Maquiavel
Trabalho Universitário: Maquiavel. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: joanadarc2015 • 12/3/2015 • 4.981 Palavras (20 Páginas) • 277 Visualizações
Nicolau Maquiavel – O Príncipe
Ao Magnífico Lourenço, Filho de Pedro de Médici
Freqüentemente, é costume dos que desejam para si as boas graças de um Príncipe,
dar-lhe as coisas que lhe são mais caras, ou com as quais o vêem agradar-se; deste modo,
inúmeras vezes, eles são mimoseados com cavalos, armas, tecidos bordados a ouro, pedras
valiosas e demais ornamentos dignos de sua grandeza. Querendo eu ofertar a Vossa
Magnificência uma prova qualquer de minha obrigação, não encontrei, entre as minhas
posses, nada que mais prezado me seja ou que tanto estremeça. quanto o conhecimento das
ações dos grandes homens adquiridos por uma longa experiência das coisas atuais, e uma
repetida lição das antigas; as. quais, tendo eu, com muito afinco, detidamente estudado,
examinado-as, remeto agora a Vossa Magnificência, reduzidas a pequeno volume. E não
obstante considere esta obra indigna da Presença de Vossa Magnificência, não menos confio
em que, por humanidade desta, deva vir a ser aceita, visto que não lhe posso fazer regalo
maior do que lhe propiciar a faculdade de adquirir em tempo mui breve o aprendizado de tudo
quanto, em tão dilatados anos e à custa de tantos atropelos e perigos, hei conhecido. Não
enfeitei esta obra e não a enchi de períodos sonoros nem de palavras empoladas e floreios ou
de nenhuma espécie de lisonja ou ornamento externo com que usam muitos descrever ou
enfeitar as próprias obras; pois não desejei que nenhum outro fosse seu ornato e a torne
agradável a não ser a variedade da matéria e a gravidade do assunto. Menos desejo que por
presunção se tenha o fato de um homem de baixa e ínfima condição discorrer e regular a
respeito do governo dos príncipes; visto como, aqueles que desenham os contornos dos países
postam-se na planície para apreender a natureza dos montes, e para apreender a das planícies
sobem aos montes, do mesmo modo que para bem aquilatar a natureza dos povos é preciso ser
príncipe. e para aquilatar a dos príncipes é preciso ser povo. Receba. portanto, Vossa
Magnificência este pequeno presente na tenção em que o mando. Se for esta obra considerada
e lida cuidadosamente, conhecerá Vossa Magnificência o meu sincero desejo que atinja
aquela grandeza que a Fortuna e demais qualidades lhe asseguram. E se Vossa Magnificência,
do píncaro de sua altura, voltar alguma vez os olhos para baixo, conhecerá quão sem motivo
aturo uma enorme e continuada má fortuna.
O PRÍNCIPE
CAPíTULO I
DE QUANTAS ESPÉCIES SÃO OS PRINCIPADOS. E QUANTAS SÃO AS
MANEIRAS EM QUE SE ADQUIREM
Todos os Estados, os domínios todos que existiram e existem sobre os homens, foram e são
repúblicas ou principados. Os principados. ou são hereditários. e seu senhor é príncipe pelo
sangue.de longa data. ou são novos. São os novos inteiramente novos, tal como Milão com
Francesco Sforza. ou tais membros juntados a um Estado que recebe por herança um príncipe.
talo reino de Nápoles ao rei da Espanha. Tais domínios assim recebidos são. seja habituado a
sujeição a um príncipe, seja livre, e são adquiridos com tropas alheias ou próprias, graças à
fortuna ou à virtú.
CAPíTULO II
DOS PRINCIPADOS HEREDITÁRIOS
Não cuidarei das repúblicas, porque falei delas em outros sítios1. Farei referência
1
Refere-se aqui Maquiavel à sua obra Discorst sopra Ia prima decadi Ttto Livto.apenas aos principados. e tentarei discutir e mostrar como tais principados hereditários podem
ser governados e conservados. Digo. pois. que nesta qualidade de Estados ligados à família de
seu príncipe, menores se apresentam os óbices de os conservar, porque é suficiente que se não
abandone o proceder dos antecessores, e também se use de contemporização com as situações
novas, de jeito que, se o príncipe é de inteligência comum sempre se conservará no seu
Estado, se não sobrevier força extraordinária e excessiva que o prive dele; e, ainda que tal
sobrevenha, pode retomá-lo, por pior que seja o ocupante.
Na Itália. por exemplo, temos o duque de Ferrara, que opôs resistência ao ataque dos
Venezianos em 1484, e aos do Papa Júlio em 1510, apenas porque antigo era o domínio de
sua família. Pois o príncipe natural do país tem poucas oportunidades e pouquíssima
necessidade de ofender. É pois evidente que se torne mais querido. Se deslises fora do comum
não o tornam odiado, é razoável se faça normalmente benquisto de seu povo. E na antiguidade
e prosseguimento do domínio perdem-se a memória e os motivos das inovações. porque uma
mudança poderá vir sempre seguida da edificação de outra. .
CAPíTULO III
DOS PRINCIPADOS MISTOS
Entretanto a dificuldade está nos principados novos. Primeiro, se não é o caso de
principado
...