Os Aspectos éticos Que Envolvem A Educação Na Terceira Idade
Artigo: Os Aspectos éticos Que Envolvem A Educação Na Terceira Idade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Aluno94 • 22/10/2014 • 4.866 Palavras (20 Páginas) • 371 Visualizações
revista Kairós, São Paulo, 11(1), jun. 2008, pp. 59-77
Os aspectos éticos que envolvem
a educação na terceira idade
RESUMO: Durante muitos anos a educação de idosos foi considerada desnecessária
em nossa sociedade, pois somente crianças e jovens adultos tinham o direito
a esse privilégio em nossas escolas. Somente nos últimos anos, com o aumento
da expectativa de vida, a sociedade começou a pensar e criar condições para um
envelhecimento intelectualmente saudável por meio da educação continuada.
Neste artigo, objetiva-se mostrar a necessidade de desenvolver um caminho na
educação para melhorar a vida da comunidade da terceira idade. Como aspectos
ligados à moral e à ética poderiam ajudar a mudar o ponto de vista da sociedade
a respeito dessas pessoas?
Introdução
O Brasil encontra-se em um crescente processo de envelhecimento.
Não se poderia afirmar, nos dias de hoje, o consagrado lema
da década de 1970, quando, nas propagandas do governo, lia-se que
o Brasil era um país de jovens.
O século XXI foi recebido com índices oficiais que nos fazem
repensar as formas de interação e relação entre os vários segmentos que
compõem a sociedade. Vemos com freqüência, nas mídias impressa e
eletrônica, temas que há cerca de 20 anos nos pareceriam muito mais
assuntos tratados em filmes de ficção, como a oficialização das relações
entre pessoas do mesmo sexo, a clonagem de seres e órgãos e carros
que podem circular com qualquer tipo de combustível.
Ao lado de temas tão polêmicos, encontramos outros, mais comuns,
que existem há milhares de anos e dos quais, aparentemente, por
medo ou indiferença, a sociedade e os governantes não se dão conta: as
pessoas estão envelhecendo e, felizmente para todos nós, envelhecendo
cada vez mais.
Segundo dados do IBGE (2004), chegamos ao ano de 2000
com quatorze milhões de habitantes com idade acima dos 65 anos, o
que nos concederá, no futuro, o título de possuidores da sexta maior
população idosa do mundo.
Sabendo que, no momento, nossa sociedade não está preparada
para viver e conviver com essas pessoas, urge que tomemos uma posição
imediata a fim de melhorar a vida dessa parte da população, inclusive
para que, com a experiência adquirida, possamos preparar um país mais
“confortável e justo” para quando a geração de jovens de hoje fizer parte
do segmento da terceira idade da população brasileira.
Alguns órgãos governamentais, atentos aos índices oficiais, já
iniciaram um trabalho de formação de pessoas voltadas a esse segmento
e já têm facilitado, por meio de alguns dispositivos da lei, o acesso desses
indivíduos a eventos e locais adaptados às dificuldades que alguns
apresentam. Isso leva os integrantes da população idosa a viverem a
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maturidade com qualidade, engajando-se em variadas atividades artísticas,
educacionais, socioculturais e políticas, como já vem ocorrendo
há muito tempo nos países mais desenvolvidos.
Neste trabalho, o objetivo é descrever as implicações morais e
éticas existentes no trabalho educacional com a população com mais
de 60 anos de idade, deixando de lado os estereótipos existentes de que
os cursos a ela dirigidos devem centrar-se única e exclusivamente em
atividades recreativas com “velhinhos e velhinhas que se portam como
crianças” e seriam infantilizados pelos projetos político-educativos de
instituições que se prestam a educar ou ocupar uma lacuna deixada
pela aposentadoria, viuvez ou casamento dos filhos.
Pretendemos abordar a questão do aprendizado de língua inglesa
por um grupo de pessoas da chamada “terceira idade” e o reflexo
que essa aprendizagem pode ter na melhoria de suas vidas no tocante
à conscientização de que se encontram em uma nova fase, em que, a
exemplo de todas as outras pelas quais passaram, podem continuar
amando, aprendendo e transformando o universo ao seu redor.
A chamada terceira idade se estabelece de maneira geral a partir
da aposentadoria, quando o indivíduo se acha fora do processo produtivo
formal. Torna-se claro que, se as sociedades, sob a perspectiva
do capitalismo, tendem a transformar as pessoas em mercadorias, elas
reduzem os idosos à condição de mercadorias descartáveis e sem função
quando eles se aposentam.
Esse mesmo sentimento de incapacidade ou inutilidade parece,
em
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