RESENHA DE O VÉU DE ÍSIS. ENSAIO SOBRE A HISTÓRIA DA IDEIA DE NATUREZA
Por: TECIO MACILIO SANTANA DA SILVA • 16/8/2022 • Resenha • 4.026 Palavras (17 Páginas) • 260 Visualizações
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Filosofia da Natureza – Atividade Avaliativa
RESUMO DE O VÉU DE ÍSIS. ENSAIO SOBRE A HISTÓRIA DA IDEIA DE NATUREZA
(CAPÍTULOS V, VI, VII, VIII e IX)
TÉCIO MACILIO SANTANA DA SILVA - CURSO DE BACHARELADO EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO (UNICAP). ATIVIDADE ENTREGUE COMO PRÉ-REQUISITO PARA OBTENÇÃO DE PONTUAÇÃO DO 2º GQ NA DISCIPLINA - FILOSOFIA DA NATUREZA, MINISTRADA PELO PROFESSOR: PEDRO EFKEN.
V
“A NATUREZA AMA OCULTAR-SE.”
FORMAS MÍTICAS E FORMAS CORPÓREAS
No início do capítulo quinto, o autor faz referência a Porfírio, que é discípulos de Plotino, dizendo que invocará o aforismo de Heráclito para assim justificar o uso do mito no Timeu de Platão e assim possibilita a defesa dos ritos da religião pagão. Os epicuristas fazem críticas a física mítica do Timeu de Platão. Platão havia proposto uma física “Verossímil, que tinha a intervenção de uma figura mítica, que seria um deus-artesão, criador de um mundo sensível a partir da um modelo pronto, perfeito e imutável. Os epicuristas fortemente se opuseram a este mito na ciência da natureza. A obra vai dizer: “A seus olhos ela era incompatível com a majestade divina, pois imaginava um deus assumindo o cuidado da fabricação e organização do mundo, e também com a certeza cientifica, de que a alma necessitava para encontrar a paz, graças ao estudo da physiologia.” (O véu de Ísis, pág 71). Porfírio faz ressalvas aos contrapontos de Colotes, revelando assim como os platônicos fazia as justificativas a física mítica do Timeu, em nome de uma ideia que tinham da Natureza. Platão não confunde filosofia e pensamento mítico. Porfírio faz uma afirmação dualista, ou seja, para os platônicos tem um viés que a filosofia não admite todos os mitos, e, por outro, toda a filosofia não admite os mitos. Em outas palavras, Porfírio apresenta duas divisões, uma da filosofia e a outra dos mitos. Ele faz essa divisão para mostrar que apenas uma parte da filosofia admite de fato uma exposição mítica, e de apenas uma categoria de mitos que seria, a narração fabulosa. Esta parte da filosofia que que admite é a física teológica. Os mitos da segunda categoria podem-se distinguir as fábulas propriamente ditas, como as de Esopo. As fábulas propriamente ditas e envolvida de narrativas que foge da verdade. Ao contrário das narrativas fabulosas que usa o véu da ficção para assim falar de alvo verdadeiro. Pode-se incluir a estas narrativas as de Hesíodo e Orfeu. “...As fábulas propriamente ditas não se contenta em assumir uma forma imaginária e mentirosa, mas a própria narrativa é tecida de mentiras. Por isso também são excluídas do domínio da filosofia. Ao contrário, as narrativas fabulosas contam algo de verdadeiro sob o véu da ficção. São, por exemplo, as narrativas de Hesíodo e Orfeu sobre a genealogia e a ação dos deuses, assim os ritos dos mistérios ou os chamados símbolos pitagóricos.” (O véu de Ísis, pág 73). Por este motivo, fica mais claro o motivo do Porfírio introduzir as teogonias, ou seja, a narrativa da origem do universo, bem como, dos deuses; as cerimônias religiosas e por sua vez os símbolos. Porfírio defendia que a parte inferior da teologia se remete a Natureza e a alma do mundo, já a teologia superior se refere ao Bem, ao Intelecto, à Alma que é fixa no mundo inteligível. “Precisamos saber, porém que não e em todos os seus discursos que os filósofos admitem narrativas míticas, mesmo quando são permitidas, mas tem o costume