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O QUE É A FILOSOFIA?

Por:   •  27/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.333 Palavras (6 Páginas)  •  137 Visualizações

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O QUE É A FILOSOFIA?

“O que é? ” Esta pergunta representa aquilo que é mais natural em se tratando de filosofia. Um de seus expoentes, talvez o mais famoso, Sócrates, ficou conhecido por andar pelas praças e ruas da Grécia questionando as pessoas a respeito de seus conceitos e conhecimentos, cada vez mais a fundo, até que o interrogado, idealmente, viesse a reconhecer que aquilo que tomavam por verdades eram pré-conceitos, senso comum, estando, assim, preparados para reformularem suas noções com uma base mais sólida, guiando-os à veracidade. Depois de quase dois milênios, o filósofo ateniense é tomado, hoje, como modelo do filósofo exemplar: aquele que põe todas as coisas no tribunal da razão.

Originada das palavras gregas philos e sophia, que se traduzem, respectivamente, por ”amor” ou “amizade” e “saber”, ou seja, a palavra filosofia denota, etimologicamente, uma relação de amor com o conhecimento, na qual é imprescindível o mesmo espírito questionador tão querido por Sócrates. O filósofo, portanto, é, como na alegoria platônica do mito da caverna, aquele que busca libertar-se do senso comum, indo além do mundo das aparências, tentando tocar a verdade. Tal é a definição da filosofia, de cunho atribuído a Pitágoras.

Mais especificamente, entenda-se a filosofia como ciência, cujos objetos de estudo são o universo, a razão, a sociedade, o homem e sua criação e até si mesma enquanto reflexão. Nesse aspecto, pode-se entendê-la como faculdade que tudo questiona, sem censuras, não para produzir respostas positivistas, mas em prol do pensar racional e criticamente o mundo ao nosso redor, e aí está a sua utilidade instrumental. É relativamente fácil delimitar, num âmbito global, o que é a filosofia, entretanto, ela assume outras definições para si em contextos específicos, variando de acordo com os seus usos e finalidades.

Para que filosofia? Qual a sua utilidade? Como praticá-la? São essas as perguntas que devem ser feitas. A resposta, nesse sentido, vem ampla, mas clara: desenvolver no indivíduo o senso crítico. Como elemento movido a dúvidas, a filosofia vem de encontro a doutrinas dominantes e, não raras vezes, opressoras, assumindo papel de libertadora das amarras do consenso impensado, da alienação e do torpor intelectual. Fato que comprova isso é que, por trás de toda grande revolução da humanidade, há frequentemente uma escola filosófica que a embase, assim foi com o iluminismo em relação à Revolução Francesa, o marxismo com o socialismo soviético, as teologias heréticas em relação à doutrina cristã, entre tantas outras; todas elas têm algo em comum: foram as antíteses de modelos vigentes, entrando e conflitos com eles e gerando uma síntese, sendo ela a reformulação e atualização da antiga corrente, ou a sua substituição. Assim sendo, a filosofia foi, e ainda é, causadora de conflitos no campo intelectual, fazendo com que o mundo permaneça numa constante evolução dos pensamentos, mantendo-o longe da alienação e chamando a atenção para a importância de uma variedade de ideologias.

Baseado nessa visão mais generalizada da filosofia e de suas utilidades é que se pode defini-la a partir do aspecto de uma formação seminarística, destacando três aspectos de suma importância para a educação de um futuro sacerdote: os conceitos; a razão crítica; e o diálogo com o mundo.

É inegável que todo bom padre não pode prescindir de uma boa faculdade de teologia, entretanto, a ciência que estuda o mais sublime dos objetos não só empresta diversos termos e conceitos da filosofia, como também tem o seu berço nela: o termo grego, derivado de theos (Deus) e logia (estudo) foi cunhado e primeiramente aplicado por Aristóteles que a define como a ciência que se ocupa de estudar Deus. Há, também, o fato de que a teologia cristã, no seu advento, deparou-se com um mundo de intelectuais gregos, filósofos, gente de difícil evangelização para quem a fé cega não basta, precisaram os Santos Padres debruçarem-se sobre os escritos de pensadores clássicos, para fundamentar a cristandade de maneira racional e concreta, usando-se conceitos e termos dessas correntes. A filosofia é, portanto, pilar indispensável para o entendimento e apreensão da teologia católica ainda hoje. Contudo, não desempenha somente esse papel no processo formativo, sendo, talvez, até o menor deles.

O benefício de estudar filosofia ao longo do curso de formação presbiteral estende-se, também, até o senso crítico, muitas vezes gasto ou imaturo pela estadia no “lado de fora”. Uma faculdade de filosofia bem-feita é capaz de despertar e aguçar no vocacionado a sua razão crítica, que se tornou de fundamental importância em tempos de fundamentalismo e extrema polarização política e de opiniões, para perceber a importância de um espírito de abertura e o prejuízo de uma mente fechada, para dialogar com as ideologias e correntes filosóficas-teológicas que vêm e vão, acolhendo aquilo que é bom e útil, deixando de lado o prejudicial e divisório. Nesse sentido, a filosofia é um processo indispensável de discernimento, inerente a ela e ao processo

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