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O Mito de Ícaro

Por:   •  13/11/2022  •  Abstract  •  2.391 Palavras (10 Páginas)  •  113 Visualizações

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LIVE #22

O mito de Ícaro

Boa noite, Silvênio. Boa noite, meu bem. Vamos aguardar só mais alguns instantes para o pessoal ir entrando. Enquanto o pessoal vai entrando, deixa eu fazer uma introdução ao tema. Como eu falei para vocês nas lives sobre as fontes dos símbolos – a última foi até com o professor Marcos Monteiro -, nós falamos sobre o simbolismo na mitologia, a importância dos mitos não só para a formação do imaginário, não só para a gente conhecer outras verdades, mas para a gente entender a teoria simbólica, para a gente entender como é que são os símbolos, o que são os símbolos, de onde eles vêm, o que eles significam, não é!? Então, a mitologia é uma grande paixão minha desde a adolescência e ela é muito rica, muito rica de símbolos, e é o que vocês vão ver na live de hoje.

Eu até tinha pensado em fazer um outro tema, um outro mito, quando eu estava preparando, pensando neste mito e, depois que eu terminei, depois que eu tinha preparado tudo, eu falei: “Não, vou falar do mito de Ícaro”. Mudei tudo. Agora, pela noite, ainda estava revisando algumas coisas, achei algumas coisas legais e queria partilhar tudo isso com vocês, tá certo. Então o outro tema eu não vou revelar aqui e agora. Vou guardar para uma próxima oportunidade, certo? A gente vai encaixar tudo e ainda tem muito chão pela frente, ainda tem muito conteúdo para apresentar para vocês. E fiquem ligados...porque eu vou fazer outras lives também sobre contos de fadas, sobre alguns livros de literatura, né. Vou propor algumas coisas aqui, certo, para vocês irem acompanhando e, ao final, eu faço uma live para comentar. A gente vai testar isso também. Mas então vamos começar de fato o tema de hoje, que é o mito de Ícaro, tá. A live vai ficar salva no IGTV, depois eu irei colocá-la no canal do Youtube e o pessoal vai assistindo depois.

Qual é o mito de Ícaro? Quem foi Ícaro? Ícaro foi o filho de Dédalo. Dédalo é um criador, um cara engenhoso, inteligente, desenvolvedor de engenhocas. Ele foi contratado por Minos, o rei de Creta, para construir um labirinto para conter o Minotauro. O Minotauro é aquela criatura que tem o corpo de homem, cabeça e força de um touro, tá. Então era um monstro que precisava ser contido nos domínios do rei Minos, então Dédalo construiu um labirinto, que é aquele local onde quem entra, se perde lá dentro. A gente sabe o que é um labirinto. Eu espero. Então Dédalo, que estava à serviço do rei Minos, construiu o labirinto e ficou preso lá em Creta. O rei Minos não queria deixar Dédalo ir embora, ele era um prisioneiro do rei. Ícaro, que era seu filho, foi crescendo lá junto com seu pai, preso em Creta.  

Com o passar dos anos, Dédalo tentou desenvolver algo para poder escapar de lá. Veio um herói e matou o Minotauro. Com a morte do Minotauro, Dédalo já não tinha o que fazer em Creta. O labirinto estava construído, mas nem Minotauro tinha lá. Se o Minotauro escapasse, Dédalo precisaria descobrir outra forma de contê-lo, mas o Minotauro estava morto. Então não tinha razão para Dédalo permanecer lá. Daí, Dédalo e seu filho procuram uma forma de escapar de lá. Então Dédalo pega a cera de abelha e penas de gaivota e constrói asas para ele e para seu próprio filho, para que eles fujam de lá voando. Ele alerta seu filho dizendo: “Olha, não voe muito alto porque o sol pode derreter a cera de suas asas, mas também não voe muito baixo porque a umidade da água pode ser absorvida pelas penas, deixando as asas muito pesadas, o que faria com que caíssemos e afundássemos”. Então é necessário manter um altura constante e equilibrada para que eles pudessem fugir de lá e encontrar terra firme.

Só que Ícaro, que era jovem, no ímpeto da sua juventude, avista o sol e ele quer ter aquele esplendor para si, ele quer possuir aquele esplendor. Então ele é seduzido pelo sol e tenta voar mais alto. Ele se esquece do ensinamento do pai ou, pelo menos, fingiu esquecer, e voa alto. Ele quer aquele esplendor, ele quer aquela luz, aquela grandeza, aquela beleza, para si. Só que quando isso acontece a cera de abelha em suas asas começa a derreter e Ícaro não tem mais apoio no ar, então ele cai. Ele cai e se afoga no mar. O pai não tinha como socorrer o filho, porque se ele fosse socorrer ele iria morrer afogado também. Então ele continua voando em prantos e quando ele chega na encosta, em terra firme, ele não tem mais como resgatar o seu filho. O seu filho está morto. Esse é o resumo da história.

