ÉTICA
Exames: ÉTICA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 17/3/2015 • 2.436 Palavras (10 Páginas) • 174 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO
9º A NOTURNO
ÉTICA DOS BENS
INTRODUÇÃO
Precipuamente ética e história se entrelaçam de duas formas diferentes: com a vida concreta e com a moral dentro dela e com sua própria história, já que cada doutrina é uma continuidade com a anterior.
As várias doutrinas éticas se desenvolveram ao longo da história, sempre foram respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens em tempos remotos e no cotidiano da atualidade.
ÉTICA DOS BENS
A ética material pode ser considerada como ética dos bens e ética dos valores.
A ética dos bens é aquela que torna a moral dependente dos bens reais, que são objetos de estimação do homem, ou dos bens ideais, que são objetos finais de sua estimação ou aspiração. Bom, portanto, é tudo quanto permite ou auxilia o alcance desses bens ou fins.
Tais são o prazer, a felicidade, a utilidade, a cultura, o fortalecimento da vida, etc.
As principais correntes da ética dos bens são: o hedonismo (dehedonai, palavra grega, que significa «eu me deleito»), que torna o moral dependente do prazer sensível. Os cirenaicos defenderam essa doutrina que, esporàdicamente, surge na obra de alguns autores materialistas.
O eudemonismo (de eudaimonia, que significa felicidade) tem como fim a felicidade espiritual, o estado de contentamento da alma. Foi essa doutrina defendida por Sócrates.
O utilitarismo é a doutrina que defende a moral pela utilidade ou bem-estar do individuo ou da coletividade.
O perfeccionismo afirma que o moral está na plena realização da essência humana, na perfeita condução, segundo a natureza racional do homem. Era essa a opinião de Aristóteles.
O naturalismo prega o pleno desenvolvimento de todas as inclinações e impulsos da natureza humana, como fato de moralidade.
O evolucionismo afirma que o progresso da humanidade é o fim determinante da moralidade.
A ética religiosa afirma que a moralidade está na conformidade com a vontade de Deus, e o mal é rebelar-se contra essa vontade.
Outra divisão, que se pode fazer sobre a ética dos bens, consiste em fundá-la no destino que se dê aos bens ou fins a que se aspira: se tendem para o indivíduo temos o individualismo, se para a comunidade, temos o universalismo. O individualismo é egoísmo, quando o que atua quer ser útil a si mesmo; é altruísmo, quando quer favorecer a outros. Por isso, pode haver um individualismo altruísta, quando se destinam aos indivíduos da coletividade os bens ou fins desejados.
Critica-se a ética dos bens, em todas as suas tendências, porque não explica a moral, por já a aceitar previamente como dada.
DOUTRINAS ÉTICAS
1.Ética Grega
Ela estabelecia a valorização da razão, influenciando o desenvolvimento das pessoas rumo a conquista da suposta felicidade. Os seus autores estabeleceram parâmetros, que balizaram valores para as práticas morais de suas sociedades.
(Os Sofistas)
Embora os Sofistas, sábios da Grécia do século V a.C., com sua prática de persuasão e argumentação, foi de grande contribuição à crescente atividade política da época, dificultou o estabelecimento de normas universalmente válidas.
(Sócrates)
Sócrates (470-399 a.C.) propõe então o conhecimento do homem como fim em si mesmo, e a virtude da busca do conhecimento do “bem”, do “bom”, da “felicidade da alma”. Tudo isso traduzido na prática do convívio da sociedade.
(Platão)
Platão (427-347 a.C.) ao contrário de seu mestre Sócrates, acreditava na necessária integração da razão a uma sociedade política ( a “Polis” grega), dividida em três classes sociais, orientadas por três virtudes: A) a dos governantes filósofos que exerciam a prudência com a máxima da razão; B) a dos guerreiros, guiados pela força da vontade e do ânimo; e C) a dos artesãos e comerciantes, guiados pela virtude da temperança.Dessa forma, articulados se transformariam na harmonia da justiça, virtude última indicada por Platão.
(Aristóteles)
Para Aristóteles (384-311 a.C.) as ideias só existem nos homens, nos indivíduos concretos.Aquele ser em potencial cujo fim último é a felicidade, realizada pela contemplação do aprendizado de alguns hábitos e exercício de algumas virtudes intelectuais e outras práticas, gerando um equilíbrio para o indivíduo e seu grupo, por exemplo: a justiça estaria na ponderação entre o egoísmo e o esquecimento de si.
2 Ética Cristã Medieval
A ética cristã parte de um conjunto de verdades reveladoras a respeito de Deus. Este é considerado criador do mundo e do homem, concebido como um ser pessoal, bom, onisciente e todo-poderoso. Dessa maneira o que o homem é e o que deve fazer define-se em relação a Deus.
A essência da felicidade (beatitude) se baseia na contemplação de Deus e de suas verdades reveladas; dessa forma, o homem vive e se expressa em relação à existência de Deus.
A prudência, a fortaleza, a temperança e a justiça, definidas por Platão, para regular as relações entre os homens, seriam acrescidas da fé, esperança e caridade para regular as relações com a divindade.
Numa sociedade repleta de desigualdades, o cristianismo propõe a igualdade entre os indivíduos, e a solução dos seus problemas para além da morte. Essa igualdade é colocada num plano transcendente na Idade Média, para justificar a criação de sociedades hierarquizadas.
