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Platão E Aristóteles: Vida E Obra

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Por:   •  22/2/2015  •  5.061 Palavras (21 Páginas)  •  2.502 Visualizações

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Platão e Aristóteles: vida e obra

Platão nasceu em Atenas, em 428/7 a.C. Portanto, seu nascimento ocorreu logo após a morte de Péricles, com quem Atenas chegara ao apogeu de sua democracia, e o falecimento cerca de dez anos antes da batalha de Queronéia, que efetivou o domínio de Filipe da Macedônia sobre a Grécia. Platão viveu entre a fase áurea da democracia ateniense e o final do período helênico. Esse contexto histórico determinaria o caráter essencialmente político de sua filosofia como estabelecimento das condições para um estado político perfeito, o filósofo como o dirigente político ideal.

O interesse pela política estava ainda mais intimamente ligado a Platão por ele pertencer a uma família aristocrata que tinha participação efetiva nos destinos políticos da Grécia. Contudo, o acontecimento que mais marcou foi seu encontro com Sócrates, mestre que, sem escola e sem livros, usando apenas o diálogo, levava seus discípulos ao conhecimento de si mesmos, do bem e das virtudes, ao mesmo tempo em que demolia preconceitos e abalava falsos valores e reputações. Já restaurada a democracia, Sócrates, acusado de corromper os jovens, foi condenado à morte.

Esse acontecimento revelou a Platão as profundas falhas de um sistema político que fazia desaparecer “o mais sábio e o mais justo de todos os homens”. Tornava-se evidente que a democracia grega deveria passar por profundas reformulações, sendo necessário para isso buscar novas bases educacionais para os homens que exerceriam as funções governamentais. Depois da morte de Sócrates, Platão viajou: foi a Megara, em seguida para o Egito, à Itália meridional e Siracusa, na Sícila. Nesta faculdade conheceu Dion, cunhado de Dionísio I, tirano da cidade. A inteligência de Dion e seu interesse pela filosofia encantaram Platão, que via agora uma possibilidade de colocar em prática, através do grande amigo, suas concepções políticas. ao voltar para Atenas, Platão já havia concluído os primeiros Diálogos: Críton, Lísis, Cármides, Eutifron, além da Apologia de Sócrates. A personagem central desses diálogos é Sócrates.

Visando a concretizar seu projeto de educar os cidadãos para a vida política, em 387 a.C. Platão fundou sua escola, a Academia. Para implantar seu pensamento e seu método de ensino, voltado para a busca da verdade, opôs-se aos sofistas, mestres de eloqüência e de retórica que, em geral, preocupavam-se mais que com a habilidade verbal em si do que com seu objetivo. Fundamentavam a retórica em uma concepção da linguagem como nomos (“convenção”) e não como expressão da natureza das coisas: para Platão, ao contrário, a linguagem só tinha valor por poder exprimir a verdade, traduzir a essência do real. Durante os vinte anos que se seguiram, ele dedicou-se ao ensino na Academia e à elaboração de novos diálogos. Datam desse período: Mênon, Fédon, Banquete, República, Fedro, Eutídemo e Crátilo. Essas obras vão superando progressivamente as posições da filosofia socrática e formulando uma concepção propriamente platônica, cuja base é a doutrina de idéias.

Em 367 a.C., Platão fez uma segunda viagem a Siracusa, a convite de Dion (que via grandes possibilidades de influenciar a política da cidade, dirigida agora por Dionísio II). Relatos antigos afirmam que o novo governante, temendo perder o poder, expulsou Dion e prendeu o filósofo, que teve grandes dificuldades para voltar a Atenas. Nos seis anos seguintes, passados na Academia, Platão escreveu outras obras que revelam sua plena maturidade intelectual: Parmênides, Teeteto, Sofista e Político.

Em 361 a.C, Platão recebeu um convite de Dionísio II para visitar Siracusa. Dion, apesar de exilado, aconselhou-o a aceitar, com a esperança de poder retornar à sua cidade. Assim o filósofo decidiu-se a embarcar. Mas nada do que se esperava aconteceu. Ao voltar para Atenas, Platão encontrou Dion a caminho de Siracusa, chefiando uma expedição armada que derrubaria Dionísio II. Mas o amigo do filósofo não conseguiu governar com tranqüilidade e acabou assassinado pelos próprios amigos. Essa nova decepção minou todo o desejo de Platão de participar da política. Ele passou o resto da vida a exercer o magistério filosófico na Academia e a escrever novas obras: Timeu, Filebo, Críticas e Leis.

Tendo sua vida limitada à Academia, Platão pôde dedicar-se à elaboração de seu sistema filosófico, cujo fundo e originalidade são constituídos pela sua teoria das idéias. No Fédon, essa teoria surge como uma hipótese: o mundo sensível teria sua causa explicativa situada num plano de realidade transcendente, e constituído pelas idéias (essências existentes em si, independentes das coisas e do intelecto humano). Essa hipótese resulta da utilização generalizada do chamado “método dos geômetras”: uma hipótese é levantada e dela se extraem as conseqüências lógicas. Assim, através de um jogo de hipóteses, vai se construindo o sistema filosófico de Platão.

As explicações propostas pelos filósofos anteriores, como os da escola de Mileto, fundavam-se na descoberta de um elemento primordial que, ao desdobrar-se e modificar-se criaria o universo na forma pela qual o homem o percebe. Platão substitui esse caráter retrospectivo e unitário atribuído à origem do mundo físico por um caráter ascendente e unitário: para cada classe de objetos do mundo sensível existiria uma idéia da qual ela derivaria. Assim, as mesas seriam mesas porque “participariam” da mesa em si (idéia de mesa).

Nos Diálogos, as idéias são caracterizadas como incorpóreas e invisíveis, eternas e idênticas a si mesmas, não sofrendo nunca a ação do tempo. Perfeitas e imutáveis, seriam os paradigmas dos quais as coisas materiais seriam as cópias imperfeitas e transitórias. Mas isso cria o problema da possibilidade de se conhecer o mundo das idéias: sendo o homem um ser corpóreo, mutável, imerso no tempo, como poderia conhecer as idéias incorpóreas e eternas? No Mênon, Platão expõe a teoria de que apenas o homem pode chegar ao conhecimento das idéias, pois só ele é dotado de intelecto, e o intelecto, como as idéias, é incorpóreo. A alma humana teria contemplado as idéias antes de juntar-se ao corpo; mas, depois que essa encarnação se consuma, ela perde a possibilidade de manter um contato direto com as idéias, sendo restringida a relacionar-se apenas com suas cópias (podendo, contudo, recuperar gradativamente o conhecimento das idéias originais). Assim, a hipótese das da existência do mundo das idéias apóia-se na hipótese da reminiscência; e o ato de conhecer se configuraria como lembrar, reconhecer. A concepção do ato de conhecer como reminiscência coloca outro dado importante do sistema filosófico de Platão: o da preexistência

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