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Por:   •  2/3/2015  •  4.931 Palavras (20 Páginas)  •  189 Visualizações

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SOLIDARIEDADE: os limites e as resistências

Antônio Paulo Rezende

Resumo

A retomada das práticas de solidariedade constitui uma forma de resistir ao

individu alismo exage rado que toma conta das relações sociais na

contemporaneidade. Não se trata apenas de uma questão política, de pensar

que o poder deve ser div idido para que se tenha a autonomia como

princípio básico para se vive r a cidadania. A retomada de práticas que

estimulem a solidariedade é, antes de tudo, um caminho para se mant er o

social, para garantir a história, para se evitar a fragmentação, para nos

reconhecermos no outro. Desse modo. a idéia de solidariedade tem que

dialogar com seus significados históricos (a importância do coletivo , dos

interesses públicos, da capaci dade de repartir e comemorar, a possibi lidade

de pensar na dimensão da generosidade), para assim poder retomar o

projeto da modernidade não como imagem inconfundível do capitalismo,

mas como lugar de exercício da autonomia,

Palavras-chave

Solidariedade. Autonomia social, Convivência democrática,

SOLIDARlTY: limits and resistances

Abstract

l he resurgence of solidarity practices con stitutes a fonn of resist ing the

exaggerated individualism that takes ove r the social relationships in

contemporary societies. The point here is not mereJy a politicai one, i.e., to

sustain lhe bel ief in sharing the politicai power in ord er to keep the idea of

autonomy as the core principie for experiencing citizenship. lhe

resurgence of practices that stimulate solidarity is, first of ali, a way to

maintain socia l cohesion, to guarantee historical perspect ive, to avo id

social fragmentation, as welJ as to make room for mutual recognition.

Thus, the idea of solidarity has to dialogue with its historical meanings

(with the importance of collectivity, of public interests. of the capacity to

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Amômc Paulo Rezende

share and to celebra re, of the possibility to think from the perspective of

genercsity), 50 as to resume the modemit y project not as lhe unmistakable

image of capitahsm, but as a place for lhe exercise of autonomy.

Keywcrds

Solidarity. Social autonomy. Democratic life.

o fim de uma tradição não significa

necessariamente que os conceitos

tradicionais tenham perdido seu

poder sobre as mentes dos homens .

Hannab Arendt

1 Significados, contradições

As palavras têm histórias e significados. Elas não surgem

deslocadas de um tempo e de um espaço. São construidas em resposta às

necessidades das experiências humanas e do desejo de compreender o

mundo com seus mistérios e as suas perguntas. Quando damos nomes às

coisas, às pessoas, aos sentimentos, às descobertas, estamos revelando uma

compreensão, criando significados antes desconhecidos, ou socializando

conhecimentos. Por isso, as palavras têm sua materialidade e um poder de

invenção que contagia a história, relacionam-se com experiências vividas,

com sonhos e projetes . Elas são representações que sintetizam o fazer

humano e, ao mesmo tempo, articulam e movimentam sua sociabilidade.

Quando a sociedade esvazia o significado das palavras, perde a

consciência histórica da sua importância, termina por dificultar a

comunicação entre as pessoas. É um sinal de que mudanças precisam ser

feitas. Por isso, a construção da história é, efetivamente, acompanhada da

construção de uma linguagem, sem a qua l não haveria cultura, nem

tampouco história, nem tampouco vínculo social. É importante ver, com

clareza, que as trajet órias da cultura estão entrelaçadas com as trajetórias

da história, para compreendermos o constante e dinâmico diálogo entre

permanência e mudança que condiciona a construção da história. Se a

existência de regras define a ordem social, não podemos esquecer que a

possibilidade de transgredi-Ias não está dissociada da vida social. É nesse

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Solidariedade: os limites e as resiSIl!ncias

diálogo da permanência com a mudança, da transgressão com a ordem, que

as relações entre pessoas ganham significados. Octávio paz (1994, p. 57)

ressalta que: "No sabemos en dónde empieza el mal, si en las palabras o en

las cosas, pero cuando las palabras se corrompen y los significados se

vuelven incicrtos, el sentido de nuestros actos y de nuestras obras tarnbién

es inseguro."

Apesar

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