Melanie Klein - Vida E Obra
Artigo: Melanie Klein - Vida E Obra. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: erikka • 22/5/2013 • 1.881 Palavras (8 Páginas) • 1.074 Visualizações
MELANIE KLEIN
Vida e obra
Melanie Klein foi uma das maiores psicanalistas da historia. Seguidora de Freud, com genialidade e amor à verdade erigiu uma escola com pensamentos próprios e distintos. Como disse uma amiga, quando Klein em 1935 insistia que era uma freudiana: "agora já é tarde - você é uma Kleiniana."
Suas teorias vieram de seus trabalhos com crianças, o que possibilitou a investigação psicanalítica dos primeiros meses de vida, abrindo as portas para o tratamento de pacientes psicóticos. Outros desenvolvimentos se seguiram à psicanálise de crianças, como o estudo dos estados maníaco depressivos, a identificação projetiva como defesa do ego, e a inveja primária na constituição da personalidade. Sua teoria das posições depressiva e esquizoparanóides são a primeira grande sistematização da teoria psicanalítica.
VIDA
Melanie Reizes nasceu em Viena em 30/03/1882 e morreu em Londres em 22/09/1960, aos 78 anos. A vida pessoal de Klein é repleta de perdas e decepções: seu pai se chamava Moriz Reises, nunca foi bem sucedido na vida, estampando essa melancolia em suas atitudes. Sua mãe, Libussa aparentemente era extremamente dominandora e invasiva, trabalhando em uma loja de plantas e animais exóticos para ajudar na renda familiar. Sua gravidez não havia sido desejada, tendo Klein teve um relacionamento distante com seu pai; era bastante apegada à sua mãe e a irmã Sidonie, que morre aos 8 anos de idade. Outras perdas serão sentidas na vida de Melanie Klein.
Casou-se cedo aos 17 anos com o engenheiro químico Arthur Stevan Klein com quem ficou casada até 1926, com então 44 anos. Klein sofria com as constantes viagens do marido, bem como com seus problemas com depressão. Teve 3 filhos: Mellita, Hans e Erich. Mellita se mostrará sua adversária ferrenha no campo psicanalítico, e Hans morre em um acidente de alpinismo em 1934 (suspeita-se que tenha sido um suicídio). Klein morre em 1960, ironicamente, não de câncer, cuja cirurgia fora bem sucedida, mas por complicações em função de uma queda enquanto se recuperava dessa cirurgia. (Ela recusara a ajuda da enfermeira durante a noite).
OBRA
Em 1914 inicia sua análise com Sandór Ferenczi em Budapeste e em 1919 torna-se membro da Sociedade Psicanalítica da Hungria. Inicia sua análise com Karl Abrahan em 1924 que morre 11 meses depois. Em 1925, a pedido de Ernest Jones, muda-se para Londres, e em 1927 torna-se membro da Sociedade Britânica de Psicanálise.
Klein desde 1923 apresentava divergências, ainda que veladas, em relação a alguns postulados freudianos, em especial ao desenvolvimento psíquico antes dos três anos de idade. Porém essa divergência, que inicialmente era velada, ficou explicita com a publicação de um livro de Anna Freud (Tratamento psicanalítico de crianças) onde esta acusava Klein de não fazer psicanálise. Uma serie de artigos são publicados em resposta a Anna Freud, e em 1932 Klein publica seu livro “Psicanálise de Crianças”, livro que até hoje é a base para trabalhos com crianças. Mais abaixo trataremos das divergências teóricas entre ambas.
Em 1935 Klein publica “Uma contribuição à psicogênese dos estados maníaco-depressivos” que apresentava o conceito de “posição depressiva”. Mesmo D. Winnicott, um dos seus mais magistrais contestadores, admirou essa descoberta, classificando-a como a mais importante depois da descoberta do inconsciente. Ainda que Klein, até mesmo por questões políticas, insistisse em se considerar “freudiana”, a partir deste trabalho, já se pode falar em pensamento Kleiniano, tamanha as introduções de novos conceitos que este artigo trouxe. Em 1940 publica “O luto e suas relações com os estados maníacos-depressivos”, onde amplia os conceitos já introduzidos pela posição depressiva, postulando que o luto não seria mais que uma repetição das sensações dessa posição.
O complexo de Édipo à luz das ansiedades arcaicas (1940) Klein introduz as ansiedades persecutórias e depressivas na dinâmica do complexo de Édipo, ampliando sua atuação no psiquismo infantil. Ao localizar o complexo de Édipo com o surgimento da posição depressiva, aos seis meses de idade, Klein dá um salto na compreensão da formação do superego infantil, bem como de eventuais distúrbios ligados ao Édipo.
Com “Notas sobre alguns mecanismos esquizóides” aprofunda a compreensão das defesas do ego em relação às ansiedades persecutórias, ampliando os conceitos da posição esquizoparanóide. Ele também introduz o importante conceito de identificação projetiva como base para as relações objetais. Acréscimos importantes sobre esse tema são feitos por W. Bion. Esse trabalho e “Uma contribuição à psicogênese dos estados maníaco-depressivos” formam os eixos principais de sua teoria.
Em “Inveja e Gratidão” de 1957, seu mais controverso trabalho, Klein postula a presença do sentimento de inveja presente desde o nascimento no bebê, e analisa suas conseqüências para as posições esquizoparanóides e depressivas, bem como para o Complexo de Édipo. Ela também faz nesse trabalho um importante avanço em relação às resistências ao tratamento analítico.
TEORIA
São três os pilares fundamentais da teoria Kleiniana:
- Primeiramente existe um mundo interno, formado a partir das percepções do mundo externo, colorido com as ansiedades do mundo interno. Com isso os objetos, pessoas e situações adquirem um colorido todo especial. O seio materno, primeiro objeto de relação da criança com o mundo externo, tanto é percebido como bom quando amamenta, daí o nome de “seio bom” a esse objeto no mundo interno, quanto é percebido como “seio mau”, quando não alimenta na hora em que a criança assim deseja. Como é impossível satisfazer a todos os desejos da criança, invariavelmente ela possi os dois registros desse seio, um bom e um mau. Esse conceito também é muito importante no estudo da formação de símbolos e desenvolvimento intelectual.
- Em segundo lugar os bebês sentem, logo quando nascem, dois sentimentos básicos: amor e ódio. É como se a vida fosse um filme em branco e preto, ou se ama, ou se odeia. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o “seio bom” e odeia o “seio mau”. O problema é que na fantasia da criança, o “seio mau”, esse objeto interno, vai se vingar dela pelo ódio e destrutividade direcionados a ele. Esse medo de vingança é chamado de ansiedade persecutória. Quando nos defrontamos diante de um
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