RESUMO CRÍTICO O Contador de Histórias
Por: ingridthazevedo • 12/9/2017 • Trabalho acadêmico • 1.258 Palavras (6 Páginas) • 338 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – CAMPUS CARAÚBAS
CURSO: CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA
PROFESSOR: DAVI DA COSTA ALMEIDA
ALUNA: INGRID THAÍS AZEVÊDO DANTAS
RESUMO CRÍTICO – Filme: O contador de Histórias
Roberto é o caçula em uma família de nove filhos que residia numa favela em Belo Horizonte, Minas Gerais. A mãe vê numa propaganda da FEBEM a oportunidade de dar uma vida melhor a seu filho mais novo, visto que essa prometia um futuro grandioso aos meninos que abrigava, que ela não seria capaz de dar com as condições financeiras que tinha. Dessa maneira, entregou Roberto nas mãos da Fundação, fantasiando ao menino a imagem de um bom lugar.
A realidade que o menino encontra na FEBEM é bem diferente da expectativa que a mãe havia criado. Com a grande ruptura afetiva da família, ainda muito novo, Roberto se depara com a opressão de um sistema cheio de regras e punições, interrompendo assim a beleza da infância. Ao passar do tempo, ele começa a aprender a usar sua criatividade como meio de conseguir alguns agrados a mais. Porém, ao completar 7 anos, o menino é transferido para outra instituição onde há maior rigidez. Além disso, ainda havia a tirania dos meninos mais velhos, que o levou a aprender a ser durão e falar palavrão.
Com o sentimento de abandono, Roberto acaba parando de se importar com a família. O menino tinha uma vida limitada onde só ele era por ele, tendo que aturar a repressão e violência que acompanhava a exclusão social em que se encontrava. Diante disso, Roberto vira um fugitivo e entra na vida do crime, sendo visto como um “caso perdido” na instituição responsável de cuidar do seu desenvolvimento pessoal. Ao voltar de uma de suas fugas, Roberto é abordado por uma pedagoga francesa chamada Marguerite, que começa a o interrogar a fim de desenvolver o estudo que veio fazer no Brasil.
Roberto utiliza de diversos tipos de rebeldia para esgotar a paciência daquela mulher que insiste em querer se aproximar dele. Até um dia sofrer abuso sexual dos meninos da rua e encontrar na casa de Marguerite um refúgio, que o acolhe afetuosamente. A cada dia que passa a francesa se encanta mais com seu objeto de estudo, acolhendo-o como um filho e sempre acreditando no potencial de mudar a realidade da vida dele. Roberto vai ficando na casa de Marguerite, se acostumando com suas gentilezas, mas sabendo que para permanecer teria que ter uma melhor postura.
A pedagoga vai criando uma relação com o menino enquanto aflora um lado dele que antes não era explorado pela instituição: a imaginação. Introduz ele à literatura, ensina um pouco do francês, o que desperta a curiosidade dele a se aprofundar cada vez mais. Isso vai se intensificando até chegar o dia que a pesquisa de Marguerite termina e ela tem que voltar para a França, levando Roberto com ela, o qual vira professor e volta pra trabalhar na FEBEM, mas com a nova pedagogia que foi ensinada pela francesa.
Uma parte que reflete bem a principal mensagem deixada pelo filme é quando, ao estar se organizando para voltar à França, Marguerite conversa com a responsável da FEBEM. A francesa relata a mudança comportamental que aconteceu em Roberto, o que a mulher respondeu com “Roberto teve sorte”. Marguerite responde “Não foi sorte, foi trabalho. Eu sabia que um menino de 13 anos não poderia ser considerado irrecuperável”. A mulher responde: “O seu trabalho, minha amiga, foi fazer o papel de mãe. Você levou o menino pra casa, deu roupa, comida, carinho... Eu ia adorar cuidar de cada criança como se ela fosse única, mas não é. O que se faz aqui é política pública. Isso aqui é uma guerra”. Esta se refere à guerra da pobreza.
O filme mostra como o desenvolvimento pessoal na infância e adolescência é crucial na formação do indivíduo. Este deve ser regado de atenção, afeto e incentivo. Atualmente, presenciamos uma discussão sobre a diminuição da Maioridade Penal a qual pode ser debatida com o filme. Muitas pessoas veem um menino de 14 anos como um caso irrecuperável, como foi visto Roberto, capaz de tomar suas próprias decisões e receber as consequências disto como um adulto. Quando, na verdade, a culpa dessa intensa criminalidade encontrada em adolescentes vítimas dessa guerra da pobreza é do sistema falho operante.
Meninos que são criados na mesma realidade que Roberto possuem uma vida recheada de sofrimento onde todos os contextos os levam a perderem as esperanças. Nos dias de hoje ainda pode-se ver métodos pedagógicos rigorosos (como surras) como medida de correção de crianças e adolescentes. Na educação pública vê-se outros métodos pedagógicos falhos, com diversos profissionais preocupados apenas em receber o salário no fim do mês, esquecendo-se sua real tarefa de incentivar o crescimento. Falta a atenção e o incentivo à educação.
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