Resenha: O Mundo de Sofia
Por: 123deoliveira20 • 8/11/2017 • Dissertação • 3.798 Palavras (16 Páginas) • 1.958 Visualizações
O presente livro busca fazer uma apresentação dos temas e correntes filosóficos, com uma linguagem acessível e uma história envolvente, fazendo com que o leitor adentre ao conto, mergulhando assim no mundo da filosofia.
No primeiro capítulo “O Jardim do Éden” Sofia Amundsen encontra cartas sem remetente em sua caixa de correio com perguntas sobre a vida e o mundo que a deixam muito intrigada e a fazem pensar sobre quem ela é e como o mundo surgiu, além disso, também encontra um cartão postal destinado a outra menina que ela não conhece.
No segundo capítulo “A Cartola” Sofia recebe outras cartas, agora com conteúdo mais extenso, falando sobre a filosofia e os questionamentos humanos, além da necessidade de se admirar com o mundo sem se acostumar com ele. Tudo isso desperta a curiosidade de Sofia fazendo-a pensar cada vez mais em tudo aquilo que as cartas abordavam.
O terceiro capítulo “Os Mitos” explica, através de outra carta recebida por Sofia, que a humanidade sempre teve necessidade de explicar o mundo e seu funcionamento, criando desse modo os mitos, que são explicações alheias à ciência para as questões profundas feitas pelo homem.
O capítulo “Os Filósofos da Natureza” traz a ideia de que os primeiros filósofos se preocupavam com os processos naturais, como tudo surge; sendo assim, os três primeiros a ser citados são Tales, Anaximandro e Anaxímenes, todos de Mileto, o primeiro dizia que a água seria a substância primordial, por meio da qual tudo surge, o segundo dizia que essa substância seria indeterminada, e o terceiro destacava o ar como tal substância primordial. Parmênides defendia que tudo sempre existiu, nada pode surgir do nada, e também que transformações relevantes eram impossíveis. Já Heráclito acreditava que as transformações são inerentes e necessárias à natureza, além de abordar uma ideia de “logos” ou “Deus”. Empédocles uniu os pensamentos dizendo que tudo que existe é formado não por uma, mas por quatro substâncias: água, ar, fogo e terra que se unem em diferentes proporções. Além disso, existem forças que unem (amor) e forças que separam (ódio). Por fim Anaxágoras acreditava que a natureza era composta por pedacinhos imperceptíveis, aos quais chamou “germes”, esses germes carregavam consigo um pouco de tudo. Para ele existe também uma força que põe ordem em tudo que ele denominou “espírito” ou “inteligência”.
No capítulo “Demócrito” Sofia continua seu “curso de filosofia”, agora analisando o último filósofo naturalista que dá nome ao capítulo. Demócrito foi o pioneiro na teoria atomista que dizia que tudo é formado por uma infinidade de partículas minúsculas que jamais se modificam, mas combinam-se entre si dando origem a tudo que conhecemos, a essas partículas chamou “átomos”. Comparou os átomos também a peças de lego que podem se combinar e formar uma infinidade de objetos. Tudo isso praticamente solucionou os problemas levantados pelos seus antecessores Heráclito, Anaxágoras e Empédocles.
Em “O Destino” Sofia deixa uma carta para o filósofo misterioso pedindo que se identifique. A próxima correspondência deixada por ele mostra a crença dos povos antigos num destino pré-determinado e em um Deus, ou deuses que regiam tudo e determinavam os acontecimentos da vida, bem como a possibilidade de prever tal futuro. Porém alguns historiadores como Heródoto e Tucídides buscavam explicações naturais para os acontecimentos históricos, a partir de então surge também a ciência médica com Hipócrates que buscava a saúde alheio às explicações divinas. Sofia encontra em seu quarto uma echarpe com o nome “Hilde”.