3 Ética Moderna
O homem adquire um valor concreto, a partir do Século XVI, sensível e prático e não só espiritual, pois Deus deixa de ser o centro, e o indivíduo se torna o dono e o criador de seus domínios, de suas virtudes, incluindo a moral.
(Kant)
O maior expoente dessa época foi Kant (1724-1804) contribuindo largamente à produção filosófica, científica e ética, sustentando que o objeto é que gira em torno do sujeito.
Isto é, atribuímos características a um objeto, como pessoas que convivemos, refletimos e criamos socialmente, pois é o produto de nossa consciência, é o produto do que já construímos anteriormente.
Para Kant, somos nós que criamos os parâmetros de moral de nossas práticas, pois parte da nossa liberdade e das decorrentes responsabilidades que disso decorre. É o que influenciará a sua concepção de “bom”.
O bom estaria simplesmente na intenção de quem a efetiva, e não na ação em si mesma: é a boa vontade, que se resume em puro respeito ao dever universal.
Assim o agir de um indivíduo precisa prever a consequência para o outro, pois este poderá/deverá retribuir com o mesmo comportamento moral, ou seja, isto para Kant se transformaria numa lei universal.
4 Ética Contemporânea
O movimento ético-filosófico de meados do Século XIX até nossos dias caracteriza-se por:
-contrariar o formalismo e o universalismo abstrato em favor do homem concreto;
-contrariar o absoluto em favor do reconhecimento do irracional no comportamento humano ( ex.: as contribuições da psicanálise);
-evitar a fundamentação transcendente da ética em favor da procura de sua origem no próprio homem;
-resumindo, a existência e a origem do homem por ele mesmo.
(Kierkegaard)
Kierkegaard (1813-1855) é considerado o “pai” do existencialismo.
Muito embora, para ele, o homem busca construir sua existência na liberdade, usa a fé para representar sua relação com Deus, motivo de marcente contraste com sua ética, pois assim, prevê ele, que o homem age por normas gerais e não com autenticidade.
O seu existencialismo preconiza o homem concreto, o indivíduo, a subjetividade que cria.
(Jean-Paul Sartre)
Jean-Paul Sartre (1905-1980), como Kierkegraad também valorizará o existencialismo , com a diferença de ser ateu, o que fortalece sua argumentação: “ se Deus não existe, tudo é permitido”. Dessa forma não se falando em valores, princípios ou normas objetivas ou fundamentos e sim uma sociedade construída, criada pelo homem, com lugar e interesses definidos.
Segundo Sartre, o homem é liberdade. Cada um deve criar ou inventar os valores ou as normas que guiem o seu comportamento.
O que é que determina o valor de cada ato então¿
É a minha liberdade comparada, ou delimitada pela liberdade do outro, é sempre uma escolha, e ao fazê-la não só me comprometo pessoalmente, mas comprometo toda a humanidade.
Dessa forma, admite-se a liberdade como valor supremo, sem transcendentalismos universais, a vida é um compromisso constante de escolhas por parte do indivíduo (na relação com o outro ou em relação ao outro).
(Freud)
A psicanálise trouxe contribuições importantes ao pensamento ético. Freud (1856-1939) considerando que o comportamento moral do homem consciente, obedece a forças ou impulsos, que escapam ao controle de sua consciência, leva a concluir que o ato propriamente moral, é aquele no qual o indivíduo age consciente e livremente, e os atos praticados por uma motivação inconsciente devem ser excluídos do campo moral.
(Marx)
No campo da sociologia e economia política, diz Karl Marx: o homem é criador, produtor, transformador; através do seu trabalho transforma a natureza externa, e ao mesmo tempo cria um mundo à sua medida, constroi uma superestrutura, ou seja, um conjunto de ideias, valores ou normas que regem uma sociedade.
Nesse contexto, a moral cumpriria um fator social e político predominante, numa sociedade fruto de relações de poder entre as classes sociais estruturais, com preponderância dos valores do grupo dominante, que tendem a ser apresentados como universais quando, de fato, são construções históricas.
Conclusão
Nessa visão panorâmica de várias doutrinas da ética e seus autores, foi possível observar como a elaboração filosófica, vem pautando o pensamento ético em conformidade com a realidade social e histórica.
Passamos do forte apelo da razão entre os gregos, para o entrelaçamento entre a ética e a religião na Idade Média, depois para o antropocentrismo racionalista/idealista dos modernistas e, por fim, ao reconhecimento das limitações da produção teórica humana, na ética contemporânea.
Seja por nossos condicionamentos psíquicos, seja por nossas condições sociais, a filosofia e a ciência influenciaram as elaborações da ética para a busca de liberdade do “homem concreto”, fragilizando ideias de intenção universalista.
Podemos então usar a afirmação de Aristóteles, no começo de sua ÉTICA NICOMAQUEIA, em que toma por suposto que a ética não deve ser exatamente um campo de estudo, mas algo a ser posto em prática.
A ética não tem como fim a ciência, mas a ação; e cuja essência só pode ser realizada na sociedade ( na ‘polis’), pois o homem é um animal político.
Referências Bibliográficas
VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1993.
PT.scribd.com/doc/36579887/Algumas-d – acesso em 28/02/2015.
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