de só utilizá-la quando discorre sobre a alma ou sobre as potências do ar e do éter ou dos outros deuses. Mas quando seu discurso ousa alçar-se ao Deus mais elevado, que é o primeiro acima de todos [...] o Bem, a causa primeira, ou então o Intelecto [...] que contém as Formas originais das coisas [...] e que foi engendrado e procede do Deus soberano, eles não afloram absolutamente nada de míticos, mas tentam atribuir predicados a essas realidades que ultrapassam não só a palavra, mas também o pensamento humano, e recorrem às analogias e às comparações.” (O véu de Ísis, pág 73). Tanto para porfírio como para Platão, divindade e realidade se aproximam. No entanto, segundo eles há dois níveis de realidade e divindade, que por sua vez, são objeto de duas ciências diferentes. A esfera suprema da divindade é plenamente incorpórea, esta e objeto da teologia; na contramão temos ainda segundo Platão os deuses inferiores, que têm relação direta com o corpo, ou seja, a Alma do mundo e os deuses que são ligados aos fenômenos físicos, os astros etc. Todos os estes são objeto da física teológica. Porfírio comentando sobre o aforisma chega à compreensão que a Natureza foge dos nossos conhecimentos devido à sua fraqueza. Ela se envolve assim por formas sensíveis. Para assim falar da natureza só podemos utilizar uma linguagem mítica, ou fazer estátuas de deuses, ou fazer suas atividades por rituais religiosos. E cabe ao verdadeiro filósofo desvelar com o método alegórico, esses símbolos que fazem alusões a Natureza. Por fim, pontuamos aqui o método alegórico estoico e o método alegórico Porfírio. Para não ser confundido: O método estoico consiste em desmitificar o que é chamado de teologia mítica, ou seja, as narrativas fabulosas referente aos deuses. Por essa alegoria os deuses são processos naturais e todo a mitologia é uma narrativa figurada da história. Porfírio censurava o filósofo estoico Quêremon por minimizar os mitos. Em linhas gerais ele tratava os mitos como uma realidade totalmente física e nunca incorpóreas e vivas. “A Natureza está envolvida em formas corporais – justamente o que a faz visível aos olhos sensíveis e invisível aos olhos da alma - e, além disso as imagens míticas que servem para falar dela também parecem manifestá-la, ao mesmo tempo em que de fato, ocultam sua verdadeira essência”. (O véu de Ísis, pág 77).
VI
CALIPSO, OU “OS LONGOS VÉUS DA IMAGINAÇÃO”
Neste sexto capítulo inicia-se com o novo sentindo que o movimento platônico deu ao aforisma de Heráclito. Passa da Natureza que ama ocultar-se para “A Natureza ama encobrir-se”. Esta Natureza se encobre não pelo motivo de à sua transcendência, mas, sem dúvida é por causa de sua fraqueza e inferioridade. O calipson da Natureza que a faz se velar são conjuntos de potências incorpóreas que traz ânimos para ela, são estas divindades ou demônios que animam o mundo sensível, que por sua vez se cobrem nas formas visíveis. “A Natureza corresponde ao conjunto das potências incorpóreas que animam o mundo sensível; são divindade ou demônios, é verdade, mas que precisam encobrir-se nas formas visíveis.” (O véu de Ísis, pág 79). Fica claro a predileção que as divindades têm de ser representadas no mundo sensível pelas estátuas. E um desejo de guardar seus mistérios, para assim, não ser revelados deixando só o sentir de sua presença apenas nas formas das esculturas que foram suas escolas. Interessante que a alma humana só poderá compreender ou perceber este véu que cobre a Natureza por seu aspecto corporal e sensível e, com a ajuda da exegese alegórica mítica que a aponta com potência incorpórea. É perceptível que os neoplatônicos e o próprio Porfírio, nunca se