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Resenha do livro: Não Nascemos Prontos

Por:   •  23/4/2017  •  Resenha  •  2.237 Palavras (9 Páginas)  •  2.939 Visualizações

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RESENHA

CORTELLA, Mário Sérgio. Não nascemos prontos! Provocações filosóficas. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 134 p.

Credenciais do autor

Mário Sérgio Cortella é doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, filósofo, escritor e professor universitário. Além da obra analisada, o autor possui várias outras obras publicadas, inclusive Ética e vergonha na cara, em coautoria com Clóvis de Barros filho.

Resumo da obra

O livro dentre muitos assuntos trata basicamente de nossa atual relação com o tempo e o que fazemos dele, além da modernidade e seus rumos. É dividido em 31 pensatas curtas e levam a reflexão sobre os temas referidos.

Não nascemos prontos!

Quando nos sentimos plenamente confortáveis com aquilo que vivenciamos possuímos uma tendência ao desleixo, acreditando que atingimos o ponto máximo, não se fazendo necessários quaisquer esforços para seguir adiante.

O ideal seria que ao alcançar tal ponto obtivéssemos impulso para saltos ainda maiores e assim sucessivamente dando continuidade a um ciclo de evolução. A insatisfação é a engrenagem para que novos objetivos sejam alcançados.

Segundo a citação de Guimarães Rosa: “Não convém fazer escândalo de começo, só aos poucos é que o escuro é claro”...é imprescindível que haja paciência para enfrentar as complicações diárias. Fazendo uma ligação com a vida profissional as pressões e metas são inevitáveis quando nos dispomos a vencer desafios, mas a maneira como iremos nos colocar frente a elas faz uma enorme diferença, não ser inseguro e manter a inteligência emocional, assim como utilizar da experiência no trato do inesperado.

Está faltando espanto

Com as inúmeras inovações tecnológicas o que de fato precisa ser inventado? Já não temos tudo que atenda nossas necessidades? Esses são os questionamentos que deveríamos nos fazer continuamente, porém estamos ficando insensíveis perante as novidades.

Até pouco tempo atrás obedecíamos a ditadura do “ter”, atualmente muito mais do que possuir, o objeto demonstração sua importância/necessidade em decorrência do uso cotidiano, a característica de familiaridade é que divide os nichos sociais.

As intermináveis filas para adquirir produtos que não necessitamos demonstram a que ponto o capitalismo chegou, nossa capacidade de escolha está condicionada ao mercado. O fato de não conseguirmos nos espantar faz com que também não consigamos ser criativos, acreditamos que as coisas como estão dispostas são o melhor que poderiam ser e acabamos por dispensar o óbvio. E quando novas construções do cotidiano surgem nos questionamos: Como eu não pensei nisso antes?

Cuidado com a tacocracia

A velocidade dos processos não necessariamente é uma qualidade, no entanto fizemos dela uma necessidade, um parâmetro para aferir se alguma situação ou relação serve ou não serve, é boa ou não.

Acreditamos que o tempo seja pouco e não podemos mais desperdiçá-lo, mas não fazemos uso dele com coisas que são realmente necessárias.

O naufrágio de muitos internautas

Inicialmente há uma observação sob o abandono de uma língua, o latim, quando ignoramos algo, ignoramos também o que poderíamos aprender, René Descartes é autor de uma célebre frase que resume muito bem esta situação: “Daria tudo que sei pela metade do que ignoro”. As raízes de algumas línguas em uso até os dias atuais se encontram no latim, por vezes não compreendemos certas questões linguísticas e o cerne da discursão se encontra uma “língua morta”.

Vive-se a era do conhecimento graças à internet, no entanto o conhecimento exige um grau de seletividade e o que nos é fornecido é apenas informação, que podemos ou não transformar em conhecimento. É necessário que se tenha um critério, saber o que se procura para então selecionar, no caso, através da informação é possível chegar ao conhecimento, porém os dois não devem ser confundidos.

O ditado chinês já nos prevenia quanto a isso: “Quando se aponta a lua, bela e brilhante, o tolo olha atentamente a ponta do teu dedo”. O dedo em sentido conotativo é o caminho para o conhecimento, a informação, e a lua em si o próprio conhecimento, assim como em outras pensatas esta evidencia como nos distraímos durante o percurso e não conseguimos finda-lo.

Memória fugaz, história veloz

Mais uma das pensatas que trata sobre tempo e informação, o enfoque aqui é a velocidade e processamento das alterações cotidianas, assim como possui uma ligação direta com a pensata anterior falando da nossa dedicação e atenção frente aos acontecimentos. Atualmente existe um bombardeamento de informações, fugazes ou de extrema importância que se misturam e a necessidade de selecionar o melhor meio é cada vez mais presente.

Nada do que é humano me é estranho?

As respostas de Marx aos questionamentos de sua filha demonstram suas crenças quanto a um ideal de fraternidade, na contemporaneidade a humanidade caminha na “estrada” do narcisismo e a frase nada do que é humano me é estranho, perde o sentido. A comédia referida, no entanto, possui um sentido contrário ao que é o filósofo, muito mais próximo a nossa realidade, propõe que temos direito a opinar na vida de outrem e isso ficou tomou uma proporção tão grande que temos os reality shows em que assistimos, julgamos e decidimos as ações daqueles que aceitem se submeter a esses termos.

Na pensata também é perceptível como o nível de empatia é maior por animais do que por humanos, é recomendado possuir bichinhos de estimação como uma terapia, assim como se afastar do estresse, este causado no convívio com outros seres humanos.

Descanse em paz?

A reflexão é quanto a não produzirmos recordações já que estamos tão preocupados em tentar resolver a própria vida. É um exercício cultural e de humanidade velar os mortos, não refletimos mais quanto a vida, deixamos de velar no sentido de tomar de conta, para velar no intuito de ocultar. Com o esquecimento do luto perdemos a chance de fazermos perguntas sinceras a nós próprios quanto a real importância que damos a coisas e situações.

O futuro saqueado

Muito mais do que bradarmos que não haverá futuro, estamos por garantir isso quando conscientemente agimos sem nos importar com o futuro que deixaremos. Queremos que as gerações seguintes vivam, mas sempre alegamos que os fazem de maneira equivocada, ora se não é com o tempo que se adquire experiência? Quando possuíam a mesma idade tinham a total consciência e certeza sob tudo aquilo faziam? Obviamente que não, como o próprio tema do livro nos relembra não nascemos prontos e é desgastante que as comparações entre épocas diferentes aconteçam, pois muito mais do que mudança das pessoas, as condições e conhecimentos também são outros.

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