Trecho Livo A Istoria De Israel
Pesquisas Acadêmicas: Trecho Livo A Istoria De Israel. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lilianema19 • 10/6/2014 • 626 Palavras (3 Páginas) • 261 Visualizações
Todavia, nem a estratégia de estabelecer grupos dominantes em torno das
engrenagens do poder nas sociedades agrárias, nem as técnicas desenvolvidas pela
instituição religiosa para organizar os fundamentos da fé eram comparáveis à política
identitária que começou a tomar forma com o desenvolvimento dos estados-nações no
final do século XVIII. Mesmo que, como mencionamos mais acima, a preguiça de
inventar novos conceitos, combinada aos interesses ideológicos e políticos aos quais a
plasticidade dessa terminologia fosse perfeitamente conveniente, tenha levado a apagar
totalmente as profundas diferenças entre o presente e o passado, assim como as do
mundo antigo agrário e do novo universo industrial e comercial no qual ainda vivemos
hoje.
Nos textos pré-modernos, históricos ou outros, o vocábulo “povo” era atribuído a
grupos possuidores de características diversas: podia tratar-se de tribos poderosas, de
sociedades vivendo sob o regime de pequenas realezas ou de pequenos principados, de
comunidades religiosas de tamanhos variados, ou, ao contrário, de classes desfavorecidas
à margem das elites políticas e culturais (por exemplo, o “povo da terra” em hebraico).Do “povo gaulês”, no final do mundo antigo, ao “povo saxão”, no território alemão do
início dos tempos modernos; do “povo de Israel”, na época da redação do Antigo
Testamento, ao “povo de Deus”, ou God’s People, da Europa da Idade Média; dos grupos de
camponeses que falavam dialetos semelhantes às multidões urbanas revoltadas, a
denominação “povo” foi correntemente aplicada a grupos humanos cujas fronteiras
identitárias permaneciam imprecisas e cambiantes. Com a expansão das cidades e o
início do desenvolvimento de meios de transporte e de comunicação mais evoluídos na
Europa Ocidental do século XV, traçaram-se linhas de demarcação mais nítidas entre os
grandes grupos linguísticos. A noção de “povo” foi pouco a pouco reservada a esses
últimos.
Com o surgimento da ideia de nação entre o final do século XVIII e o início do século
XIX, é interessante notar que essa mesma ideologia e essa mesma metaidentidade
circunscrevem todas as culturas da época moderna que, sem cessar, precisaram usar o
termo “povo” para colocar essencialmente em destaque o grau de antiguidade e a
continuidade da nação que ajudaram a construir. Na medida em que a construção de
uma nação quase sempre tem como base elementos culturais, linguísticos ou religiosos,
resíduos das etapas históricas anteriores, o fato de vincular a “história dos povos” a esses
materiais, readaptados segundo as necessidades, lhe propiciava um caráter científico
característico. O “povo” se torna a ponte entre o passado e o presente, lançada acima da
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