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Os Dados da Biologia Simone de Beauvoir

Por:   •  26/4/2019  •  Resenha  •  4.640 Palavras (19 Páginas)  •  344 Visualizações

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Os dados da biologia – O segundo Sexo (Simone de Beauvoir)

P1. Diz Beauvoir, a mulher é definida uma matriz, ovário, uma fêmea em suma. Na boca do homem, a palavra fêmea soa como um insulto, ainda que ele não se envergonhe da sua própria animalidade, ao contrário, se sente orgulhoso se dizem “é um macho”. Mas, no caso da mulher, fêmea é pejorativo não porque enraíza a mulher na Natureza, mas porque a confina no seu sexo.

O seu sexo causa uma inquieta hostilidade no homem, por isso que ele é tido com desprezo e inimizade pelo mesmo, mesmo entre os bichos inocentes (aqui ela estaria falando que o homem odeia as fêmeas em geral?). Entretanto, é na biologia que o homem tenta encontrar uma justificativa para esse sentimento de hostilidade.

Inúmeras imagens são associadas a palavra fêmea: um enorme óvulo redondo abocanha e castra o ágil espermatozoide; monstruosa e empanturrada, a rainha das térmitas (formigas brancas) reina sobre os machos escravizados; a fêmea do louva-a-deus e a aranha, fartas de amor, matam o parceiro e o devoram; a cadela no cio erra pelas vielas, deixando atrás de si um rastro de odores perversos; a macaca exibe-se impudentemente e se recusa com faceirice hipócrita; as mais soberbas feras, a tigresa, a leoa, a pantera, deitam-se servilmente para a imperial posse do macho. Inerte, impaciente, matreira, estúpida, insensível, lúbrica, feroz, humilhada, o homem projeta na mulher todas as fêmeas ao mesmo tempo. E o fato é que ela é uma fêmea. Mas se quisermos deixar de pensar por lugares-comuns duas perguntas logo se impõem:

Que representa a fêmea no reino animal? E que espécie singular de fêmea se realiza na mulher?

P2. Beauvoir pontua que, sob o ponto de vista da espécie, machos e fêmeas se diferenciam em vista da reprodução, ainda que esse seccionamento das espécies em dois sexos não seja muito claro. Afinal, na natureza isso não é universal. Há diversos casos de reprodução unilateral e assexuada (código genético idêntico), a autora traz vários exemplos. Entretanto, entre os protozoários, há casos onde duas células femininas se fusionam, formando o zigoto; a reprodução fica necessária para que os ovos das abelhas gerem fêmeas e os dos pulgões gerem machos.

Certos biólogos chegaram a concluir que nas formas mais complexas de vida a sexualidade seria uma função indispensável, a renovação do germe mediante uma mistura de cromossomos estranhos promoveria um rejuvenescimento e o vigor da linhagem. Somente os organismos elementares poderiam multiplicar-se sem sexos e ainda assim esgotando sua vitalidade. Essa hipótese é uma das mais controvertidas, visto que novas observações mostraram que a multiplicação assexuada pode verificar-se indefinidamente, sem que se perceba nenhuma degenerescência, como nos basilos. Outro caso, em experiências de partenogênese – (abelhas) o macho se evidencia inútil.

Tipos de Partenogênese: De acordo com o sexo dos organismos gerados, a partenogênese pode ser de três tipos: Partenogênese arrenótoca: origina apenas machos como abelhas. (zangões) Partenogênese telítoca: origina apenas fêmeas, por exemplo, afídeos (pulgões). Partenogênese deuterótoca: origina machos e fêmeas como afídeos (pulgões).

Ainda que a utilidade de uma troca intracelular fosse demonstrada, apresenta-se como um fato injustificado. Porque você não consegue deduzir como isso dos fenômenos celulares etc.

P3: A existência de gametas heterogêneos não basta para definir dois sexos distintos. A  diferenciação das células geradoras não acarreta cisão da espécie em dois tipos, pois ambas podem pertencer a um mesmo indivíduo, como é o caso das espécies hermafroditas.  A reprodução efetua-se então ou por autofecundação ou por fecundação cruzada.

Neste ponto, igualmente, certos biólogos pretenderam legitimar a ordem estabelecida. Consideraramm o gonocorismo, sistema em que as diferentes gonadias pertencem a indivíduos distintos, como um aperfeiçoamento do hermafroditismo realizado por via evolutiva; mas outros, ao contrário, julgam o gonocorismo primitivo: o hermafroditismo não passaria de uma degenerescência.

Essas noções de superioridade de um sistema sobre o outro implicam, no que concerne à evolução, teorias das mais contestáveis. Tudo o que se pode afirmar com certeza é que esses dois modos de reprodução coexistem na Natureza, que realizam, um e outro, a perpetuação das espécies e que, tal qual a heterogeneidade dos gametas, a dos organismos portadores de gonadias se apresenta como acidental. A separação dos indivíduos em machos e fêmeas surge, pois, como um fato irredutível e contingente.

P4: Na maior parte das filosofias, a separação dos indivíduos em machos e fêmeas sempre foi admitida sem, contudo, pretenderem explicá-la. Em Platão, a divisão dos sexos é tomada como dada. Aristóteles não consegue justificar melhor, pois se a  cooperação da matéria e da forma é exigida em toda ação, não é necessário que os princípios ativos e passivos se distribuam em duas categorias de indivíduos heterogêneos. São tomas declara que a mulher é um ser ocasional – que é uma maneira de afirmar sob ponto de vista masculino – o caráter acidental da sexualidade.

Já, para Hegel, a sexualidade representa, a seu ver, a medicação através da qual o sujeito se atinge concretamente como gênero. Citação, pg. 34. Em suma: Existe uma necessidade de fazer parte da dialética, processo como o espírito se desenvolve, e, para Hegel, é necessário que essa alteridade se dê na divisão de gêneros. Mas a Beauvoir, nota que isso não seria necessário, porque essa divisão poderia se dar na relação do adulto com a criança, por exemplo, não necessariamente uma relação sexuada.

Merleau Ponty observa que a “existência não tem atributos, não tem conteúdo que não contribua para dar-lhe sua forma, não admite em si mesma nenhum fato puro, pois é o movimento pelo qual os fatos assumidos”. Beuavoir concorda, mas diz que a existência embora implique uma posição de um corpo que seja a um tempo uma coisa do mundo  e um ponto de vista sobre esse mundo, não necessariamente implica que esse corpo tenha uma estrutura particular.

Para Sartre, uma das características essenciais do destino do Homem é o fato de que o movimento de sua vida temporal cria a infinidade do passado e do futuro: a perpetuação da espécie surge, pois, como o correlativo da limitação individual; pode-se, assim, considerar o fenômeno da reprodução como ontologicamente fundado. Mas segundo Beauvoir, é preciso parar aí; a perpetuação da espécie não acarreta a diferenciação sexual. Mesmo que esta seja assumida pelos seres existentes de tal maneira que entre na definição concreta da existência, nem por isso deixa de ser certo que uma consciência sem corpo, que um homem imortal são rigorosamente inconcebíveis, ao passo que é possível imaginar uma sociedade reproduzindo-se por partenogênese ou composta de hermafroditas.

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