Resenha do filme de Freud "Além da Alma"
Por: Virlanda • 23/10/2017 • Resenha • 1.004 Palavras (5 Páginas) • 3.579 Visualizações
Análise do filme de Freud Além da Alma
O filme Freud além da alma retrata as experiências, estudos e observações de Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, durante a formação de sua teoria psicanalítica.
O filme se passa em um período em que os casos de histeria e neuroses eram, por vezes ignorados pelos médicos da época, ou tratados através de procedimentos que não promoviam à cura. Ao contrário de seus companheiros de profissão, Freud se interessou em estudar sobre a histeria, buscando entende-la e, consequentemente, trata-la. Primeiramente, como observa-se no longa-metragem, Sigmund procura uma maior compreensão sobre o assunto, com base na ideologia do psiquiatra Charcot, que através de seus estudos, acreditava que após um grande trauma vivenciado pelo paciente, a mente se dividia em duas, passando a ter dois pensamento simultaneamente, causando um tumulto, e as consequências deste trauma eram refletidas fisicamente no ser humano; descobrira também que através da hipnose poderia eliminar temporariamente os sintomas histéricos, e ainda através deste método, seria capaz de criar outras manifestações de histeria em seus clientes.
Porém, o principal colaborador nas ideias iniciais de Freud foi Joseph Breuer, juntamente com sua paciente, Cecily, que representam um importante papel no filme. Diferentemente das ideias de Charcot, o médico Breuer, considerava que a mente não se dividia, apenas retirava o trauma da consciência, tornando suas lembranças inconscientes. As emoções poderiam ser descarregadas fisicamente, ou, caso contrário, ficavam presas e os sintomas sairiam por um lugar errado. Breuer se utilizava da hipnose para que o evento traumático reprimido, fosse recordado, voltando ao consciente juntamente com toda a emoção anteriormente reprimida, para que os sintomas desaparecessem. A este método dá-se o nome de Método Catártico, e pode ser observado no documentário, quando o médico realiza uma sessão de hipnose com Cecily, fazendo-a recordar do ocorrido com o cachorro bebendo água em sua caneca, logo, curando-a da hidrofobia.
No decorrer do filme, Freud se depara com o caso de Carl, que o assusta. Sob hipnose o jovem relembra ter matado o próprio pai por amor à sua mãe. Ao final da sessão, o médico pede para que o paciente não se recorde de seus relatos, pois o caso provocava sua própria consciência. Este momento está relacionado ao surgimento do Complexo de Édipo. Até que suas ideias sobre este complexo pudessem ser concretizadas, Freud enfrentou vários conflitos com relação aos seus pensamentos e sonhos, e também os de seus pacientes, como Cecily, que não havia sido curada totalmente e também sofria com sonhos estranhos. Sigmund acreditava que estas implicações estavam ocorrendo devido à alguma repressão sofrida antes da adolescência. Prestes a desistir de seus estudos, Freud recebe um incentivo de sua mãe, que o relembra seus antigos pensamentos manuscritos que afirmavam: “...o falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo"; esta mensagem traz uma reflexão para Freud, levando-o a entender seus sonhos e formular a teoria de que durante a infância, “apaixonar-se por um dos pais e odiar o outro figuram entre os componentes essenciais do acervo de impulsos psíquicos que se formam nessa época”. Ou seja, quando uma criança nasce, cria um vínculo com seus pais, na maioria das vezes este vinculo é mais intenso com a mãe, já que é a responsável pelas primeiras sensações de prazer do bebê na amamentação. A partir do momento em que esta criança se sente ameaçada de perder esta pessoa na qual tem o maior vinculo, para outra, geralmente representada pela figura do pai, passa a desejar que seu “concorrente”, morra, desapareça, e não prejudique a sua relação.
Relacionando estes acontecimentos do filme com o Complexo de Édipo, os sonhos no qual os personagens estavam tendo, podem ser compreendidos com o Id, processo primário, formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer, ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo; já a “materialização” desses desejos na realidade do ser humano, é associada ao Ego, processo secundário, que parte do desejo formado no processo primário, também conhecido como princípio da realidade, introduz a razão no comportamento humano. A partir desta concepção, surge o Superego, que, compreendendo os valores morais do ser, designam o que é certo ou errado, de acordo com a consciência moral do indivíduo.
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