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O VAZIO DO EU E A FELICIDADE MENTIROSA

Por:   •  17/3/2020  •  Ensaio  •  779 Palavras (4 Páginas)  •  168 Visualizações

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O VAZIO DO EU E A FELICIDADE MENTIROSA

À medida que os nichos nas redes sociais diversificam e o anseio pelo consumo de felicidade alheia proliferam, nos tornamos, de modo geral, cada vez mais viciados nessa fantasia surreal de felicidade "eterna". Vivemos e fazemos de tudo para sustentar essa mentira. E quão vigilantes nós, mentirosos devemos ser!

É bem verdade que ao longo dos anos a sociedade vem se tornando mais e mais atribulada com trabalho e com as cobranças do dia-a-dia e, consequentemente, com a obrigação do sucesso financeiro/social que esse nosso estilo de vida nos impõe. Isso vem acontecendo tão escancaradamente, que nem percebemos, a ponto de que temos cada vez menos tempo de simplesmente, sermos humanos, ipsis litteris. Aceitamos e reprimimos ao máximo a nós mesmos em troca do "eu que quero ser/mostrar". Ao reprimirmos o nosso eu, isto é, ao não permitirmos que nós sejamos quem somos, acabamos nos apoiando nas realizações alheias, vendo isso como modelo de felicidade, sucesso, realização. Tomamos para nós a realidade de outrem, ao invés de buscarmos a nossa própria. Somos tomados por uma eterna "vontade de não sei o quê", de expormos mais e mais nossos feitos, na esperança vazia de que algum elogio eletrônico venha nos preencher.

Schopenhauer diz que "ler quer dizer pensar com uma cabeça alheia, ao invés da própria." Ele não quis dizer que não devemos nos ater à leitura ou ao conhecimento, mas sim que devemos formular nossas próprias ideias e conceitos sobre algo que nos é apresentado. Devemos viver a "nossa vida", com todas as alegrias e tristezas advindas das nossas próprias escolhas ou da falta delas (que, a bem da verdade, não fazer algo também é uma escolha).

"Torna-te quem és!" Com esta máxima, Nietzsche vem nos dizer que devemos sempre estarmos à busca de nós mesmos e aceitarmos quem somos quando descobrirmos quem somos, isto é, que a nossa felicidade se inicia e se encerra em nós mesmos, no que pensamos de nós e no que nos permitimos ou não que nos aconteça; e não de nos pautarmos pelas realizações e/ou desventuras de outras pessoas. "Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo" ilustra ainda mais o quão importante se faz a escolha de guiarmos nossa própria vida, ao invés de viver sob o cabresto do julgamento/aceitação virtual.

Ao dizer que "todo excesso esconde uma falta", Freud dialoga com eles no sentido de que todo esse "exagerismo social", toda essa busca desenfreada por aceitação digital, na verdade, é uma busca sem fim por uma eterna aceitação própria, como que um remédio para nós mesmos, onde os "likes" e curtidas são a cura do sucesso. A catarse não vem em externalizar e resolver os recalques, mas no número de curtidas e visualizações. Tudo bem se eu errar, se eu terminar um relacionamento, se eu passar em um concurso e ninguém ficar sabendo. A vida "normal" é assim: cheia de vitórias e reveses, uns mais outros menos. Migramos nossa personalidade, recalques e desejos para um mundo virtual, onde todos são asustadoramente felizes e realizados. Será que ninguém se perguntou com é possível isso? Ninguém vê nenhuma postagem onde a pessoas colocam ali suas próprias derrotas, fracassos e frustrações, como acontece a toda pessoa normal, aos bilhões mundo afora... O que está por fora, nem sempre representa o que está por dentro.

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