Rei-filósofo e Crítica à Democracia
Por: lets1970 • 16/5/2015 • Trabalho acadêmico • 1.167 Palavras (5 Páginas) • 151 Visualizações
1. Porque, para Platão, o governante do Estado deve ser o filósofo? Como é a formação do rei-filósofo?
Platão em A República nos diz, pelas falas de Sócrates que o Estado deve ser governado por filósofos, pois os filósofos são os melhores e mais aptos a governar, além de ter caráter nobre e serem amantes da verdade. E por esta razão, desprezam a política corruptível que rege a pólis.
Na página 142, Sócrates vem a tratar da possibilidade de um filósofo – ou alguns filósofos – ser forçado a se ocupar dos assuntos da pólis:
...jamais haverá cidade ou governo perfeitos, nem tampouco indivíduos que o sejam, até que, por alguma imposição do destino, essa pequena classe de filósofos que qualificamos de inúteis, porém não de corruptos, sejam forçados a ocupar-se com os assuntos da cidade e que esta tenha de submeter-se a eles;
A priori Platão coloca como melhor legislador da pólis alguém que esteja dentro da classe dos guardiões, mas é necessário que este legislador se sobressaia aos outros, para que faça um bom governo. E para que se sobressaia, o governante deve reunir certo conjunto de qualidades que só se encontra no verdadeiro filósofo. “... o guardião perfeito deve ser um filósofo [...] e não esperes que haja muito deles, pois os dotes que consideramos essenciais raramente se encontram unidos no mesmo indivíduo;” (Pág. 145).
O filósofo é o único que, de alguma forma, tem acesso à contemplação da verdade. E alguém assim, não se ocuparia com o que é banal, e não faria do governo de um Estado algo vulgar, às maneiras do homem comum, como Platão diz (sempre pelas falas de Sócrates) nas páginas 142 e 143:
...aquele cujo espírito está ocupado com o verdadeiro ser não tem tempo para entreter-se com as ações dos homens nem para pôr-se [...] a contender com eles. [...] E assim, convivendo com o divino e ordenado, o filósofo se faz tão ordenado e divino quanto o pode comportar a natureza humana; [...] se alguma necessidade o leva a tentar moldar não já a si mesmo, mas a natureza humana em geral, quer em cidades, quer em indivíduos, de acordo com o que vê lá em cima, acreditas que se possa revelar um artífice incompetente da justiça, da temperança, e de toda classe de virtudes cívicas?
A diferença entre o rei-filósofo e os outros legisladores é que o filósofo não moldaria ou não traçaria as leis da cidade sem antes se certificar de que nela não há mais nada de impuro ou sujo. O filósofo é como que destinado ao governo, por capacidade e aptidão natural. E o mal das cidades não cessará até que o rei-filósofo tome as rédeas do governo. O filósofo conhece o Bem, as Formas e a Justiça, assim, saberia o que fazer em cada caso por ter o conhecimento do real. Platão acreditava que por este motivo, a cidade seria justa. “... a intenção do legislador não é a de tornar uma determinada classe mais feliz do que as outras na cidade, mas esforçar-se para que a cidade inteira seja feliz.” (Pág. 157).
A formação do Rei-Filósofo não é como a formação dos outros cidadãos da pólis. As artes liberais como a música e a ginástica, não são capazes de elevar a alma e trazer conhecimento. Seriam, portanto, desprezíveis aos filósofos – mas não às outras classes -, sendo necessária uma disciplina superior, que inicie o filósofo ao desligamento do sensível.
Platão encontra na matemática e na geometria a resposta à esta necessidade, pois “conduzem naturalmente à reflexão” (Pág. 159). A matemática educa para um certo tipo de objetividade, e é um bom exercício para o treinamento deste desligamento. É uma espécie de purificação, e quem o fizer, estará perto da posse do conhecimento verdadeiro.
Após o processo de se iniciar na matemática e na geometria, ele se inicia na dialética, onde é completamente desligado de laços com o sensível. O exercício da dialética afastaria os homens do campo das opiniões, que sem conhecimento, Platão considera como defeituosas. “... o método dialético é o único que se encaminha diretamente ao primeiro princípio, desfazendo-se das hipóteses para poder pisar em terreno firme;” (Pág. 167).
Platão afirma que nenhuma outra disciplina, a não ser a dialética, leva ao limite do conhecimento, e por isto, deve ser elevada
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