Os Filosofos

Os filósofos visualizaram um espaço vago no bem agir dos estudiosos da ética tradicional e inseriram outra forma de pensar o bem coletivo. Esse bem está abalizado no conceito de responsabilidade.

A partir de Jonas a responsabilidade não é mais centrada no passado e no presente. A sua responsabilidade é com o futuro da humanidade, com as gerações futuras e com a sobrevivência das mesmas. Diferente de Platão, Jonas não está preocupado com a eternidade, mas com o tempo vindouro, compatível com a era da ciência e da tecnologia, cuja responsabilidade passa a ser o alicerce, o principio orientador, para as decisões que possam interferir nas diferentes formas de vida. (KUIAVA, 2006, p. 56).

O conceito de responsabilidade para o filósofo está abalizado na condição que o homem tem de avaliar as suas ações. Pois, “os danos causados devem ser reparados, ainda que a causa não tenha sido um ato mau e suas consequências não tenham sido nem previstas, nem desejadas” (JONAS, 2006, p.165). Antes era honrado o ser humano que agisse bem em relação a outro ser humano. Agora é honrado quem, em suas ações, considera o bem do agora e o bem das porvindouras gerações. É de tal modo que se pode caracterizar a dimensão da nova ética. Mas, por que se deve ter este pensamento? Isso ocorre já que o homem detendo o poder sobre a natureza devido suas desregradas atuações, hoje deve, acima de tudo, preservar por um bem que não lhe pertence em privado, mas sim, um bem de todos. O meio ambiente é ponderada como objeto de responsabilidade.

Para elucidar o conceito contido nesse paradigma, Aristóteles, em sua obra Metafísica (A 980a), declara que “todos os homens, por natureza, tendem ao saber”. Por meio desta tese podemos afirmar que o homem necessita compreender que ele não pode ser escravo de outro fato a não ser da sabedoria e das boas ações. Essa sabedoria que aqui é ressaltada é um saber que antes de tudo precede o agir.

Dessa forma, quando se refletiu sobre o agir bem, considera-se que a vocação do ser humano encontrar-se na esfera da polis, o qual se constituía uma ética própria. Porem a ação sobre elementos não humanos não constituía um domínio eticamente expressivo (Ferraril, 2007, p. 93). Pode-se dizer que as praticas laborais humanas ultrapassaram os seus limites, ou seja, antes suas habilidades destinavam-se apenas para as necessidades próprias do homem. O homem carecia dela para se manter e desempenhar funções para sua sobrevivência. Trabalhava a terra para colher o que a natureza não produzia, ou se produzia era distante ou inacessível. O homo faber (ser humano capaz de fabricar ou criar ferramentas e inteligência) caracteriza-se pela tecnicidade, venceu o homo sapiens marcado pela sua interiorização. Este usava a natureza para se manter, enquanto aquele empregava a técnica para destruir a natureza. O homo faber identifica-se como alguém que produz a mais do que é a sua necessidade. O faber invadiu o espaço do sapiens.

Entende-se que o saber é um saber controlado, porque a tecnologia manipula, e por isso não se age pelo saber e sim pela irracionalidade dos instintos. Sendo assim, Hans Jonas, ao se referir ao saber, diz que carecemos ter controle, e que se trata de uma questão própria a todos: ter responsabilidade ao exercer seus direitos e seus deveres. A natureza é composta pelo todo, por isso, o homem deve ter um olhar diferente para com o que lhe cerca, e esse pensamento faz entender que a natureza deve ser vista de forma diferente da de como a viam.

O ser humano tem que ter outro procedimento, o mundo e os seus recursos naturais não pertencendo aos homens da técnica, estes devem ter a responsabilidade de preservar aquilo que não é só seu. Não deve pensar em sua geração, mas também nas novas gerações que se encontram ameaçadas por seus atos.

Sendo assim, Hans Jonas (2006, p.45) reflete sobre o dever com o seguinte argumento:

A presença do homem no mundo era um dado primário e indiscutível de onde partia toda a ideia de dever referente

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