No capítulo “Sócrates” Sofia recebe a resposta da sua carta em que o Filósofo se apresenta como Alberto Knox, porém diz ser impossível eles se encontrarem por enquanto. As próximas cartas virão por meio de Hermes, o cachorro de Alberto. O curso continua explicando sobre os sofistas que surgiram no contexto democrático da Grécia, sendo sábios professores que ensinavam os cidadãos, rejeitavam os mitos e as chamadas “normas absolutas”. Sócrates foi um dos principais expoentes da filosofia grega, mesmo não deixando nada escrito ficou conhecido através de Platão. Ele valia-se da retórica, dialogando com as pessoas, aparentando ignorância e, com perguntas, fazia-as refletir sobre o que era certo e errado, deixando as pessoas incomodadas por serem expostas. Ele se dizia impelido por algo divino a fazer as pessoas refletirem e isso lhe custou a vida, sendo acusado por um júri de deturpar os jovens. O ser enigmático, a falta de escritos próprios, o incômodo que custou a vida, tudo isso lembra também Jesus Cristo. Sócrates era filósofo e não um sofista, pois estava convencido de que nada sabia e sempre buscava conhecimento, não recebia dinheiro por seus ensinamentos e não se considerava um sábio. Além disso, dizia que quanto mais se sabe o que é certo, tanto mais se faz a coisa certa, pois é impossível ser feliz traindo suas convicções.
O capítulo “Atenas” mostra as características históricas e geográficas dessa cidade através de um vídeo que Knox mandou para Sofia. No final do vídeo Platão se dirige diretamente à Sofia, fazendo cinco perguntas muito enigmáticas para ela que a deixam intrigada.
O capítulo “Platão” começa com Sofia tentando responder as perguntas anteriores que pareciam um tanto estranhas. No novo envelope que recebe o curso continua explicando Platão, sua vida e suas ideias, ele se dedicava à relação entre o imutável e o fluido, dizendo que no mundo sensível, tudo flui, tudo muda, porém existe, por trás de tudo isso, a fôrma imutável, ideal, eterna no mundo das ideias. Para Platão nossos sentidos produzem impressões incertas, porem nossa razão encontra verdade real. A alma possui a inquietação de retornar ao mundo das ideias, onde habitava antes de estar no corpo em contato com o imperfeito. Platão exemplifica sua teoria das ideias com o mito da caverna, além de propor um modelo de estado ideal, perfeitamente dividido de forma estamental, onde os filósofos governariam, sendo a cabeça racional, e dando valor às mulheres. Tudo isso entusiasmava Sofia.
Em “O Chalé do Major” Sofia decide entrar na mata pela trilha e procurar Knox, quando avista uma cabana logo entra e a explora, mas quando percebe que o filósofo está chegando sai às pressas levando consigo um envelope branco com o seu nome que achara na cabana. Em casa ela novamente reflete sobre as questões contidas no envelope, além de enviar uma carta de desculpas ao filósofo por ter invadido sua casa.
“Aristóteles” começa com uma carta do filósofo à Sofia dizendo que não se irritou, mas que vai se mudar. O curso continua explicando sobre Aristóteles, que foi aluno de Platão, mas tinha ideias completamente opostas, para ele o mundo sensível é a realidade e as ideias são reflexos disso. Ele diz que não existem ideias inatas, todas surgem após o contato com o mundo sensível. Também explica sobre forma e substância de tudo que existe. Ele classificava as causas em “causa substancial”, “causa atuante”, “causa formal” e “propósito das causas”. Aristóteles também fundou a lógica que consistia em chegar a uma verdade por meio da relação de premissas. Aristóteles separa e a natureza em coisas inanimadas e coisas vivas, as coisas vivas, por sua vez, se dividem em vegetais e seres vivos, os seres vivos em animais e homens; os homens são os mais desenvolvidos dessa cadeia, e Aristóteles também cita a existência de Deus, ou “motor primeiro”. Depois vêm as definições de ética e politica norteando a conduta do homem e a definição e atuação do Estado. A opinião de Aristóteles sobre as mulheres deixa a desejar, haja vista que ele as menospreza e considera como “homens incompletos”. Sofia, impulsionada pelo que aprendeu, percebeu a importância de se ordenar conceitos e coisas, começando por seu quarto e depois por toda a casa.
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