fizeram compreender de forma nítida por qual motivo a Alva do mundo e as individuais tiveram que se involucrar-se nos corpos. Um talvez, seria à degradação dos seres a partir do Uno. Plotino vai dizer que está degradação tem forma já no nível do que vem logo após o Uno. Vejamos: “Em Plotino, por exemplo, essa degradação se esboça já no nível de que vem imediatamente após o princípio supremo ou Uno. Da presença do Uno emana uma possibilidade de existência, espécie de matéria inteligível, que, retornando para o Uno, se torna Espírito. Constituindo-se a sim mesmo, o Espírito comete um ato ousado; é uma conquista de seu próprio ser, mas também um enfraquecimento com a relação à unidade original. Igualmente, a Alma do mundo e as almas individuais quiseram estar nelas mesmas, conquistar sua autonomia. Diferenciaram-se do Espírito, distanciaram-se dele, afim de projetar suas imagens sobre a matérias, o reflexo delas mesmo que são os corpos.” (O véu de Ísis, pág 80). A alma começa juntando a sim mesma em um primeiro corpo, constituído pelo éter, que é um elemento material, ou seja, é um material pneumático, sopro. “A Alma que revestida por esse primeiro corpo, continuará a descer, isto é, a acrescentar outros invólucros, tirados da matérias astral, ao corpo imaginativo e luminoso, à medida do rebaixamento de sua faculdade intelectual e de sua descida através dos planetas.” (O véu de Ísis, pág 81). O antigo sentido do Kryptesthai, ou seja, ocultar-se, lá do aforisma de Heráclito: um ser envolvido em um invólucro é estar recoberto, é morrer. Tornando-se o véu da morte. O Calipso é aquela que oculta, aquela que põe o véus. Um exemplo de exegese alegoria, seria a narrativa alegórica. Os sábios têm a convicção que as imagens dos deuses não são deuses visíveis, mas que eles representam as potências divinas incorpóreas. No entanto, os profanos acreditam justamente o contrário, que as imagens são deuses visíveis, e a alegoria mítica o será suficiente. Vejamos: “Assim, somente os sábios podem conhecer as forças incorpóreas que operam na Natureza e talvez saber como dominá-la. Mas devem deixar que os profanos se contentem com a letra dos mitos. Os profanos acreditam que as estátuas são deuses invisíveis, o sábio sabe que elas simbolizam as potências divinas invisíveis.” (O véu de Ísis, pág 83). E importante este entendimento, pois faz o homem ter um certo freio, em relação a Natureza. Ela e simples, frágil e precisa ser preservada, protegida. As alegorias míticas, com todos símbolos e significados, como falei acima, coloca de uma certa forma um freio, talvez pelo medo do deus que tudo vê. O sábio sempre saberá interpretar o real sentindo do mito. Os profanos só saberão as formas corpóreas e sensível dos seres, no entanto, o sábio nunca tirará da Natureza suas roupas que a vela. Os segredos da natureza só se deve ser revelada a poucas pessoas, sábios. Veja: “Só podemos falar da Natureza velando-a, quer dizer, sob uma forma mítica, e o sábio não revelará aos profanos os sentidos do mito, não arrancará à Natureza suas roupas e suas formas. Os profanos verão apenas as formas corpóreas e sensíveis dos seres, mas o sábio, de seu lado, saberá, interpretar os mitos, essas formas são os invólucros e a manifestação de potências divinas e incorpóreas, potência que ele verá em sua nudez, isto é, em seu estado corpóreo. (O véu de Ísis, pág 84). Este fragmento da página 84, confirma o entendimento que tive acerca da compreensão que a natureza ama ocultar-se, e ela não se revela a todos, mas a um pequeno grupo que a obra vai os chamar de sábios. Quem não tem uma visão apenas corpórea.
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