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O Calendário Maçônico

Por:   •  24/7/2024  •  Ensaio  •  1.843 Palavras (8 Páginas)  •  102 Visualizações

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CALENDÁRIO MAÇÔNICO

Antonio Celso do Amaral Silva

Prólogo

A Maçonaria Brasileira é, sem dúvida alguma, uma das mais “bem servidas” em se tratando de ritos maçônicos.

Com exceção do Rito Brasileiro que, por coincidência ou não, parece não possuir calendário próprio, os demais ritos em prática no Brasil são sistemas importados, a maioria chegando ao Brasil ainda no século XIX. E cada rito, ou mesmo segmento de rito, chegou com sua própria história, seus próprios termos, paramentos e regras de funcionamento, resultantes de diferentes origens, inspirações e influências.

Iniciativa inaugurada por James Anderson, quando da Primeira Grande Loja de Londres, o primeiro calendário maçônico, por sinal muito simples de se utilizar, tinha por objetivo claro dar uma identidade própria ao registro das datas maçônicas, numa época em que ritos formalmente ainda não existiam. Conforme foram surgindo, cada rito parece ter utilizado da mesma estratégia para deixar sua marca na datação dos documentos e registros maçônicos.

 Era

Para Heródoto (grego considerado o Pai da História), três gerações correspondiam a cem anos. O uso do termo ERA aparece por volta século VIII, que consistia na “época fixa a partir da qual se começam a contar os anos.” Definida também como qualquer intervalo ou período; século, ano, época.

Era Comum, Era Corrente ou Era Vulgar (E V)

A expressão Vulgar tem origem no Latim Vulgaris ou Vulgus e primitivamente significava “pessoas comuns”, ou seja, aqueles que não eram da realeza. Foram os Judeus, no entanto, que substituíram o antes de Cristo (a.C.) e o depois de Cristo (d.C.) por antes e depois da Era Vulgar.  

Também conhecido como Anno Domini, termo em latim que significa “Ano de nosso Senhor”, o qual pode ser encontrado por sua sigla, AD. Trata-se do calendário gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII em 24 de Fevereiro de 1582 e adotado como ano civil em praticamente todos os países. O Papa Gregório determinou a criação de um novo calendário porque o calendário juliano, que se utilizava desde 46 a.C., arredondava o ano solar para 365 dias e 6 horas, o que dava uma diferença de mais de 11 minutos por ano em comparação com o ano solar real. Com o passar dos séculos, isso havia gerado uma diferença de dias, e o Papa desejava determinar corretamente a data da Páscoa.

Naquele ano de 1582, a quinta-feira do dia 04 de Outubro, foi seguida por uma sexta-feira, dia 15 de Outubro, corrigindo o desvio do calendário anterior, e os anos passaram a ter exatos 365 dias, adotando-se o sistema de anos bissextos para suas correções periódicas.

A Era Vulgar, designa o calendário gregoriano mundialmente adotado.

Verdadeira Luz

A  adoção de uma cronologia para a Maçonaria aparece na Constituição de Anderson em 1723, considerando que o início da Era Maçônica se deu 4000 anos antes da Era Comum ou Vulgar, tendo como base os equinócios, 21  de março e 23 de setembro  e os  solstícios, 21 de junho e 21 de dezembro.

Calendário Judaico

Calendário utilizado no Judaísmo, adotado principalmente para as datas religiosas. Os judeus ortodoxos também utilizam para registrar nascimentos, casamentos e outras datas importantes. Trata-se de calendário no qual os meses são baseados no ciclo lunar, enquanto os anos são baseados no ciclo solar. Dessa forma, os anos se intercalam entre de 12 e 13 meses. Mas é desaconselhada aos corpos maçônicos a utilização desse calendário, visto ser um calendário religioso.

No calendário judaico, a data de 20 de junho de 2018 é: 20 de Tamuz de 5778.

CALENDÁRIOS MAÇÔNICOS

Calendário da Maçonaria Simbólica

A Maçonaria Simbólica, ou seja, as Obediências Maçônicas e suas Lojas, deve adotar o Anno Lucis (Ano da Luz), abreviado como A L. Sua data é calculada acrescentando 4000 anos à data do ano civil corrente.

A adoção do Anno Lucis na Maçonaria Simbólica foi iniciativa de James Anderson, que acreditava que a Maçonaria deveria ter uma forma própria de marcar as datas, diferente dos calendários religiosos como o judaico e o gregoriano. Ele tomou por base os cálculos de um arcebispo anglicano irlandês, James Ussher, que determinou, com base nos registros bíblicos, que o mundo teve origem no ano de 4.004 a.C.. Para facilitar a utilização, Anderson  arredondou a criação do mundo para 4.000 a.C.. Dessa forma, tendo como exemplo o dia 20 de Junho de 2018, tem-se: 20 de Junho de 6018 do A  L. Esse é o sistema utilizado pelas Lojas de todo o mundo.

Calendário do Rito Escocês Antigo e Aceito

Houve ocasiões no passado em que se verificou o uso do calendário hebraico em alguns Supremos Conselhos do REAA, adotando a sigla A H, de Anno Hebraico, após a data. No entanto, via de regra, atualmente adota-se nos Altos Graus do REAA o sistema de Anno Mundi (Ano do Mundo), A M, que é inspirado no Calendário Judaico, apesar de diferente desse. O sistema funciona da seguinte maneira nos dois Supremos Conselhos do REAA norte-americanos: Entre 01 de Janeiro e 31 de Agosto, deve-se adicionar 3760 anos ao ano civil corrente. Já entre 01 de Setembro e 31 de Dezembro, deve-se adicionar um ano extra, ou seja, 3761 anos ao ano civil corrente. Dessa forma, todo ano inicia-se no dia 01 de Setembro do ano anterior e encerra-se em 31 de Agosto do ano corrente, devendo os meses serem mencionados por número ordinal. Assim sendo, Setembro é o 1º mês, Outubro o 2º, Novembro o 3º, e Agosto o 12º. Trata-se de sistema adotado pela maioria dos Supremos Conselhos do Rito no mundo.

Como exemplo, o dia 20 de junho de 2018, seria dia 20 do 10º mês de 5778 do A M

Calendários do Rito de York

Os Graus Capitulares do Rito de York abrangem um sistema de 04 graus: Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre e Maçom do Real Arco. Esses graus são concedidos em Capítulos de Maçons do Real Arco, subordinados a Grandes Capítulos de Maçons do Real Arco, os quais são filiados ao Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional (General Grand Chapter of Royal Arch Masons International). Esses corpos adotam o Anno Inventionis, que significa “Ano do Descobrimento” e é abreviado como A I . Ele é calculado somando 530 anos ao ano civil corrente. Os maçons do Real Arco registram essa data porque foi o ano em que Zorobabel iniciou a construção do segundo Templo, em 530 anos antes de Cristo. A seguinte passagem bíblica está relacionada com a construção: “Então, Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Josedec, retomaram a reconstrução do Templo de Deus em Jerusalém com a ajuda e a assistência dos profetas de Deus. ” (Esdras 5:2)[1]

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