O Apolíneo e o Dionisíaco
Por: AlessandraRMS • 6/7/2015 • Dissertação • 443 Palavras (2 Páginas) • 611 Visualizações
O apolíneo e o dionisíaco na criação das artes
Na mitologia grega pré-socrática, o deus Apolo representava aos homens a perfeição. A ele eram atribuídas as funções de tornar as pessoas conscientes dos pecados cometidos e agir na purificação destes pecados: era responsável pelas leis religiosas e profecia; Na estética, representava a beleza harmônica das artes.
No mesmo período, Dionísio – deus grego do vinho - era cultuado na mitologia grega, sendo relacionado aos conhecimentos de plantio e colheita das uvas, os segredos da produção do vinho e, consequentemente, fortemente associado às festas e atividades relacionadas ao prazer físico.
O apolíneo e o dionisíaco são apresentados e também conciliados nas artes e estética como, respectivamente, aquilo que é harmônico, perfeito e impossível aos homens e aquilo que é caótico, que provém de um desarranjo e está próximo à realidade, de fato, dos homens.
Em O Nascimento da Tragédia, o filósofo Friedrich Nietzsche é pautado por uma ordem racional enquanto analisa e apresenta essa profunda e complexa influência grega clássica que é o apolínio e dionisíaco:
Se com a nossa análise resultou que o apolíneo na tragédia obteve, mercê de sua força de ilusão, completa vitória sobre o proto-elemento dionisíaco da música, e que ele se aproveitou desta para seus desígnios, a saber, para uma elucidação máxima do drama, haveria que acrescentar desde logo uma restrição muito importante: no ponto mais essencial de todos, aquele engano apolíneo é rompido e destruído. O drama que se estende diante de nós, com auxílio da música, então iluminada a clareza interior de todos os movimentos e todas as figuras como se víssemos, no vaivém da lançadeira, o tecido nascer no tear – alcança, como totalidade, um efeito que fica mais além de todos os efeitos artísticos apolíneos. No efeito conjunto da tragédia, o dionisíaco recupera a preponderância; Ela se encerra com um tom que jamais poderia soar a partir do reino da arte apolínea. E com isso o engano apolíneo se mostra como o que ele é, como o véu que, enquanto dura a tragédia, envolve o autêntico efeito dionisíaco, o qual, todavida, é tão poderoso que, ao final, impele o próprio drama apolíneo a uma esfera aonde ele começa a falar com sabedoria dionisíaca onde nega a si mesmo e à sua visibilidade apolínea. Assim, a difícil relação entre o apolíneo e o dionisíaco na tragédia poderia realmente ser simbolizada através de uma aliança fraterna entre as duas divindades: Dionísio fala a linguagem de Apolo, mas Apolo, ao fim, fala a linguagem de Dionísio: com o que fica alcançada a meta suprema da tragédia e da arte em geral.
Nietzsche, Friedrich – parágrafo 21
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