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Resenha do Livro Vigilância Liquida

Por:   •  1/11/2022  •  Resenha  •  1.155 Palavras (5 Páginas)  •  145 Visualizações

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VIGILÂNCIA LÍQUIDA1

José Dantas SOUSA JUNIOR*

Por meio de um diálogo com David Lyon e Zigmunt Bauman (2014) trata em Vigilância Líquida de diversos assuntos ligados à modernidade líquida, como ele mesmo define a sociedade pós-moderna marcada pela liquidez e pelo consumo. Uma modernidade em crescente evolução e fluidez, o que causa transformações nas relações sociais. Em sete capítulos identifica, entre outros temas, o excesso e as novas formas de vigilância, as redes sociais, o que há de positivo e negativo no avanço da tecnologia, além de fazer uma discussão com estudos de outros autores como Marx, Bentham e Focault.

O tema central do livro consiste em saber se a tecnologia consegue trazer uma verdadeira segurança para as pessoas ou se está apenas transmitindo uma falsa aparência que procura dessa forma satisfazer uma sociedade marcada pelo medo e pela incerteza. Procura mostrar como o avanço das relações sociais na internet como o Facebook e outros sites de relacionamento e entretenimento, colocados no mundo virtual e social, transmite uma sensação de identidade e de segurança às pessoas que procuram demostrar suas vidas pessoais e suas intimidades em posts. Bauman e Lyon evidenciam de forma crítica que não devemos colocar a culpa na tecnologia, na internet, pois os computadores não são responsáveis pelo que é colocado na mídia.

A vigilância passou a ser mais intensificada em todo mundo, não só nos Estados Unidos, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Em aeroportos foram instaladas câmeras de segurança e até escâneres de monitoramento que investigam qualquer conduta suspeita, desde a forma de se vestir até o jeito de olhar. Nos shoppings, supermercados e lugares privados aumentaram as técnicas

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* UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal – RN – Brasil. 59078-970 – yjunior2013@ yahoo.com.br

1    Resenha da obra: BAUMAN, Z.; LYON, D. Vigilância líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

José Dantas Sousa Junior

de monitoramento com seguranças armados e treinados para impedir a entrada de pessoas que pareçam estranhas. Ao redor das residências, protegidas por câmeras, alarmes e muros altos, existem empresas de segurança vasculhando as ruas, procurando proteger as pessoas do medo que ronda as cidades. Além disso, há um controle de pessoas no Google, em registros de cartões e em dados biométricos, identificando quem faz parte ou não da sociedade líquido-moderna ou sociedade do consumo. Em Vigilância Líquida, Bauman e Lyon (2014) conseguem trazer uma envolvente análise sobre este novo contexto social mundial.

O primeiro capítulo do livro, o maior deles, com trinta páginas, intitulado “Drones e mídia social”, analisa como tudo que antes era visto como privado passa a ser público com a necessidade das pessoas de consumirem certos bens e de estarem sempre presentes em sites de relações pessoais. A condição de ser observado e visto, portanto, foi reclassificada de ameaça para a tentação e essa condição passou a ser a prova de reconhecimento social, avidamente desejada e significativa. Numa profícua discussão com Lyon, Bauman identifica como funciona o papel dos administradores do facebook e dos drones lançados nas mídias sociais e substitui o termo sociedade por rede. Para Bauman e Lyon (2014, p.46), o papel do facebook e de outros sites sociais é de “[...] trazer a manutenção de um núcleo estável de amigos nas condições de um mundo altamente inconstante, em rápido movimento e acelerado processo de mudança [...]”.

No segundo capítulo – “A vigilância líquida como pós-pan-ótico” – o título dá pistas de uma crítica aos estudos de vigilância de Michel Foucault e de Jeremy Bentham. Bauman vê a vigilância do mundo pós-pan-óptico em outras dimensões, mais além dos pressupostos focaultianos. Analisa que “[...] a construção, manutenção de pan-ópticos foi transformada de passivo em ativo para os chefes, previstas nas leis miúdas de todo contrato de trabalho [...]” (BAUMAN; LYON, 2014, p.61), onde praticamente o próprio trabalhador já se auto-monitora. Faz uma discussão com Lyon sobre o ban-óptico, cujo principal propósito é garantir que o lixo separado do material decente (refere-se à sociedade que tenta por todos os meios conseguir a sua purificação, seja racial, social ou econômica) e identificado e levado a um depósito adequado, onde o pan-óptico se encarregará mantê-lo e de vigiá-lo até o momento que chegue a sua biodegração.

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