Agora vamos tirar os símbolos e arquétipos desse mito. Ícaro somos nós. Nós somos Ícaro. Todos somos Ícaro. Eu vou focar numa certa forma de enxergar o mito. O processo de Ícaro é o processo de exaltação, de subida, de ascensão, tá. Vamos supor que seja uma ascensão espiritual, uma subida espiritual, a busca pela santidade, tá. Então Ícaro é a pessoa que busca a santidade, mas ele estava num labirinto. O que representa o labirinto? O labirinto é o mundo real, o mundo concreto, com as suas circunstâncias e dificuldades reais, porque o labirinto é um local sem saída. Só que nas Igrejas Antigas era desenhado um labirinto no chão. Então na nave da Igreja – que é onde ficam os bancos -, naquelas Igrejas góticas, mais antigas, era desenhado um labirinto ali no chão para significar aquela peregrinação que o povo ficou até chegar na Terra Prometida, lá no deserto. Simbolizando aquela peregrinação, há uma dificuldade no caminho, um caminho no chão, na circunstância real, na coisa concreta. Então o labirinto é essa realidade concreta e difícil.

Quando Ícaro quer voar para fugir do labirinto, ele tanto deseja sair da circunstância real – e essa exaltação é a exaltação imaginativa, é a exaltação ruim – quanto ele precisa se elevar, ele precisa de algo superior, e essa seria a ascensão, a subida espiritual, é o desenvolvimento espiritual. Então existem duas coisas aí, tá: um desenvolvimento espiritual que a gente pode ver em Dédalo e uma exaltação imaginativa que a gente vê no Ícaro. Então qual foi o caminho dos dois? Dédalo pegou dois instrumentos para construir as asas: a cera de abelha e as penas da gaivota. A cera de abelha é símbolo do nosso trabalho, do nosso esforço, das nossas virtudes, daquilo que a gente faz pra ser santo, daquilo que a gente faz para crescer na virtude porque as abelhas são aqueles insetos que trabalham constantemente para produzir o mel, para produzir doçura, não é!? Então a cera de abelha é aquele esforço que a gente faz para produzir a santidade, para produzir essa doçura, tá. E as penas de gaivota são a Graça, o auxílio divino, aquilo que vem do céu. Por quê a pena da gaivota é o símbolo da Graça? Porque a gaivota é um bicho que naturalmente voa, e voar é estar acima da natureza humana. A arte, por exemplo, mostra a figura dos anjos com asas. Por quê? Quer dizer que anjo tem asa? Não. Não quer dizer que anjo tem asa, porque anjo não tem corpo físico, material. Segundo São Tomás de Aquino, os anjos não têm corpo. Mas por quê as artes mostram as figuras dos anjos com asas? Para mostrar que eles são imagem e semelhança de nós, eles têm um “corpo”, tá. Eles têm uma aparência humana, então eles têm inteligência e têm vontade como os homens, porém eles são capazes de chegar onde os homens não são capazes de chegar, então eles vão até onde os homens não vão, né. Eles conseguem voar. Eles vão além do intelecto e da vontade humana, esses são os anjos. Então eles naturalmente voam. Eles estão acima dos seres humanos. Então a pena da gaivota utilizada por Dédalo é esse auxílio da Graça para que o homem suba acima das suas capacidades, né. É a Graça que nos diviniza, que nos aproxima de Deus, que nos faz voar, que nos eleva. Só que as asas que Dédalo faz não são asas permanentes, é uma gambiarra. Ele usa a cera de abelha, que é nosso esforço, o nosso trabalho, as nossas virtudes; e as penas da gaivota, que são o auxílio da Graça, para que a gente use esse instrumento para se elevar, para que a gente use esse instrumento para crescer na Graça, tá, para a gente se desenvolver. Então não são asas naturais, são asas artificiais. Então o que é que acontece? Dédalo utiliza esses dois instrumentos – o seu próprio esforço e a Graça de Deus – para que ele não fuja da circunstância real, mas que ele supere a circunstância real e pise em terra firme do outro lado, para que ele vença o mar, para que ele vença o calor do sol e pise em terra firme. Para que ele esteja na verdade, para que ele esteja na realidade, em outra circunstância concreta, né. Então ele é a pessoa que cresce espiritualmente, que se desenvolve espiritualmente. Ícaro é a sua antítese. Ícaro é aquele que usou seu esforço, usou a Graça de Deus, mas usou mal. Por quê? Ele viu a luz do sol e ele quis chegar até o sol, então ele quis se elevar além das suas próprias capacidades. Ele queria se elevar além das capacidades da gambiarra que o seu pai fez. Então é aquela pessoa que se presume ser santa, é aquela pessoa que presume estar num grau espiritual que ela não está, que presume estar desenvolvida o suficiente para chegar perto do sol, para chegar perto da própria luz – que é o próprio Deus. É aquele que se acha santo, tá. É uma exaltação imaginativa. Claro que eu estou aqui focando nessa parte da santidade, mas isso pode se estender para outras coisas: todas as pessoas que se acham alguma coisa que elas não são, vão fracassar como o próprio Ícaro fracassou. Toda exaltação imaginativa leva ao fracasso.  

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