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René Descartes Segunda e Terceira Meditação

Por:   •  3/12/2018  •  Resenha  •  1.760 Palavras (8 Páginas)  •  286 Visualizações

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Meditações Metafisicas

Segunda meditação- sobre a natureza da mente humana: que ela é mais conhecida do que o corpo.

Na segunda meditação, Descarte vai retomar do ponto de partida de onde parou na meditação anterior. Até aqui o autor demonstrou certo ceticismo em relação as nossas experiências sensíveis, advindas da sensibilidade. O autor afirma na primeira meditação que não devemos confiar cegamente nos nossos sentidos (olfato, tato, visão, audição), pois eles costumam nos enganar diversas vezes.

No momento inicial o autor afirma “prosseguirei até conhecer algo certo ou, na falta de outra coisa, que pelo menos reconheça como certo que nada há que seja certo”. Partindo de uma visão que vai totalmente contra a teoria empirista. O autor afirma que Arquimedes só precisou de um ponto fixo para desenvolver toda suas teorias e da mesma forma ele precisa como ponto de partida.

A conclusão que o autor chega no final da primeira meditação é de que nada é certo. Ora, se não existe nenhuma figura, extensão, corpo, movimento, então o que resta de verdadeiro? Para Descartes, enquanto ele pensar nenhum Deus enganador pode convencê-lo de que, pelo menos, ele existe. Enquanto eu penso eu sei que sou[1]. Mas, vai dizer que não sabe quem é esse “eu”[2].

O autor retoma um pensamento que já havia levantado na meditação anterior: eliminar tudo que for infirmado, por menos que seja, por razões alegadas, de maneira que só remanesça, por fim, precisamente, o certo e inconcusso. Descarte vai iniciar seu raciocínio questionando uma premissa universal para todos nós, a saber: o que é um homem?. Um animal racional, vai dizer, como referencia a definição canonizada. Entretanto, não é nessa visão que pretende iniciar a investigação, mas vai dar atenção aos pensamentos que ocorrera naturalmente. De que possui um rosto, dois braços, membros, e que até aqui não difere de um cadáver, e que chamara de corpo, pois andava, pensava, sentia e tudo isso é atributos da alma[3].

Sobre a alma vai dizer que não é algo fácil para chegar em algo que seja inconcusso, ou certo, pois ele define como algo diminuto. Pois já tentou chegar a um conceito assemelhando ao éter, ao vento, ou fogo, mas nada satisfaz o autor. Sobre o corpo não tem duvida pois é algo que é percebido pelos sentidos. E um corpo ocupa um lugar no espaço e esse espaço permite que esse corpo seja representado pelos sentidos na mente.

Um questionamento é levantado pelo autor (Ora, quem eu sou?), já que não possui corpo e estou desprovido de qualquer sensação externa. Não posso sentir, pois isso necessita de um corpo, andar, alimentar-se, todo movimento necessita de um corpo. Porém, o pensamento não necessita de um corpo e não pode ser separado de mim[4]. Eu sou porque eu penso. Até aqui Descartes vai negar todos atributos que pertence ao corpo(correr, pular) pois até aqui ainda não admite a existência do corpo. O pensar é um atributo da alma, pois isso não pode ser separado de mim. “Eu, eu sou, eu, eu existo” isso é certo afirmar. Existo enquanto penso. O que sou? Mente ou ânimo ou intelecto ou razão, ou seja, uma coisa pensante.

“E, que mais?” vai perguntar Descartes. Além de uma coisa pensante, que é a certeza que temos até agora. Podemos então distinguir do que não somos, vai dizer: “não sou vento, nem fogo, nem vapor, nem sopro”, mas no entanto eu sou algo. “O conhecimento de mim mesmo não depende das coisas cuja existência ainda não conheço, nem daquelas que figuro em minha imaginação”[5]. Imaginar é contemplar a figura ou a imagem de uma coisa corporal. Após refletir sobre a possibilidade de que as imaginações possa ser assemelhada ao sonho, sobre as coisas que se refere a natureza do corpo, vai concluir que “nada do que posso compreender com a ajuda da imaginação pertence ao conhecimento que tenho de mim”.

“Mas, que sou, então? Coisa pensante”[6]. Descartes cita alguns atributos da coisa pensante: afirmar, negar, que quer, que não quer, que imagina e também sente. Vai argumentar: como esse tributo não me pertence? Se eu entendo algo; afirmo algo; desejo saber, que não quero ser enganado; imagino e percebo coisas. Não existe duvida de que esse atributo pertence ao pensamento e que mesmo dormindo, quem me criou faça tudo para me enganar, isso é algo que não pode ser negado. Enquanto eu pensar eu sei que eu e existo.

É verdade que sou eu que imagino, mas supondo que nenhuma dessas coisas seja verdadeira, a própria força de imaginar (a capacidade ou faculdade de imaginar) de fato existe e faz parte do meu pensamento. Diriam que ver a luz, ouvir, sentir o calor é falso, mas isso em mim não parece falso. Isso é o que chama propriamente de sentir, o que tomado da perspectiva de Descartes é nada mais do que pensar.

Até aqui Descartes conclui para a questão “o que sou?” é uma coisa pensante. Sobre as coisas que tocamos, que vemos, vai iniciar uma analise sobre um corpo em particular. Toma como exemplo uma cera[7]. De uma cera particular podemos perceber: sua cor, figura, tamanha; é dura, fria, fácil de tocar, golpear com os dedos, produz um som, ou seja, nela está presente tudo que pode exigir para o conhecimento distinguir dos demais corpos.

Essa mesma cera em contato com o fogo[8]: já não possui a mesma forma, aroma se dissipa, o tamanho aumenta, torna-se liquida, fica quente, já não produz som. A mesma cera ainda permanece? Descartes vai dizer que permanece. Tudo que foi percebido pelos sentidos (olfato, vista, tato) se modificou, mas a cera permanece. Mesmo após a cera, diante dos sentidos, seja modificada ainda tenho a certeza de que a cera permanece, o que resta então: algo extenso, flexivo, mudável. Coisa que não pode ser alcançada pela faculdade de imaginar.

“O que é o extenso?” [9] vai perguntar referindo a cera. Pois sua extensão não é conhecida por nós. Ela aumenta quanto mais tempo passa diante do calor. Quanto mais calor mais aumenta a extensão da cera. O meu juízo sobre a cera não seria reto (correto ou certo) se eu não admitisse a todas suas variedades, segundo sua extensão, jamais seria abarcada pela imaginação.

Possa ser que eu não possa imaginar o que essa cera é: só a mente percebe. Uma cera em particular. Mas, o que é essa cera que só a mente percebe? É a mesma que seguro, que toco, imagino, a mesma que desde o inicio eu julgava ser. Ora, o que deve notar é que sua percepção ou a ação pela qual é percebida não é um ato de ver, de tocar, de imaginar e nunca foi, mas se trata de uma inspeção da mente, que pode ser imperfeita e confusa ou clara e distinta cada vez que presto a mesma ou mais atenção às coisas de que se compõe.

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