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O texto da filosofia: Platão - Myon - O que é virtude?

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Por:   •  19/12/2014  •  Seminário  •  1.991 Palavras (8 Páginas)  •  1.043 Visualizações

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Texto de Filosofia: Platão – Mênon – O que é a virtude?

Mênon é um diálogo posterior a Górgias e tem como ponto de partida o questionamento sobre se é possível ensinar a virtude (areté). A resposta platônica é negativa: a virtude não pode ser ensinada; ou já a trazemos conosco ou nada será capaz de incuti-la em nós. Assim, a virtude deve ser inata. Porém, encontra-se adormecida em cada umas das pessoas, e o papel do filósofo consiste exatamente em despertá-la. A doutrina da reminiscência, ou anamnese, é o modo pelo qual o inatismo platônico é explicado neste diálogo.

Nesta primeira passagem, logo no início do diálogo, temos um embate entre Sócrates e Mênon acerca da natureza da virtude. Mênon apresenta exemplos do que seria e Sócrates argumenta contra essa tentativa de definir a virtude, ou qualquer conceito, por meio de exemplos. Necessitamos de uma definição geral que possa tornar os exemplos compreensíveis como casos particulares de um tipo geral. Seria um conceito, que devemos buscar. Mas onde?

[70ª-74b] Uma questão de ética: a virtude é coisa que se ensina?

Mênon: Podes dizer-me, Sócrates: a virtude é coisa que se ensina? Ou não é coisa que se ensina mas que se adquire pelo exercício? Ou nem coisa que se adquire pelo exercício nem coisa que se aprende, mas algo que advém aos homens por natureza ou por alguma outra maneira?

Sócrates: Até há pouco tempo, Mênon, os tessálios eram renomados entre os gregos, e admirados, por conta de sua arte eqüestre e de sua riqueza. Agora, entretanto, segundo me parece, também o são pela sabedoria. E sobretudo os concidadãos do seu amigo Aristipo, os larissos. O responsável entre vós é Górgias. Pois, tendo chegado a vossa cidade, fez apaixonados, por conta de sua sabedoria, os principais tanto dos alêuades, entre os quais está teu apaixonado Aristipo, quanto dos outros tessálios. E, em especial, infundiu-vos esse costume de, se alguém fizer uma pergunta, responder sem temor e de maneira magnificamente altiva, como é natural [responderem] aqueles que sabem, visto que afinal ele próprio se oferecia para ser interrogado, entre os gregos, por quem quisesse, sobre o que quisesse, não havendo ninguém a quem não respondesse. Por aqui, amigo Mênon, aconteceu o contrário. Produziu-se como que uma estiagem da sabedoria, e há o risco de que a sabedoria tenha emigrado destas paragens para junto de vós. Pelo menos, se te dispõe a, dessa maneira, interrogar os que aqui estão, nenhum [há] que não vai rir e dizer: “Estrangeiro, corro o risco de que penses que sou algum bem-aventurado – pelo menos alguém que sabe se a virtude é coisa que se ensina ou de que maneira se produz -; mas estou tão longe de saber se ela se ensina ou não, que nem sequer o que isto, a virtude, possa ser, me acontece saber, absolutamente.”

Sócrates muda a questão. Que é a virtude?

Sócrates: Eu próprio, em realidade, Mênon, também me encontro nesse estado. Sofro com meus concidadãos da mesma carência no que se refere a esse assunto, e me censuro a mim mesmo por não saber absolutamente nada sobre a virtude. E quem não sabe o que uma coisa é, como poderia saber que tipo de coisa ela é? Ou te parece ser possível alguém que não conhece absolutamente quem é Mênon, esse alguém saber se é belo, se é rico e ainda se é nobre, ou se é mesmo o contrário dessas coisas? Parece-te ser isso possível?

Mênon: Não, a mim, não. Mas tu, Sócrates, verdadeiramente não sabes o que é a virtude, e é isso que, a teu respeito, devemos levar como notícia para casa?

Sócrates: Não somente isso, amigo, mas também que ainda não encontrei outra pessoa que soubesse, segundo me parece.

Mênon: Mas como? Não te encontraste com Górgias quando ele esteve aqui?

Sócrates: Sim, encontrei-me.

Mênon: Assim então, pareceu-te que ele não sabe?

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Sócrates: Não tenho lá muito boa memória, Mênon, de modo que não posso dizer no presente como me pareceu naquela ocasião. Mas talvez ele, saiba, e tu [saibas] o que ele dizia, recorda-me então as coisas que ele dizia. Ou, se queres, fala por ti mesmo. Pois sem dúvida tens as mesmas opiniões que ele.

Mênon: Tenho, sim.

Sócrates: Deixemos pois Górgias em paz, já que afinal está ausente. Mas tu mesmo, Mênon, pelos deuses!, que coisa afirmas ser a virtude? Dize, e não te faças rogar, para que um felicíssimo engano [seja o que] eu tenha cometido, se se revelar que tu e Górgias sabeis [o que é virtude], tenho eu dito, ao invés, jamais ter encontrado alguém que soubesse.

1ª resposta de Mênon: uma enumeração de virtudes

Mênon: Mas não é difícil dizer, Sócrates. Em primeiro lugar, e queres [que eu diga qual é] a virtude do homem, é fácil [dizer] que é esta a virtude do homem: ser capaz de gerir as coisas da cidade, e, no exercício dessa gestão, fazer bem aos amigos e mal aos inimigos, e guardar-se ele próprio de sofrer coisa parecida. Se queres [que digas qual é] a virtude da mulher, não é fácil explicar que é preciso a ela bem administrar a casa, cuidando da manutenção de seu interior e sendo obediente ao marido. E diferente é a virtude da criança, tanto a de uma menina quanto a de um menino, e a do ancião, seja a de um homem livre, seja a de um escravo. E há muitíssimas outras virtudes, de modo que não é uma dificuldade dizer, sobre a virtude, o que ela é. Pois a virtude é, para cada um de nós, com relação a cada trabalho, conforme cada ação e cada idade; e da mesma forma, creio, Sócrates, também o vício.

Crítica de Sócrates. Uma definição deve dar conta da unidade de uma multiplicidade

Sócrates: Uma sorte bem grande parece que tive, Mênon, se, procurando uma só virtude, encontrei um enxame delas pousando junto a ti. Entretanto, Mênon, propósito dessa imagem, essa sobre o enxame, se, perguntando eu, sobre o ser da abelha, o que ele é, dissesses que elas são muitas e assumem toda variedade de formas, o que me responderias se te perguntasse: “Dizes serem elas muitas e de toda variedade de formas e diferentes umas das outras quanto a serem elas abelhas? Ou quanto a isso elas não diferem em nada, mas sim quanto a outra coisa, por exemplo quanto à beleza, ou

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