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Resenha obra Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas, de Yves de La Taille.

Por:   •  8/10/2021  •  Resenha  •  1.496 Palavras (6 Páginas)  •  308 Visualizações

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Resenha Crítica

Obra: Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas, de Yves de La Taill.

O objetivo do presente estudo, é realizar uma resenha crítica quando ao contido na obra Moral e Ética: Dimensões Intelectuais e Afetivas, do autor Yves de La Taille. Em um primeiro momento, é possível compreender que o foco do autor é a reflexão acerca dos processos mentais que o indivíduo faz uso para lançar mão de seus princípios morais. E para alcançar tal foco, faz uso da análise de quatro teorias utilizadas pelos filósofos Durkheim e Freud, quais sejam, heterônoma, relativista e moralidade, com a finalidade de estabelecer a escolha de cada uma com o intuito de proporcionar o que o autor entender ser qualidade de vida, isto é, como fonte de moralidade, a razão é utilizada por Piaget e Kohlberg.

Neste contexto, a análise realizada pelo autor, se utiliza de elementos essenciais para a experiência humana psicológica, com o objetivo de que a vida tenha um sentido e que este a deixe “boa”, como a experiência subjetiva de bem estar; a transcendência desta experiência tanto de prazer, como do aqui-agora, lavando-se em conta que o todo que faz sentido; considerar a si mesmo como um indivíduo de valor, capaz de se desenvolver e ter auto-respeito uma vez estar intimamente ligado a valores morais, o que para o aturo não corresponde a ter uma boa auto-estima, posto que esta não está fatalmente ligada a valores morais.

Assim, o auto-respeito é tratado pelo autor como um sentimento que faz a ligação entre a moral e a ética, contudo, para isso, se faz necessário a presença de três sentimentos, que são a justiça, a generosidade e a honra, que fundamenta a avaliação positiva de sua trajetória e de si mesmo, ou seja, os dois primeiros sentimentos, detém a busca de simetria nas relações interpessoais, e por sua vez, a honra, conferi legitimidade ao indivíduo que age em conformidade com os princípios que se sente representante.

Em seu segundo capítulo, a obra objeto desta resenha, faz menção a dimensão intelectual do saber moral, estabelecendo como aspectos principais o conhecimento dos valores, princípios e regras; a capacidade de proferir um juízo moral; a capacidade de reflexão, bem como, a de tomar consciência das sentenças elaboradas pela razão própria; e por fim, ter a sensibilidade necessária para se colocar além do visível imediato, como também, ser capaz de inferir e interpretar. Neste ponto, observa-se que a gênese do juízo moral apresentada pelo autor, teve como base o estudo de Piaget, que rompeu as barreiras tradicionais, que consideravam esta capacidade apenas como a internalização de valores, conquistados quando do aprendizado.

Contudo, verifica-se que para o aturo, a moral se encontra em trajetória intimamente ligada as operações mentais, que podem ser encontradas na lógica das crianças, onde se inicia o estágio de anomia que, como o próprio nome indica, refere-se as normas que regem a conduta como não sendo morais e que, passando pela heteronomia, são os juízos, expostos com base na obediência ás normas impostas pelos indivíduos que detém autoridade e, também, com atenção especial para os aspectos concretos relativos a consequências das ações, invés de intenções para, ao final, se estabelecer a autonomia, o que fatalmente é atingido por todos da sociedade.

Nesta seara se inicia a moral autônoma, através do questionamento da aplicação de norma pela norma, uma vez que o indivíduo acredita que o importante é se atentar aos princípios subjacentes à norma, a exemplo da justiça, como também, na intenção do ato em juízo.

Além da complexidade da inúmeras operações mentais, até aqui expostas, a evolução do ser humano depende das relações sociais simétricas, que normalmente, tem como base a reciprocidade e a cooperação, sendo esta mais provável quando os indivíduos se apresentarem com a mesma idade.

Muito embora o autor atribua imenso valor ao trabalho de Piaget, este ressalta o entendimento de que o pensador tenha deixado de lado um importante aspecto da moral, que são os valores, que para ele, conferem coerência e coesão às regras. Assim sendo, o autor acredita que o trabalho de Kolhberg tem o condão de preencher a lacuna deixada por Piaget, uma vez que identifica demais estágios contidos no âmbito da heteronomia e autonomia, postulando-os em três estágios, quais sejam: o pré-convencional, que por sua vez é dividido em dois níveis, diferenciados por uma relativização crescente dos julgamentos, que anteriormente eram baseados somente na avaliação das consequências; o convencional, que encontra-se também estabelecido em dois níveis, a aceitação à norma é relacionada no grupo da qual emana, não só pelo firmamento do mesmo, mas também pela garantia de sua estabilidade; e em um último nível, o pós-convencional, encontra-se edificado na verificação da definição dos valores e regras pessoais, que independem da presença da autoridade do grupo, alcançando a escolha e anuência à princípios que se mostrem éticos universais, e que realizam a  orientação para o que é a justiça, a igualdade, a reciprocidade e o respeito ao outro.

Para finalizar o capítulo, o autor, realiza uma análise acerca do papel do conhecimento na conduta moral que, assim como proposto por Turiel, que pleiteia a existência de domínios de conhecimentos sociais, como pessoal, convencional e moral, onde poderiam ser particularizados pela criança ainda pequena. Ato continuo, o autor, realiza um questionamento acerca desta divisão em domínios realizada por Turiel, uma vez que a maioria das virtudes morais, a exemplo a generosidade não se enquadraria apenas em um domínio, mas sim em vários.

Deste modo, no último capítulo, de título “Querer fazer moral: a dimensão afetiva”, o aturo se propõe a fazer uma análise do vínculo entre moral e ética, situando-as na mesma dimensão por intermédio do autorespeito, onde a construção será o objeto privilegiado.

Diante disso, o autor estabelece o capítulo em duas partes, sendo a primeira dedicada ao despertar ou gênese do senso moral, que se relaciona como sendo o período no qual as crianças ainda não se encontram inspiradas pelo auto-respeito, mas sim pelos sentimentos de medo e amor, que, quando incitadas pelo mesmo indivíduo, via de regra os pais, se transformam em respeito, e, portanto, passam a exercer obediência sobre as normas por eles estabelecidas. Contudo, entende o autor que estes sentimentos não são suficientes para estabelecer um conceito quanto a moralidade, como restou estabelecido por Piaget, para ele resta ainda a mediação de outros sentimentos.

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