a felicidade, fim supremo ao qual se destina.
O seu discípulo Platão afirmava que a admiração é o fundamento do processo filosófico e que a primeira virtude do filósofo é admirar-se, pois a admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar, o que marca a Filosofia como busca permanente da Verdade.
Já Aristóteles, gênio científico e sistematizador, definia a Filosofia como “o estudo das causas últimas de todas as coisas”, ou seja, a Filosofia não se contenta com a superficialidade, mas desce à profundidade e procura exaurir o tema abordado.
Descartes, filósofo francês da corrente racionalista, como matemático e estudioso da Lógica, reduziu a Filosofia à esfera da Lógica, quando afirmava que aquela “ensina a raciocinar bem”.
Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filosofia que se possa aprender, só se pode aprender a filosofar”, o que significa dizer que a Filosofia é, sobretudo, uma atitude, um pensar permanente, um conhecimento instituinte, no sentido de questionar o saber instituído.
E, para encerrar esta série de definições, convém citar o filósofo contemporâneo Merleau-Ponty, para quem “a verdadeira Filosofia é reaprender a ver o mundo”, isto é, a Filosofia é uma reflexão (do latim reflectere = fazer retroceder, voltar atrás), através dela se consegue retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar-se para si mesmo e colocar em questão o que já se conhece.
NATUREZA DA FILOSOFIA
O natural desejo de saber, fonte das ciências, constitui a natureza mesma da Filosofia. O desejo de saber é essencial ao homem e universal no tempo e no espaço. Diz Aristóteles que “todo homem está naturalmente desejoso de saber”. E esse desejo se manifesta desde que nasce o ser humano.
De fato, se um bebezinho pudesse falar, na certa ele diria alguma coisa sobre o novo e estranho mundo a que chegou, depois de alguns meses vividos na barriga da mãe. Pois, apesar de a criança ainda não saber falar, pode-se ver como ela olha tudo ao seu redor e quer tocar com curiosidade em todos os objetos que vê. Mais tarde, vem a linguagem e a formulação dos “porquês” e dos “como”, que a criança não cessa de fazer. Infelizmente, quando crescem um pouco mais, parece que essa capacidade de questionar vai desaparecendo. Ou será que vai sendo tolhida? Que pena!
Para as crianças, o mundo – e tudo que nele há – é uma fascinante novidade, algo que desperta a admiração. Lamentavelmente, nem todos os adultos veem as coisas dessa forma. Na verdade, a maior parte das pessoas vive tão absorvida pelo cotidiano que a admiração pela vida acaba sendo completamente reprimida. Elas simplesmente se acomodam diante da realidade, tornam-se apáticas e indiferentes. A maioria dos adultos vivencia o mundo como algo absolutamente normal.
É precisamente nesse ponto que os filósofos constituem uma louvável exceção. Os filósofos e as crianças têm uma importante característica em comum. Pode-se dizer que um filósofo permanece, a sua vida toda, tão receptivo e sensível às coisas quanto um bebê. Um filósofo, portanto, nunca é capaz de se habituar completamente com este mundo. Para ele, o mundo continua a ser um enigma, um segredo, objeto de sua admiração. Ele será eterno questionador, crítico, inquieto, sonhador...
OBJETO
A Filosofia é um conhecimento, uma forma de saber que, como tal, tem uma esfera própria de competência, a respeito da qual procura adquirir informações válidas, precisas e ordenadas.
Mas, enquanto é fácil dizer qual é o objeto de estudo das várias ciências particulares, o mesmo não se dá com a Filosofia. Sabe-se, por exemplo, que a astronomia estuda os astros, a botânica, os vegetais, a química, as substâncias, a sociologia, o fato social, a psicologia, o comportamento humano etc. Quanto à Filosofia, o que ela estuda? No dizer dos filósofos, ela estuda todas as coisas. Deve-se, então, concluir que a Filosofia estuda tudo?
Sem dúvida, de um ponto de vista material, Ciência e Filosofia se aplicam ao mesmo objeto: o mundo e o homem. Mas, evidentemente, cada ciência particular estuda esse objeto comum sob um aspecto que lhe é próprio (objeto formal). Assim, cabe a Filosofia conhecer a natureza profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins derradeiros.
MÉTODO
Denomina-se método ao conjunto de processos empregados para chegar ao conhecimento ou à demonstração da Verdade.
A Filosofia se utiliza, a um só tempo, do método experimental e do método racional. O ponto de partida da Filosofia será normalmente tomado na experiência. É de fato, pelas propriedades das coisas, que se conhece sua natureza e é pela experiência que se descobre essas propriedades.
No entanto, a Filosofia quer ir além da experiência sensível e chegar até às causas primeiras, as quais não podem ser vistas nem
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