Resenha Crítica: O QUE É ÉTICA
Artigos Científicos: Resenha Crítica: O QUE É ÉTICA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Andressa1996 • 21/5/2014 • 2.049 Palavras (9 Páginas) • 396 Visualizações
Alvaro L. M. Valls
O QUE É ÉTICA
Coleção Primeiros Passos - Nº 177
ISBN 85-11-01177-3 - Ano: 1994
Editora Brasiliense
Sobre o autor
Graduação em Filosofia pela Faculdade de Filosofia N. Sra. Medianeira (1971), mestrado em Filosofia - Universitat Heidelberg (Ruprecht-Karls) (1977) e doutorado em Filosofia - Universitat Heidelberg (Ruprecht-Karls) (1981). Professor Adjunto 4 aposentado da UFRGS. Atualmente é professor titular 1 da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: Kierkegaard, socratismo, filosofia dinamarquesa, ética, Nietzsche e ironia. Traduziu vários livros de Kierkegaard do original dinamarquês, e de Adorno, do alemão.
Capítulo I
Os problemas da ética
O autor inicia seu livro alegando que a ética é uma daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar quando alguém pergunta; e isso provavelmente ocorra devido à complexidade da mesma.
A ética é tradicionalmente entendida como a ciência que estuda os costumes e ações humanas, e pode ser também a própria realização de um tipo de comportamento. Através da ética é possível abordar tanto os campos normativos e descritivos como os especulativos ao tratar de questões fundamentais como a liberdade e associados a esta problemas como do bem e do mal, de lei, da consciência moral dentre outros. Valls destaca que a ética se diferencia dos outros ramos do saber, mas que também se funde a eles, pois os problemas na prática da vida ocupam mais de uma dimensão simultaneamente.
No primeiro capítulo o autor mostra a maneira tradicional e a moderna em que os povos agiam diante da ética e da moral. Um problema fundamental da ética que surge ao relacioná-la com os costumes, é que estes variam constantemente, sendo assim o que antes era errado hoje pode ser aceito.
Evidentemente tendo à ética também função descritiva, é preciso que se procure conhecer esses costumes das diferentes épocas e lugares se apoiando em estudos de antropologia cultural, e reflexão teórica.
Os costumes podem ser reconhecidos através da história dos povos e de como eles viviam e se comportavam, ou seja, quais normas políticas vigoravam naquela época etc. É possível que se descubra a ética vigente de uma determinada sociedade através de documentos escritos, pinturas, esculturas, tragédias e comédias e formulações jurídicas, como as do direito Romano, às leis de Esparta e Atenas.
Não são apenas os costumes que variam, mas também os valores que esses carregam, os próprios ideais de um povo para o outro e conforme o tempo.
A obra de Álvaro Valls destaca dois grandes nomes do estudo ético, o grego antigo Sócrates (470-399 a.C.) e o alemão Kant (1724-1804).
Sócrates condenado a beber veneno, acusado de seduzir a juventude e desprezar as leis da pólis. Porém Sócrates obedecia às leis, mas as questionava em seus diálogos perguntando se estas leis eram justas. Tais questionamentos eram intoleráveis para o conservadorismo grego, contudo séculos depois Sócrates foi chamado “o fundador da moral”. Sócrates de certa forma chega a abandonar o estudo das ciências da natureza para ocupar-se exclusivamente consigo mesmo e seu agir. Devido a isso para muitos, é considerado o primeiro pensador da subjetividade.
Kant buscava uma ética que se apoiasse na igualdade dos homens, sendo esta fundamental para o desenvolvimento de uma ética universal. Ele busca encontrar no homem as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir livre. Kant entende que ética depende da igualdade humana, e busca sempre uma moral igual para todos, uma moral racional, a única possível para todo e qualquer ser racional. Esta não se interessa essencialmente pelos aspectos exteriores, históricos e empíricos “(...) a moral é a racionalidade do sujeito (...) porque é dever, eis o único motivo válido da ação moral” (pág.20)
Nesta visão legalidade e moralidade se tornam extremos opostos, e diante de cada lei, comando, de cada costume, o homem é obrigado para ser livre a se perguntar qual é o seu dever, e agir somente de acordo com este. Para Kant o homem deve agir de tal maneira que possa ao mesmo tempo querer que a máxima de tua vontade se torne lei universal.
Capítulo II
ÉTICA GREGA ANTIGA
O segundo capítulo inicia-se com uma reflexão sobre o bem moral, na busca de um princípio absoluto de conduta, na visão de Platão e Aristóteles.
Platão (427-347 a.C.) que foi o grande sistematizador entre os discípulos de Sócrates, em seus diálogos escritos parte da ideia de que todos os homens buscam a felicidade; dizia: "Os homens deveriam procurar, então, durante esta vida, a contemplação das ideias, e principalmente da ideia mais importante, a ideia do Bem" (pág.25) Platão diz que através da dialética deve-se contemplar as ideias mais altas, principalmente as de Ser e de Bem.
Para o filósofo o homem deve procurar descobrir uma escala de bens que o ajudem a chegar a um Bem Absoluto. O sábio é o homem virtuoso que adequa sua vida pessoal às ideias supremas, que se submete a razão e deixa o mundo do aqui e agora para contemplar o mundo ideal, imutável e eterno.
Aristóteles (384-322 a.C) filósofo da mesma estatura de seu mestre Platão, foi um grande pensador especulativo e profundo psicólogo, além de levar muito a sério a observação empírica. Aristóteles também parte da ideia de correlação entre Ser e Bem, mas entende que existem vários tipos de seres e vários tipos de bem. Assim o filósofo pesquisa sobre os bens em concreto para o homem tornando sua ética finalista e eudemonista.
Sendo assim Aristóteles não isola muito bem a ideia de Bem supremo, pois sabe que o homem como ser complexo não
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