SEMINÁRIO TEOLÓGICO EPISCOPAL CARISMÁTICO
Por: thiagojqc • 16/10/2018 • Projeto de pesquisa • 2.121 Palavras (9 Páginas) • 344 Visualizações
SETEC – SEMINÁRIO TEOLÓGICO EPISCOPAL CARISMÁTICO
Disciplina – ÉTICA CRISTÃ
Professor – Válter de Siqueira Sales
Módulo I – Embasamento Filosófico
Módulo II – Ética no Contexto Bíblico
MÓDULO II
I. ÉTICA NO ANTIGO TESTAMENTO (Preliminares)
A) Definições
Vários ideólogos têm-se expressado sobre o conceito de Ética Cristã. Quatro deles são aqui destacados, não sendo, é certo, os únicos que mereceriam menção.
- L. S. Keyser – “Ciência que trata das origens, princípios e práticas do que é certo e do que é errado à luz das Santas Escrituras, em adição à luz da razão e da natureza”.
- Georgia Harkness – “Um estudo sistemático do modo de viver exemplificado e ensinado por Jesus, aplicado aos múltiplos problemas e decisões da existência humana”.
- H. H. Barnette – “Explanação sistemática do exemplo e ensino morais de Jesus aplicados à vida total do indivíduo na sociedade, e realizados com o auxílio do Espírito Santo”.
- Emil Brunner – “A ciência da conduta humana, determinada pela conduta divina”.
B) Alvo da Ética Crista: A VONTADE DE DEUS
Fazer a vontade de Deus é o alvo mais elevado a ser fixado pelo ser humano. É um tema que permeia toda a Bíblia. Lê-se no Salmo 19.7 – “A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma”. A lei é a expressão da vontade de Deus para seu povo, Israel. No Novo Testamento, esta idéia se reafirma e se perpetua. Na oração-modelo, por exemplo, Mt 6.10 – “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Numa das horas mais profundas da vida de Jesus e da humanidade, Mt 26.42 – “Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”.
C) O Soberano Bem: A VONTADE DE DEUS
A vontade de Deus é o que há de melhor, tanto para o próprio Deus como para seus filhos e seguidores. A manifestação da vontade é um componente ético,
ou carreia em si um componente ético. É ação consciente praticada pelo homem.
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É uma como garantia de conduta ideal. Fazer a vontade de Deus é, assim, assemelhar-se a Ele na sua maneira de ser e de viver. Propicia felicidade ao ser humano, experiência que começa na terra e se projeta na eternidade.
D) A Inclusividade da VONTADE DE DEUS
A vontade de Deus abrange todas as áreas da vida de seus filhos. Áreas como: familiar, profissional, econômica, política, religiosa; todas, seja na esfera pessoal, seja na esfera social.
É um erro, de sérias consequências, departamentalizar ou fragmentar a vida. Há na vida humana áreas que são “incomunicáveis”. A vida religiosa circunscreve-se aos domingos. A vida profissional, aos dias úteis da semana. A ética religiosa fica de fora, quando deveria permear todas essas áreas, em todo o tempo. Deus não faz diferença entre dias e dias... Todos são santos. Um deles, o primeiro dia da semana, é especialmente reservado para o serviço de adoração.
No passado, fazia-se distinção entre sacerdócio e laicato. O sacerdócio era visto como superior ao laicato. Para a Ética Cristã, “todas as profissões honestas são santas, embora o Ministério da Palavra de Deus seja especialmente santo”.1 O Apóstolo Pedro – 1Pe 2.9, 10 – lança luz a esta questão, ligada ao binômio sacerdote e leigo: “Vós sois... sacerdócio real...”, agora que “sois povo de Deus”. Esta é a receita da Ética para nos tornemos um mundo (humano) melhor.
E) O Campo da Ética Cristã
Há quem delimite o campo da Ética Cristã ao indivíduo, excluindo, assim, a sociedade de que ele faz parte. Outros há que se preocupam em demasia com os problemas de natureza social, tanto que negligenciam as necessidades espirituais do ser humano. Neste caso, o cristianismo fica reduzido a um mero programa social. Foi este o equívoco da ala esquerdista da teologia liberal norte-americana. Para os defensores dessa posição, “o reino de Deus tendia a identificar-se com a perfectibilidade humana e com o progresso social”.2
A Ética Cristã visa tanto o indivíduo quanto a sociedade. Em qualquer esfera da sociedade há uma mensagem da natureza humana individual. Essa mensagem fundamenta-se no caráter espiritual do indivíduo e ancora-se essencialmente nas Sagradas Escrituras.
Em síntese, pode-se dizer que a Ética Cristã se preocupa, num plano primário, com as necessidades espirituais do ser humano, seu destino após a morte, mas, nem por isto, desvanece de seu cuidado em relação aos problemas da vida terrena em que o homem está inserido. O ser humano não deve ser visto fora do seu contexto social, pois que é essencialmente um ser relacional. Há para esta assertiva apoio tanto da Filosofia quanto da Bíblia. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) dizia: “O homem é, por natureza, um animal político (é, então, também sociável). Aquele que, por natureza, não possui estado, é superior ou mesmo inferior ao homem, quer dizer: ou é um Deus ou mesmo um animal”.3 Afirmou, portanto, ser o homem um “Animal político” – “o ser humano caracterizado por sua inclinação
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natural, necessária e universal para a sociabilidade, e para a formulação de normas, valores e idéias que organizam a vida coletiva” (Houaiss). Na Filosofia Política de Aristóteles, o homem é também definido como animal racional. Afirma ele que “o homem é o único animal que possui razão. A razão serve para indicar-lhe o útil e o pernicioso, portanto também o justo e o injusto”.4 Tomás de Aquino trata como inevitável a sociabilidade, quando lhe aponta apenas três exceções: Infortúnio, Purgação e Elevação espiritual.
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