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Marz, Durkheim E Weber

Resenha: Marz, Durkheim E Weber. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  5/1/2015  •  Resenha  •  10.210 Palavras (41 Páginas)  •  246 Visualizações

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Marx e Gazeta Renana: Este texto visa, basicamente, recortar algumas passagens de Marx articuladas para veicular em jornais prussianos, especialmente do escrito intitulado “Debates sobre a liberdade de imprensa e comunicação”, em que ele problematiza a posição assumida pela imprensa de seu país diante do código de censura, instituído em 1841, que estabelecia uma atenuação das restrições no que tange à liberdade de expressão. O pensador alemão esteve inserido neste universo jornalístico ao mesmo tempo em que se dedicava à atividade especulativa e científica pela qual conquistou espaço e obteve renome chegando no ponto de se tornar uma leitura indispensável, desde a sua época, para quem se preocupava com os problemas relacionados à órbita da sociedade civilizada, sobretudo no plano moral e político. Tal envolvimento de Marx com a prática própria dos publicistas, que não significou, de forma alguma, um contato efêmero, parece não ser suficientemente ressaltado pelos estudiosos de sua obra.

Cabe perguntar, inicialmente, como se deu o envolvimento de Marx com a atividade jornalística. O filósofo era interessado em ingressar na carreira universitária e manifestou essa ambição tão logo concluiu seu doutorado em filosofia na Universidade de Iena em 1841 onde defendeu uma tese com o seguinte título: “Diferença entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro”. Ele pensou em se beneficiar da amizade que tinha com Bruno Bauer, então docente na Universidade de Bonn, para atingir sua meta. Mas a política reacionária do governo prussiano sofreu uma sensível radicalização e gerou incompatibilidades entre Bruno Bauer e a referida instituição que lhe trouxe como conseqüência a perda do cargo de professor. Não podendo tê-lo mais como intermediário, nosso autor se viu forçado a abandonar seu antigo projeto e passou, então, a dedicar-se ao jornalismo político. A princípio, ele se integrou a equipe de redação da Gazeta Renana , da qual veio fazer-se, em seguida, redator-chefe. Tendo começado seus trabalhos nesse semanário em 1842 como articulista, assumindo logo após a condição de chefe de redação, Marx contribuiu decisivamente para o crescimento do jornal prova está que ele passou a ter prestígio em toda a Alemanha, triplicando o número de seus assinantes que era, no começo, de apenas 1.000 pessoas.

A experiência de Marx na Gazeta Renana foi breve, visto que tal semanário subsistiu durante poucos meses em virtude da intervenção do governo prussiano, que definiu o fechamento de suas portas em 1843. A alegação das autoridades públicas era a de que o semanário havia cometido a falta de difamar o poder instituído, de criticar a legislação estabelecida para a imprensa na Prússia, de ofender, gravemente, uma potência amiga como a Rússia, etc.

Marx teve sua última experiência no âmbito jornalístico comandando a Nova Gazeta Renana , entre 1848 e 1849, que se assumiu como um canal verdadeiro de prática de resistência à opressão gerada pelos detentores do poder político. Marx concebe que este veículo de comunicação chamado jornal é de fato um instrumento bastante fértil para esse fim político. Em razão de um tal entendimento, ele se colocou em defesa dos trabalhadores através de seus artigos almejando, ao final, contribuir com sua mobilização.

É verdade que o pensador conservava algumas ressalvas quanto à atividade jornalística, pois a julgava como um empecilho para sua vida de estudos que lhe exigia o recolhimento. Mesmo assim, durante os intervalos de tempo em que se dedicou a essa tarefa, produziu textos valiosos nos quais discutiu questões relacionadas à política, à economia, à história contemporânea, chegando, finalmente, a se transformar num articulista de sucesso. Vale lembrar ao leitor que entre 1844 e 1866 ele produziu e publicou seus principais trabalhos ( Para crítica da filosofia de Hegel , A questão judaica , Manuscritos econômicos e filosóficos – 1844; A ideologia alemã - 1845; A miséria da filosofia – 1847; Manifesto do partido comunista – 1848; o 1º volume de O capital – 1866). A simultaneidade destas duas ordens de produções teóricas indica a maneira intensiva como o autor se dedicou ao exercício intelectual.

Voltando ao âmbito dos jornais, vale dizer que a relevância da Nova Gazeta Renana é reconhecida pelos comentadores da obra de Marx, os quais salientam, sobretudo, a contribuição do filósofo alemão. Riazanov, particularmente, indica que este semanário se constituiu num modelo de jornal revolucionário. Nele, segundo o intérprete, se costumava tratar de todas as questões ligadas à política e pertinentes para a reflexão acerca do reconhecido conflito de classes. A partir de seus artigos, sobretudo daqueles elaborados por Marx, que se percebe que são ainda muito atuais e não perderam seu poder de crítica, tem-se a presença viva, diante dos olhos, do evolver dos grandes movimentos revolucionários. Isso se deve à vocação que eles demonstram de retratar, fielmente, os fatos históricos e também à perspicácia que lhes caracterizam.

A Nova Gazeta Renana tratava de todas as questões de importância, de sorte que pode ser considerada um modelo de periódico revolucionário. Nenhum outro periódico russo nem europeu chegou à altura da Nova Gazeta . Embora escrita há quase 75 anos, os seus artigos não perderam nada de sua atualidade, de seu ardor revolucionário, de sua agudeza na análise dos acontecimentos. Ao lê-los, sobretudo os de Marx, acreditamos assistir à história da revolução alemã, da revolução francesa, contada por elas mesmas, tão vivo é o estilo, como profundo é o sentido (Riazanov: 1984, p.80-81)

Marx chegou a escrever cerca de 500 artigos, e desta sua significativa produção merece ser destacado “Debates sobre a liberdade de imprensa e comunicação”, ao qual fiz referência logo no começo do texto. Neste escrito ele estabelece, em linhas gerais, um diálogo pelo qual insurge-se contra a posição assumida por vários setores da imprensa prussiana diante do código de censura, estabelecido em 1841, que atenuava o rigor das proibições. Ao efetuarem seu exame de consciência, após o conhecimento das novas regras, os semanários demonstraram, no entender de Marx, não estarem aptos a gozar da liberdade devido ao vício que adquiriram de só saberem andar acompanhados da figura do tutor ou vigiados pelas instâncias inibidoras da polícia.

Os homens, para Marx, deveriam se sentir absolutamente confortáveis ante a conjuntura que lhes possibilitava o exercício da liberdade de expressão. Sua escrita sugere que na liberdade está depositada toda a dignidade do homem, e por este motivo lhe causou espanto as crenças manifestadas pelos oradores inclinados para o conservadorismo político

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