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O Argumentação e Filosofia

Por:   •  9/5/2015  •  Monografia  •  1.750 Palavras (7 Páginas)  •  147 Visualizações

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Argumentação e Filosofia

Filosofia, Retórica e Democracia

Tanto a retórica como a filosofia e a democracia são invenções gregas que têm como base o logos – razão, discurso, etc.

A democracia (em grego, “o governo do povo”) é um regime político (que surgiu no século V a.C.) baseado numa sociedade de liberdade do uso da palavra (ou seja, da argumentação retórica) e igualdade de direitos. No entanto, também neste regime político existe um mau uso da palavra – demagogia e manipulação.

A persuasão e eloquência assumem um papel muito importante, dado que a democracia é exercida sob a forma de democracia direta: todos os cidadãos* reuniam-se para discutir e tomar decisões sobre as questões mais importantes. Ao contrário de atualmente, onde a democracia é representativa (indireta).

* Ser cidadão era um privilégio reservado apenas aos homens gregos livres que satisfizessem, inclusivamente, uma série de requisitos. A democracia ateniense era como se fosse uma aristocracia alargada.

Igualdade de direitos:

  • Igualdade no acesso ao poder (isocracia)
  • Igualdade perante a lei (isonomia)
  • Igualdade no acesso à palavra (isegoria)

Apesar de existir isegoria, o acesso à palavra é melhor aproveitado por aqueles que naturalmente dominam a arte de bem falar. Os líderes políticos são aqueles que conseguem persuadir os restantes cidadãos (o auditório) a aderirem à sua posição. Sendo assim, o bom domínio da linguagem e retórica tornam-se condições indispensáveis ao exercício do poder. É neste contexto que surgem os sofistas, os fundadores da retórica. Estes fazem a passagem do período cosmológico para o período ético antropológico, sendo que a investigação racional da physis (natureza) é secundarizada pela preocupação de preparar os jovens para a vida política. Principais sofistas: Protágoras, Górgias, Hípias, etc.

Sofistas (professores de dialética e de retórica, segundo Protágoras)

Quem eram os sofistas?

➔ Eram docentes profissionais

➔ Eram sábios itinerantes, que viajavam por toda a Grécia

➔ Eram estrangeiros deslocados das suas pátrias

➔ Eram promotores de uma nova educação

➔ Eram educadores políticos, com habilidade linguística e de estilo eloquente

➔ Eram professores da arte de bem falar em público

➔ Eram oradores magníficos e mestres da persuasão

➔ Diziam-se detentores da polymathia (saber enciclopédico, muito cultos)

Qual o objetivo da educação sofística?

➔ Ensinar a excelência política (aretê política)

➔ Fornecer instrumentos linguísticos e discursivos para o domínio da argumentação e da eloquência persuasiva

O que incluía o ensino e a formação dos sofistas?

➔Ensinavam cultura geral

➔O seu ensino centrava-se em três artes complementares e organizavam-se em dois momentos:

  • Primeiro momento: ensino da arte de bem argumentar (dialética) e de bem disputar (erística). Para isso ensinavam a dominar o kairos (momento oportuno), ou seja, melhorar a “capacidade de resposta”. Ensinavam também o método das antilogias/controvérsia (aprender a argumentar, com igual persuasão, uma tese e o seu contrário – doutrina dos discursos duplos)
  • Segundo momento: ensino da arte de bem falar (retórica). Para isso ensinavam a cuidar do estila e da forma do argumento (como equilibrar a expressão com o assunto, a forma com o conteúdo, etc.)

Quais os procedimentos usados pelos sofistas?

➔ Palestras públicas, cursos frequentados por um pequeno número de alunos, lições particulares…

➔ Estudo de modelos de discurso e realização de processos erísticos simulados

Quem foram os destinatários do ensino da sofística?

➔ A maioria dos alunos eram jovens quase na idade adulta, provenientes da classe média abastada e da aristocracia (os alunos teriam de ser pessoas abastadas pois as lições eram remuneradas)

Que posições filosóficas são atribuídas à sofística?

➔Humanismo: colocam o ser humano no centro da reflexão

➔Relativismo: adotam um pensamento subjetivista e põem em causa a universalidade e objetividade da verdade (nada pode ser absolutamente verdadeiro, mas apenas verdadeiro relativamente a um indivíduo)“O homem é a medida de todas as coisas”

➔Ceticismo: negam a possibilidade de estabelecer conhecimento seguro

➔Agnosticismo: Questionam o conhecimento acerca da existência e natureza dos deuses (Protágoras afirmava que “No que diz respeito aos deuses não posso ter a certeza de que existem ou não, ou de como eles são, pois entre nós e o conhecimento deles há muitos obstáculos.”)

Que reações suscitaram os sofistas no seu tempo?

➔Positivas, pois transmitiam as competências valorizadas pela democracia, indispensáveis ao sucesso dos jovens na carreira política

➔Negativas, já que foram associados a um espírito mercantilista do conhecimento (as lições eram feitas em troca de remuneração)

Sócrates e Platão

Estes filósofos lideram as censuras dirigidas à retórica e ao relativismo dos sofistas. Criticavam o relativismo dos sofistas e o facto de eles se fazerem pagar pelos seus serviços.

Sócrates e Platão definem a retórica como uma atividade empírica, uma prática que serve de simulacro à política, o que separou a retórica da filosofia durante séculos.

Sofista

Filósofo

Professor itinerante que se faz pagar pelos seus serviços

Amante desinteressado do saber

Centrado na forma do discurso

Centrado no conteúdo do discurso

Procura o discurso eficaz (retórica)

Procura o discurso verdadeiro (sabedoria)

Entende a verdade à medida das circunstâncias individuais

Entende a verdade como existente em si

Baseia o discurso em opiniões* e aparências

Baseia o discurso na Verdade* e no Bem

Ensina uma técnica

Procura a verdade absoluta

Discurso como instrumento de poder

Discurso como instrumento de verdade

* doxa  episteme

...

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